Na ONU, Dilma critica barrar entrada de refugiados
A presidente Dilma Rousseff disse que "é um absurdo impedir o livre trânsito de pessoas" buscando refúgio em razão da crise vivida em seus países de origem, em discurso nesta segunda-feira (28), na 70ª Assembleia Geral da ONU, realizada em Nova York (EUA).
"O Brasil é um país de acolhimento, formado por refugiados", afirmou a presidente. "Recebemos os refugiados de braços abertos", disse ela, sob fortes aplausos.
Como já é tradição, o Brasil é o primeiro país a discursar no plenário, abrindo os debates da assembleia.
A presidente lembrou a foto do garoto sírio encontrado afogado em uma praia da Turquia e o caso dos 71 refugiados mortos por asfixia ao tentar passar pela Áustria escondidos em um caminhão refrigerado.
"A profunda indignação provocada pela foto e a notícia sobre os 71 mortos na Áustria devem se transformar em ações inequívocas de solidariedade", ela defendeu.
A presidente reforçou a mensagem de solidariedade aos refugiados que enfrentam uma grave crise humanitária provocada pela guerra civil e perseguições religiosas e étnicas, principalmente no Oriente Médio e em países do norte da África.
Na semana passada, o governo do Brasil prorrogou por mais dois anos o processo de emissão simplificada de vistos a refugiados sírios. Desde setembro de 2013, o país concedeu 7.752 vistos a refugiados da guerra civil na Síria.
Ontem, a presidente já havia apresentado nos EUA metas de redução das emissões de gases de efeito estufa. O governo assumiu o compromisso de diminuir as emissões de poluentes em 37% até 2025 e em 43% até 2030, tendo como base 2005.
Nesta segunda-feira, ela reforçou o pioneirismo do Brasil ao adotar essas metas.
As propostas servirão de ponto de partida para as negociações que ocorrerão no fim deste ano em Paris, na 21ª conferência global da ONU sobre o clima.
Os debates na Assembleia Geral vão até o próximo sábado (3), com pronunciamentos de quase 200 nações.
Sem muros nem cercas
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu nesta segunda-feira, na ONU, a todos os países que assumam responsabilidades para proteger os imigrantes e refugiados e defendeu que em pleno século 21 não deveriam ser construídos "cercas ou muros".
Ban cobrou especificamente da Europa "fazer mais" e lembrou que "após a Segunda Guerra Mundial eram os seus cidadãos que buscavam ajuda do mundo".
"Devemos combater a discriminação. No século 21, não deveríamos estar construindo cercas ou muros", disse o diplomata coreano.
O chefe da ONU lembrou que Líbano, Jordânia e Turquia estão "acolhendo generosamente vários milhões de refugiados sírios e iraquianos, e os países em desenvolvimento continuam a receber grandes números de deslocados apesar de seus recursos limitados".
Ban reconheceu que os grandes movimentos de pessoas em diferentes regiões tocam em "assuntos complexos e levantam fortes paixões", mas ressaltou que todos os países devem se guiar por princípios comuns.
"Legislação internacional, direitos humanos, compaixão básica", enumerou o diplomata, que convocou para a próxima quarta-feira uma reunião de alto nível para abordar a crise dos refugiados. (Com agências internacionais)
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