'A gente sentiu como se fosse um terremoto', diz brasileira em Beirute
Uma brasileira que mora em Beirute disse hoje que a forte explosão ocorrida na capital do Líbano foi sentida pelos moradores como um terremoto. O incidente deixou centenas de pessoas feridas e causou dezenas de mortes. A gigantesca coluna de fumaça provocada pela explosão pôde ser vista de toda a cidade.
"A dimensão da explosão, o impacto que houve, o bairro onde moro não é tão perto de onde foi a explosão, porém a gente sentiu aqui como se fosse um terremoto", disse Rosaly Bouassi Raffoul, em entrevista à Globonews.
"O prédio balançou, os vidros quebraram, portas e cadeiras voaram. As cadeiras da sala de jantar estavam cada uma para um lado. Realmente foi muito forte, foi terrível", relatou a brasileira.
Rosaly contou que a impressão de terremoto se deu porque o impacto da explosão, que aconteceu na região do porto de Beirute, se deu por alguns segundos. A brasileira disse que onde mora, no centro da cidade, "não é muito distante" do porto.
"Achei que fosse um terremoto porque primeiro a gente sentiu o prédio balançar, aí começaram os vidros a explodir, tudo em volta começou a quebrar, tudo caía, e não foi muito rápido, durou um pouco", explicou a moradora da capital libanesa.
"Tudo levou alguns segundos acontecendo até que saísse a última explosão, foi aí que a gente soube que era uma explosão. Eu achei que fosse embaixo da minha casa, foi tão forte que eu achei que fosse realmente na rua da minha casa", afirmou Rosaly.
Momento de pandemia
A brasileira ainda comentou sobre o atual momento que Beirute vive, de aumento dos casos de covid-19. Segundo ela, a cidade estava em lockdown e vivia hoje um dia de reabertura econômica para depois voltar a ter medidas mais restritivas até a próxima segunda-feira (10).
"Estão pedindo para que as pessoas possam ir aos hospitais para doar sangue. Acho que realmente é uma catástrofe e eu não sei como eles vão conseguir controlar a situação do coronavírus e tentar socorrer (as vítimas da explosão)", afirmou Rosaly.
'Meu pai voou'
A sensação de um terremoto também foi descrita pelos irmãos Mohamed e Nessryn Khalaf em entrevista a Globonews. Mohamed estava com o pai em um estabelecimento comercial da família no momento da explosão. Nenhum deles se feriu com gravidade.
"A gente tem uma loja em Beirute a uns 4 km da explosão. Eu estava na loja, ao telefone, e meu pai estava na entrada da loja. Do nada, tudo começou a tremer. Eu achei que era um terremoto. Falei para o meu pai: 'entra um pouco aqui'. Quando ele foi se virar para entrar, deu aquele barulho e aquela pressão. Meu pai voou da entrada para o fundo da loja", contou Mohamed.
"Ele caiu no chão, eu também caí no chão. Quando tudo ficou um pouco mais tranquilo, fui lá para fora para ver. Você sai e vê vidros de carros quebrados, pessoas no chão pedindo ajuda, e você não pode fazer nada. Foi muito triste para mim, não sabia se cuidava do meu pai ou das pessoas. Meu pai nem queria ir para o hospital. Disse: 'estou bem, tem gente mais grave, precisando mais do hospital do que eu'."
A irmã, por sua vez, relatou feridos a uma longa distância da explosão.
"Estão pedindo para irem a hospitais fora de Beirute. É traumatizante. Eu estava em casa, mas parecia que a explosão tinha sido aqui mesmo. A casa tremeu, janelas quebraram. Foi pior, para mim, do que o atentado (em 2005) contra o primeiro-ministro Rafik Hariri", descreveu Nessryn.
"Tem gente que estava em casa, perto da janela, quando explodiu tudo. Ferimentos por causa do vidro, de gente que estava a cinco ou seis quilômetros da explosão", completou.
'Cinco minutos antes, passei ao lado do local'
O empresário libanês David El Etter, que mora no Brasil, foi ao Líbano para visitar a família. No momento da explosão, ele estava a caminho de um hospital próximo à zona portuária da capita libanesa para marcar uma consulta médica para o pai.
"Cinco minutos antes, passei do lado do local. Chegando no hospital, aquele fogo era insuportável — o calor que estava perto, vidros quebrando de todo lado. Até 15 km (de distância do local), os vidros da cidade estavam todos no chão, uma fumaça vermelha no alto impressionante", descreveu ele à Globonews.
"Acho que o tamanho da explosão foi uma coisa que o Libano nunca teve, muito forte e muito grave", acrescentou.
El Etter afirmou que, após a primeira explosão, esperou um pouco para ver se ocorreria outra. "A gente não sabia se era um carro, se era terrorismo", relatou. "Depois entendeu que era fogo, material explosivo, não era carro-bomba nem o que a gente pensava, mas até as pessoas entenderem..."
Pouco mais de dez minutos após a explosão, David El Etter acompanhou centenas pessoas chegando ao hospital. Decidiu então ir embora de Beirute para a cidade dos pais, mas deparando-se sempre com um cenário violento.
"Vi pessoas andando machucadas, cheias de sangue, uma coisa que ninguém quer ver novamente", contou ele.
"Está um caos. Trânsito total, a cidade inteira com vidro quebrado, carros quebrados, muito forte. Realmente desesperador. Agora as pessoas entenderam o motivo e ficaram mais tranquilas", acrescentou o empresário, que pretende voltar ao Brasil na próxima semana.
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