Graeml diz que aceitará resultado, mas apoia protestos em caso de derrota
A candidata do PMB à Prefeitura de Curitiba, Cristina Graeml, disse que aceitará o resultado das urnas, mas que eleitores dela, insatisfeitos com uma possível derrota, têm o direito de se manifestar, nos mesmos moldes de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que ficaram acampados na frente de quartéis, em 2022. A declaração foi dada durante sabatina UOL/Folha, nesta quarta-feira (23).
O que aconteceu
Candidata disse que irá respeitar o resultado das urnas, mas afirmou que seus eleitores têm o direito de se manifestar "como quiserem". "Vou dizer para que atuem de forma pacífica, mas eles têm todo o direito à livre manifestação. Isso está garantido na nossa Constituição e eu sou uma defensora das nossas liberdades. Como conservadora, eu defendo as nossas liberdades, defendo o respeito às leis, o respeito à Constituição e a nossa Constituição garante, sim, questionar o que quer que seja. A gente tem liberdade de expressão no Brasil até que provem o contrário", disse.
Eu sou defensora da liberdade de expressão, da liberdade de manifestação com respeito à ordem, com respeito ao patrimônio público, com respeito às pessoas. Então, não defendo nenhuma baderna, não apoio baderneiros e, inclusive, defendo veementemente, há anos, que os vândalos dos prédios públicos do 8 de janeiro [de 2023] sejam identificados e punidos pelo crime que cometeram, que é o crime de vandalismo.
Cristina Graeml (PMB), em sabatina UOL/Folha
Graeml defendeu o voto impresso nas eleições e, sem apresentar provas, disse que "falta transparência" ao sistema eleitoral brasileiro. "O povo tem o direito de ter acesso à área de TI (Tecnologia da Informação), ao código-fonte, o povo tem o direito de ter acesso a uma transparência maior e os questionamentos feitos por parte do eleitorado são legítimos quando a gente não tem uma comprovação do voto, que possa dar a segurança para o eleitor que o voto dele foi, de fato, computado pela urna", afirmou.
Alvo de ataques de bolsonaristas durante as eleições de 2022, o código-fonte da urna eletrônica esteve disponível para ser fiscalizado este ano. Apenas um partido político demonstrou interesse: o União Brasil. O plenário da Câmara rejeitou, no mesmo ano, proposta que pretendia incluir um módulo de voto impresso ao lado das urnas.
A candidata também criticou o que chamou de "indústria do aborto" no país. Consta de seu plano de governo a criação de um instituto municipal "pró-vida". O local seria destinado a atendimento psicológico e orientações sobre a possibilidade de doação do bebê por mulheres que engravidaram sem planejamento. "São mulheres que estão naquele momento de desespero, quase entregues à indústria do aborto (...) As mães têm o direito, especialmente as mais jovens que não têm muito acesso à informação, de saber que a lei brasileira permite a doação do bebê recém-nascido, na maternidade, caso ela não se sinta preparada para ser mãe naquele momento", explicou.
O aborto no Brasil só é permitido em três situações: para salvar a vida da mulher; para casos de gestação decorrente de estupro; e para casos de anencefalia do feto.
Graeml defendeu anistia a empresários que foram multados durante a pandemia da covid-19 e disse reiterar todas as declarações feitas contra as vacinas, no passado. Ela voltou a defender o tratamento precoce, método comprovadamente ineficaz. "O tratamento precoce já está comprovado que funciona e que salvou vidas", afirmou. "O que eu fiz ao longo da pandemia foi ler os contratos não só do governo brasileiro com as farmacêuticas, mas também de outros governos, trazer a informação de forma honesta e fui colocando casos de pessoas que tinham efeitos adversos, às vezes até fatais, em função da vacina ou após a vacina e estavam sendo ignoradas pela Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária]".
Um estudo que analisou 99 milhões de pessoas sobre efeitos adversos da vacina concluiu que os riscos são maiores com a infecção do coronavírus do que pelo imunizante. A pesquisa alerta que não é possível identificar uma relação de causa e efeito entre os eventos adversos e a vacinação, e que os riscos de desenvolver as doenças analisadas são maiores pela infecção com a covid-19 que pela vacina.
Graeml disse estar sendo vítima de "difamação violenta" ao ter contestada sua participação em uma série de reportagens premiada. Conforme mostrou o UOL, um ex-diretor e jornalistas da RPC, afiliada da TV Globo no Paraná, disseram que ela não participou das investigações que revelaram esquema de desvio de dinheiro público e contratação de funcionários fantasmas pela Assembleia Legislativa paranaense. "Essa é uma difamação violenta que está sendo feita em cima da minha idoneidade como jornalista que passou 34 anos buscando a verdade. Eu trabalhei muito intensamente nessa investigação", defendeu-se a candidata.
Em Pesquisa AtlasIntel, divulgada na segunda-feira (21), a candidata do PMB aparece com 43% das intenções de voto. O atual vice-prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel (PSD), lidera a sondagem até o momento, com 51,4%. A diferença entre os dois é superior à margem de erro de três pontos percentuais para mais ou para menos.
A sabatina foi conduzida pelo jornalista Diego Sarza, com participações dos repórteres Rafael Neves, do UOL e Fabio Victor, da Folha de S.Paulo.
Cristina Graeml enfatiza que representa a "direita raiz, a voz dos conservadores". Jornalista, ela ganhou popularidade na política como comentarista e nas redes sociais.
Candidata chegou ao segundo turno com 31,17% dos votos (291.523), um pouco abaixo de Pimentel, que obteve 33,51% dos votos (313.347). Seu desempenho tirou do jogo o principal representante da esquerda, o deputado federal Luciano Ducci (PSB) —apoiado pelo PDT e PT— e também o deputado estadual Ney Leprevost (União Brasil), que tinha Rosângela Moro, do mesmo partido, como candidata à vice-prefeita na chapa.
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O adversário de Graeml, Eduardo Pimentel (PSD), foi entrevistado na semana passada. O atual vice-prefeito também havia sido sabatinado em julho, antes do primeiro turno, no ciclo que ouviu candidatos de 18 cidades do país.
Além de Curitiba, fazem parte da nova série de sabatinas do UOL e da Folha outras três capitais. Em São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL) foi entrevistado e o prefeito Ricardo Nunes (MDB) recusou o convite; em Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD) foi sabatinado e Bruno Engler (PL) cancelou sua participação.
A série de sabatinas será fechada nesta quinta-feira (24), com o candidato do PT à Prefeitura de Fortaleza, Evandro Leitão. O adversário dele, André Fernandes, do PL, recusou o convite.
As sabatinas são sempre ao vivo, com transmissão pela Internet, nos sites e nos perfis das redes sociais do UOL e da Folha.
O segundo turno das eleições municipais ocorre no dia 27 de outubro. Ele será realizado em 51 municípios —sendo 15 capitais.
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