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Após briga e reconciliação, Moro estreia em propaganda de Bolsonaro

O então ministro Moro cochicha com Bolsonaro - Foto Evaristo Só/AFP
O então ministro Moro cochicha com Bolsonaro Imagem: Foto Evaristo Só/AFP

Do UOL, em São Paulo

21/10/2022 15h07Atualizada em 21/10/2022 15h19

Após desavenças e uma reconciliação pública no fim de semana, o senador eleito Sergio Moro (União Brasil-PR) estreou hoje na propaganda eleitoral do presidente Jair Bolsonaro (PL) para o segundo turno à Presidência, que disputa contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Os governos do PT foram manchados por escândalos de corrupção. Eu quero poder chegar na minha casa e olhar nos olhos do meu filho e dizer para ele que roubar é errado. Não podemos permitir que o PT, com todos esses escândalos de corrupção, retorne ao poder. Por isso pense muito bem em quem você vai votar, que tipo de lição, que tipo de país você quer deixar para os seus filhos", diz Moro no programa.

Sergio Moro se tornou figura conhecida por julgar as acusações de corrupção contra Lula no âmbito da operação Lava Jato, na 13ª Vara Federal de Curitiba. Moro condenou Lula a 9 anos e 6 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro pelo caso do triplex do Guarujá (SP).

De ministro a desafeto de Bolsonaro. Com a notoriedade, o ex-juiz passou a ser cortejado por partidos políticos e, em 2018, antes mesmo da posse de Bolsonaro já havia sido anunciado ministro no novo governo. Em 2019, assumiu o Ministério da Justiça e da Segurança Pública e deixou o cargo em abril de 2020, após acusar Bolsonaro de interferência política na PF (Polícia Federal).

Ao anunciar sua saída, Moro falou sobre a exoneração do então diretor-geral da PF, Maurício Leite Valeixo, dizendo que "houve essa insistência" da parte do presidente para trocar a liderança da instituição.

"Falei que seria uma interferência política e ele disse que seria mesmo. [...] O presidente me disse mais de uma vez, expressamente, que ele queria ter uma pessoa do contato pessoal dele, que ele pudesse ligar, que ele pudesse colher informações", afirmou.

Lula ficou preso por 580 dias e foi barrado de concorrer às eleições de 2018. Em abril de 2021, a sentença sobre o caso do Triplex e outra condenação — do sítio do Atibaia — foram anuladas pelo STF. Na época, a maioria dos ministros concordou com a incompetência da 13ª Vara Federal de Curitiba para julgar Lula.

Depois, em junho de 2021, Moro foi considerado um juiz parcial pelo STF na condução do processo do triplex do Guarujá.

A reconciliação. Moro demonstrou que havia feito as pazes com Bolsonaro ao participar da comitiva do presidente na ida ao debate da Band, no último domingo (16).

Antes de fazer campanha para senador, Moro tentou se tornar o nome da terceira via nas eleições deste ano, para rivalizar com Lula e Bolsonaro. Ao trocar o Podemos pelo União Brasil, o ex-ministro abriu mão de concorrer ao Planalto e investiu em propagandas e discurso contra o presidente e o petista.

Ao declarar voto em Bolsonaro, disse que Lula era "inimigo comum" tanto dele quanto do presidente, abrindo novamente o caminho de diálogo.

Após o debate, Bolsonaro comparou a aparente reconciliação a uma discussão doméstica: "Você nunca brigou em casa com o marido? Uma briguinha. Acontecem divergências, mas nossas convergências são muito maiores", declarou.