Suspeito do massacre no Colorado (EUA) era descrito como "responsável, tranquilo e brilhante"
Quando se faz a análise do passado de James Holmes, é muito difícil conciliar a imagem que os colegas de universidade tinham dele com a do atirador que matou doze pessoas em um cinema de Aurora, cidade do Colorado (EUA). O homem que se entregou com os cabelos pintados de vermelho e se identificou à polícia como “um palhaço” é o mesmo que é descrito como “limpo, tranquilo e responsável” pelos integrantes da Universidade da Califórnia, onde ele estudou.
Holmes entrou na universidade em 2006 como bolsista no curso de neurociência. Em 2010, se formou com honras. De acordo com a instituição, ele era um estudante brilhante. “Academicamente, ele estava no topo do topo”, disse o reitor da universidade Timothy P. White para a CNN.
Após se formar, Holmes começou a fazer doutorado na Faculdade de Medicina Anchutz, localizada em Aurora, em 2011. Na grade curricular, Holmes estudou temas diversos como depressão, abuso de substâncias e esquizofrenia. Holmes largou o curso em junho deste ano. De acordo com membros da faculdade, ele não deu motivos para a saída.
Neste período, Holmes já planejava os ataques. De acordo com o FBI, ele começou encomendar explosivos e armas em março deste ano. Holmes comprou mais de 6.000 balas pela internet. Além de um fuzil AR-15 e pistolas automáticas.
Excesso de velocidade era o único antecedente criminal
De acordo com a polícia local, a única ocorrência que Holmes tem registrada em Aurora é uma advertência por excesso de velocidade em 2011. Jackie Mitchell, amigo de Holmes, se diz “perplexo” pelo envolvimento dele no caso. “Você nunca iria adivinhar que ele era um cara violento. Ele era um nerd e muito inteligente”, afirmou à CNN.
No entanto, Holmes, preso em um estacionamento atrás do cinema, encheu seu apartamento com sofisticados explosivos, criando perigos para as autoridades e esquadrões antibomba que averiguaram o lugar. O quarto do suspeito estava repleto de fios ligados ao que pareciam ser garrafas plásticas com um líquido desconhecido, afirma Chris Henderson, chefe dos bombeiros de Aurora.
Um foto de Holmes divulgada na sexta-feira (20) não mostra nada incomum. Em lugar da roupa à prova de balas e da máscara que usou no dia do crime, ele aparece vestindo uma camiseta com gola laranja queimada. É um belo rapaz, de cabelo escuro, sobrancelhas proeminentes e longas costeletas. Há um leve sorriso em seu rosto, e fios de barba cobrem seu queixo.
Em outra foto, de seu anuário da escola secundária em San Diego, Holmes veste uma roupa escura, com um sorriso aberto. O jovem se formou na escola secundária Westview High School em San Diego em 2006.
O FBI descreveu Holmes como um homem branco, de 1,90 metro de altura, nascido em 13 de dezembro de 1987, sem antecedentes criminais ou vínculo com grupos terroristas.
Em uma solicitação para alugar um apartamento do início de 2011, Holmes se descreveu como um estudante "tranquilo e de convívio fácil", segundo o jornal "Denver Post".
Cerveja e futebol americano
Entre os que reconheceram a foto como sendo o rapaz está Jackie Mitchell, 45, carregador de móveis que vive a uma quadra e afirma que encontrou Holmes no Zephyr Lounge, um bar próximo, na tarde de terça-feira (17).
"Minha reação foi tipo 'meu, eu conheço aquele cara!'", disse ele, recordando sua reação à foto. Segundo Michell, ele e Holmes beberam algumas cervejas - naquele dia havia uma promoção de rodada dupla, duas cervejas por US$ 2 - e conversaram sobre o time Denver Broncos, de futebol americano. Holmes estava de jeans, óculos apoiados na nuca e mochila. O jovem se mostrou esperto, disse Mitchell, e falava usando bravatas.
Nascido em 13 de dezembro de 1987, ele passou parte da infância em San Diego, onde seus pais ainda vivem, em uma pacata rua do subúrbio. Seu pai registrou a patente de uma tecnologia capaz de detectar fraude em sistemas de telecomunicações.
Durante uma festa de Natal, conta Mai, Holmes lhe ofereceu refrigerantes. "Ele foi muito gentil com meus filhos", disse Mai. "A família era amável e estava envolvida com uma igreja presbiteriana", acrescentou Mai.
Em um comunicado, a família de Holmes disse estar cooperando com os investigadores. "Ainda estamos processando as informações e agradecemos se as pessoas respeitarem nossa privacidade", declarou a família Holmes, depois de a mãe do jovem, Arlene Holmes, confirmar que seu filho era o suspeito do tiroteio que deixou 12 mortos e 59 feridos.
Rap, racismo e música alta
Quando não estava na escola, Holmes costumava ficar na frente de seu prédio, em uma parte de Aurora onde drogas e tiroteios não são raros, segundo moradores. Outra vizinha, Rachel Reed, 25, o viu algumas vezes na fachada do edifício, com sua mochila.
Há alguns meses, ela topou com ele no bar Zephyr. Rachel tinha escolhido uma música do rapper Lil Wayne na jukebox. Holmes reclamou da escolha, ela afirma, e disse preferir rock'n'roll. Neste momento, Holmes "fez alguns comentários racistas sobre rap", diz ela. "Ele parecia um cara normal, um pouco tonto."
"Ninguém o conhecia. Ninguém", afirmou um estudante de Farmacologia em declarações ao "Denver Post". O rapaz mora no mesmo prédio que Holmes em Aurora. O estudante, que disse apenas se chamar Ben, contou que Holmes era uma pessoa reservada, que nem ao menos cumprimentava as pessoas no corredor.
Ben também informou que havia chamado a polícia pouco depois da meia-noite - mesma hora do massacre durante uma sessão da estreia do filme "Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge"-- para se queixar da música alta vindo do apartamento de Holmes. Ben afirmou que parecia tocar a mesma canção todo o tempo. (Com agências internacionais)
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