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Mulher de sequestrador deixou a França antes de ataques e estaria na Síria

Hayat Boumeddiene, 26, mulher do jihadista Amedy Coulibaly, 32, aparece treinando tiro com uma balestra, em foto de 2010 - Reprodução/Le Point
Hayat Boumeddiene, 26, mulher do jihadista Amedy Coulibaly, 32, aparece treinando tiro com uma balestra, em foto de 2010 Imagem: Reprodução/Le Point

Do UOL, em São Paulo

10/01/2015 15h37Atualizada em 10/01/2015 20h22

Hayat Boumeddiene, 26, mulher e cúmplice do jihadista Amedy Coulibaly, 32, que matou uma policial e sequestrou clientes de uma loja judaica em Paris, matando quatro deles, deixou a França antes dos ataques terroristas, informaram fontes policiais à imprensa local. Um mandado de busca por Hayat foi expedido na sexta-feira (9).

Anteriormente, reportagens na imprensa internacional davam conta de que a suspeita teria estado com Coulibaly quando uma policial foi morta na capital. Durante o sequestro à loja, chegou a ser divulgado que Hayat estaria no local.

O jornal “Le Monde” e a "AFP" obtiveram informações, com fontes policiais anônimas, de que uma mulher “muito parecida com Hayat Boumeddiene e munida de seu passaporte” tomou um voo de Madri para Istambul no dia 2 de janeiro. Essa mulher estava acompanhada de um homem cujo irmão é monitorado pelos serviços de inteligência da França.

Na Turquia, a mulher teria atravessado a fronteira em direção à Síria na última quinta-feira (8). Foi neste dia que Coulibaly assassinou uma policial municipal em Paris. A suspeita não utilizou a passagem de volta, com data marcada para 9 de janeiro.

Uma fonte de segurança turca disse à "AFP" que Hayat pode ter estado em Urfa (sudeste da Turquia) e que autoridades do país não a prenderam na ocasião "devido à falta de informações por parte do governo francês".

Tanto Coulibaly como sua companheira mantinham vínculos constantes com os irmãos Said e Chérif Kouachi, responsáveis pela matança na sede parisiense da revista "Charlie Hebdoe mortos em uma operação policial em Dammartin-en-Göele. No atentado, doze pessoas morreram, entre elas sete jornalistas. A principal suspeita é de que Hayat tenha ajudado na logística e planejamento dos ataques.

Segundo a procuradoria-geral da França, a mulher de Chérif Kouachi, Izzana Hamyd, fez mais de 500 ligações telefônicas em 2014 para Hayat. 

Na sexta-feira, a polícia francesa divulgou uma foto da jovem de 26 anos e advertiu, na ordem de captura emitida contra ela, que Hayat pode "estar armada" e ser "perigosa", antes de revelada sua provável fuga para o exterior.

Quem é Hayat Boumeddiene

Com cabelo curto e rosto juvenil, Boumeddiene é muito religiosa e usa véu integral, o que a obrigou a largar o emprego como caixa, segundo a imprensa francesa.

Filha de um entregador, Boumedienne faz parte de uma família de sete irmãos. Casou-se no religioso com Coulibaly em 2009. Sua mãe morreu em 1994.

Segundo vizinhos, eles eram um casal tranquilo, educado e cordial. "Eles eram muito gentis, muito cordiais. Ela saía cedo para trabalhar, enquanto ele frequentemente não estava em casa. Estamos chocados, meus filhos não querem nem sair de casa", contou à agência ANSA uma mulher que mora ao lado da residência deles.

O casal vivia junto em um apartamento em Bagneux, subúrbio de Paris, até ele ser preso em 2010 por portar 240 cartuchos de calibre 7,62mm. Depois de ser libertado da prisão, Coulibaly voltou a viver com ela.

Hayat  havia acompanhado o marido, mais cedo naquele ano, em visitas a Djamel Beghal, um radical muçulmano que foi condenado a dez anos de prisão por planejar um atentado à embaixada dos Estados Unidos na França.

Os encontros teriam ocorrido em Cantal, no sul da França. Há fotos dela vestindo um niqab (vestimenta que cobre praticamente todo o corpo, semelhante a uma burca) e treinando tiro ao alvo com uma balestra. (Com agências)

Veja momento da invasão policial em Paris