Debate da Globo em SP: o que está em jogo para Tarcísio e Haddad
De um lado, a estratégia da cautela. Do outro, a busca por ataques. Assim chegam, respectivamente, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Fernando Haddad (PT) para o último debate entre os candidatos ao governo de São Paulo. O encontro será promovido pela TV Globo na noite de hoje.
Líder na maioria das pesquisas de intenção de voto, o ex-ministro do presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu a orientação de manter a calma, demonstrar domínio dos assuntos abordados e não cair em provocações do adversário —para a campanha, isso pode trazer prejuízos à imagem do candidato.
Nos últimos dias, Tarcísio tem recebido críticas em razão do episódio revelado, na última terça (25), pelo jornal Folha de S.Paulo. Um áudio que aponta que a campanha mandou um cinegrafista da emissora Jovem Pan apagar imagens do tiroteio que ocorreu na comunidade de Paraisópolis durante uma agenda de Tarcísio.
Já para a campanha de Haddad, a avaliação é de que não falta munição para que o petista consiga deixar o adversário "em uma saia justa". Por isso, ele foi orientado a cutucar Tarcísio sempre que possível com temas nacionais e locais.
Entre eles, estão os casos de Paraisópolis e da troca de tiros envolvendo o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB), aliado de Bolsonaro e líder de um dos partidos que integram a coligação do adversário.
Mais São Paulo, menos Brasil
Os estrategistas de Tarcísio dizem que ele pretende fazer um debate propositivo e buscará trazer temas do estado e propostas em vez de justificar ações de Bolsonaro —algo que deve ser explorado por Haddad.
A ideia, segundo um interlocutor do candidato, é mostrar que Tarcísio "vai cuidar das pessoas" e "falar sobre aquilo que o povo está querendo saber", ou seja, focar em projetos do programa de governo em áreas de preocupação dos paulistas, como saúde, educação e segurança pública.
Mais Brasil contra Tarcísio
Assim como fez durante toda a campanha, Haddad vai nacionalizar o confronto contra Tarcísio. Para a equipe do petista, não há como dissociar seu adversário de Bolsonaro. Relacionar os dois é necessário para conquistar votos entre os que não gostam do presidente.
De acordo com pesquisa do Ipec divulgada na terça (25), no eleitorado paulista, 32% dos entrevistados disseram avaliar como péssima a gestão de Bolsonaro. Na região metropolitana, esse índice é de 37% enquanto no interior de São Paulo, de 27%.
O ataque de Jefferson
Haddad pretende explorar o episódio envolvendo de Jefferson, que disparou 50 tiros e atirou três granadas contra agentes da Polícia Federal no domingo (23).
Assim como em alguns compromissos de campanha nesta semana, ele questionará como Jefferson teve acesso às granadas e por qual motivo insultou a ministra Cármen Lúcia, do STF (Supremo Tribunal Federal), durante sua prisão domiciliar.
Paraisópolis
A partir da menção a Jefferson, Haddad lembrará os ataques de bolsonaristas em Aparecida (SP) e o tiroteio que ocorreu em Paraisópolis.
Ele também pretende explorar o episódio para questionar onde estão as imagens dos dispositivos nas fardas dos policiais militares. O petista foi orientado a repetir que a campanha do adversário não quer que a população tenha acesso aos registros —tanto dos policiais, quanto de terceiros, incluindo os do cinegrafista da Jovem Pan.
Sobre a situação, Tarcísio deve repetir o que já vem sido dito —que não houve cerceamento ao trabalho da imprensa e, sim, uma descontextualização da conversa.
"Pode ser que alguém [membro da equipe], na tensão, tenha pedido para apagar alguma coisa para preservar a identidade de pessoas que fazem parte da nossa segurança. É muito ruim revelar a identidade de pessoas que acabam de se envolver em um conflito com criminosos", disse o candidato após a matéria ser publicada.
Receio com polêmicas e erros
O mote da campanha de Tarcísio é administrar a vantagem sobre o petista no evento e não cometer erros na reta final.
Os estrategistas avaliam que no debate da TV Bandeirantes, realizado em 10 de outubro, o candidato se envolveu em uma polêmica desnecessária, quando o tema foi a possível privatização da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) — tema que tem sido amplamente explorado por Haddad.
Após dizer que privatizaria a companhia quando ainda era pré-candidato, Tarcísio recuou e diz agora que estudará a questão caso seja eleito. O mesmo discurso tem sido adotado em relação às câmeras nas fardas de policiais militares.
Também neste debate, o candidato errou ao falar o nome de um tradicional bairro paulistano --trocou Campos Elíseos por "Campos dos Elíseos". O fato de Tarcísio ter nascido no Rio de Janeiro é um dos pontos mais criticados de sua campanha.
O petista não deixará de alfinetar o candidato do Republicanos por ele ser do Rio de Janeiro. Na última semana, ele mencionou em mais de uma ocasião a reportagem do UOL Notícias que aponta que o sobrinho de Tarcísio vivia no imóvel declarado à Justiça Eleitoral como domicílio do tio em São José dos Campos.
Para combater a fama de "forasteiro", o ministro mostrará saber sobre os problemas do estado, além de citar conhecimentos sobre diversas áreas. O objetivo é investir na imagem do gestor que fez a máquina do Ministério da Infraestrutura funcionar e que vai repetir o bom desempenho à frente do Palácio dos Bandeirantes.
Sumiço
As ausências de Tarcísio em outros debates e sabatinas também serão mencionadas por Haddad. O petista defende que, por não ser conhecido do eleitor médio não ser de São Paulo, Tarcísio teria o dever de se apresentar ao público.
Para evitar críticas sobre o fato de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também ter faltado a debates no segundo turno, Haddad usará a tese de que Lula já é um nome conhecido do eleitorado.
Por parte de Tarcísio, segundo aliados, a expectativa é que o candidato do Republicanos mostre tranquilidade durante as falas —a avaliação é de que ataques não trazem benefícios e ele ganha demonstrando serenidade.
Mas uma preocupação do lado do ex-ministro é a última pesquisa Ipec, divulgada na terça. Ela mostra Tarcísio e Haddad em situação de empate técnico. Internamente, a campanha diz não ver motivos para preocupação e Tarcísio tem dito que as pesquisas "enganaram" no primeiro turno, pois o mostravam atrás do petista.
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