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Boné que alude a golpe fracassado de Chávez vira suvenir cobiçado na Venezuela

O "Boné 4F" é sucesso de vendas entre os suvenires após a morte de Hugo Chávez, na Venezuela - Carlos Iavelberg/UOL
O 'Boné 4F' é sucesso de vendas entre os suvenires após a morte de Hugo Chávez, na Venezuela Imagem: Carlos Iavelberg/UOL

Carlos Iavelberg

Do UOL, em Caracas

09/03/2013 15h03

O culto à imagem do presidente venezuelano Hugo Chávez, morto no início da semana, pode ser medido pela quantidade de objetos com sua imagem que são vendidos nos arredores do local onde seu corpo está sendo velado.

A poucos metros do passeio dos Próceres, que leva até a Academia Militar, pelo menos 30 barracas vendem camisetas, bonés, fotos, broches, copos, CDs, faixas e até tatuagens, daquelas temporárias que saem com água, no melhor estilo brinde de chiclete.

Embora as camisetas sejam os objetos mais vendidos, o suvenir mais cobiçado é um boné lançado pelo presidente interino Nicolás Maduro, no mês passado, para provocar a oposição.

O “Boné 4F” é uma cópia do modelo utilizado pelo líder da oposição, Henrique Capriles, durante a campanha eleitoral do ano passado, quando foi derrotado por Chávez.

A diferença é que o utilizado por Maduro traz um “4F”, uma alusão ao dia 4 de fevereiro de 1992, quando fracassou uma tentativa de golpe de Estado comandada por Chávez. A letra F traz também o perfil do rosto do líder morto.

Relembre a trajetória de Chávez

  • Arte UOL

Apesar de todo o discurso sobre a “revolução bolivariano-socialista” em Venezuela, a lei da oferta e da procura também dita o preço do cobiçado boné. Enquanto os demais modelos custam 80 bolívares (R$ 25 no câmbio oficial e R$ 7,80 no câmbio negro), o “Boné 4F” é vendido por 150 bolívares (R$ 48 ou R$ 14,60).

“É que ele é mais trabalhado que os demais e demora mais para fazer. Tanto que ontem não tínhamos para vender, estava esgotado”, justifica uma vendedora.

Já vestindo um boné com mensagem pró-Chavéz, o venezuelano Willy Casanova, 29, decidiu comprar o modelo “4F”. “É um boné que simboliza a nossa história. Tenho 29 anos e sempre fui chavista. Cresci ouvindo esse homem e, se hoje temos um país melhor, é por sua causa”, declara.

O vendedor Armando Osuna, 61, que diz que “as camisetas estão vendendo como arroz”. Ao longo da última quinta-feira (7), ele conta que vendeu 20 mil bolívares (R$ 6.200 ou R$ 1.947) em produtos de Chávez, bem acima dos 14 mil bolívares (R$ 4.400 ou R$ 1.340) que normalmente faz em um mês vendendo os mesmos itens em seu posto fixo.

“Sentimos muito a morte de Chávez, mas temos de continuar vendendo nossas coisas para manter viva a imagem dele. Isso é negócio. Espero que isso ajude Maduro a ganhar as próximas eleições”, afirma José Moreno, 66, que se diz chavista desde 1992.

Em menos de meia hora de vendas, na manhã de sexta-feira (8), Moreno já tinha vendido 15 camisetas.