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Suspeito que se entregou à polícia diz ser inocente, segundo TV francesa

Do UOL, em São Paulo

08/01/2015 02h19

O mais jovem dos três suspeitos de um ataque à sede do jornal satírico "Charlie Hebdo", Hamyd Mourad, 18, se entregou à polícia na noite desta quarta-feira (7) e disse ser inocente, de acordo com a rede de televisão francesa "iTele".

Ele teria ido voluntariamente até o posto policial de Charleville-Mézières, a cerca de 230 km de Paris (perto da fronteira com a Bélgica), depois de ver seu nome na lista de suspeitos, juntamente com os irmãos Said Kouachi, 34, e Cherif Kouachi, 32. Mourad afirmou ter um álibi e que estava em uma escola no momento do ataque, fato que estaria sendo investigado pela polícia.

No início da madrugada desta quinta-feira (8), Agnès Thibault-Lecuivre, porta-voz da Promotoria de Paris, confirmou ao jornal "The New York Times" que o suspeito havia se entregado, e que fora colocado sob custódia.

Irmãos Kouachi seguem foragidos

A polícia francesa divulgou um aviso para a população com as identidades de Said e Cherif Kouachi, suspeitos de terem cometido o atentado, e alertou que os mesmos "podem estar armados e são perigosos", segundo a Prefeitura de Paris, que especificou que existe uma ordem de busca e captura contra eles.

Junto com seus nomes também foram divulgadas suas fotografias para facilitar sua localização. As autoridades pedem que a população colabore com qualquer informação que possa levar ao paradeiro dos criminosos.

De acordo com a revista "Le Point", os irmãos, nascidos em Paris, retornaram da Síria no último verão europeu. O mais novo deles, Cherif, foi condenado a três anos de prisão em 2008, dos quais cumpriu 18 meses até sair em liberdade condicional, por ter participado de uma rede de recrutamento de jihadistas franceses para combate no Iraque.
 
Chamada de "Rede dos Montes Chaumont", ela foi desmantelada há três anos e reunia parisienses que eram mantidos sob vigilância pelas autoridades do país pela intenção de planejarem atentados. Cherif teria sido preso quando se preparava para viajar e se juntar aos jihadistas.
 
Ainda segundo a revista, nos últimos anos, os irmãos teriam se empenhado a despistar os serviços de inteligência e permaneceram escondidos na comuna de Reims, no nordeste da França. Seria nesta região, afirma a "Le Point", que as buscas da polícia pelos foragidos se concentra.

Revista fez caricatura de Maomé

De acordo com François Mollins, procurador-geral da República, os dois atiradores invadiram o prédio da revista, rendendo dois funcionários de manutenção, que foram assassinados em seguida.

Na sequência, eles invadiram uma reunião, que ocorria no segundo andar do prédio, e abriram fogo. Mais dez pessoas foram mortas, entre elas oito jornalistas, um convidado e um policial que fazia a segurança do local. Outras onze pessoas ficaram feridas --quatro delas estão internadas em estado grave.

A revista semanal já publicou ilustrações satíricas sobre líderes muçulmanos e foi ameaçada por divulgar caricaturas de Maomé há três anos, tendo inclusive sua sede incendiada na época.

Uma sobrevivente, a cartunista Corinne "Coco" Rey, disse ao jornal "L'Humanité" que foi obrigada por dois homens a deixá-los entrar no prédio e que eles falavam "francês perfeito". 

Entre as vítimas do ataque estão o diretor e chargista Charb (Stéphane Charbonnier) e outros quatro desenhistas: Georgers Wolinski, Cabu (Jean Cabut), Philippe Honoré  e Tignous (Bernard Verlhac). Além deles, morreram o economista Bernard Maris, o revisor Moustapha Ourrad, o cronista Michel Renaud e o jornalista Philippe Lançon. 

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