Embaixada do Brasil diz que não há chance de sair de Kiev em meio a ataques

A Embaixada do Brasil na Ucrânia disse, no quarto dia de guerra, que não há possibilidade de saída da capital Kiev em meio aos ataques aéreos.

A entidade consular já havia alertado ontem (26) aos brasileiros sobre a urgência de proteção de ataques aéreos na capital. Apesar do avanço sobre Kharkiv, segunda maior cidade do país invadido, os russos ainda não conseguiram ocupar a capital.

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"Pedimos a todos que sigam com urgência a um abrigo", diz um dos comunicados enviados pela embaixada aos brasileiros — sem indicar como ou onde os cidadãos devem buscar por proteção.

A embaixada também repassou aos brasileiros um mapa do país indicando locais com estações de trem em funcionamento e atualizou a situação de quatro cidades, incluindo Kiev e Kharkiv.

• Kiev - Não se deve sair de casa sob nenhuma hipótese pelo menos até as 8h de amanhã (28), enquanto permanece o toque de recolher. Até então não há possibilidade de embarque em trens ou qualquer outro meio de transporte.
• Kharkiv - Quem estiver em Kharkiv deve estar especialmente atento à situação de segurança local antes de deslocar-se à estação de trem. Não há informação clara sobre quando os trens partirão.
• Odessa - Deverá partir às 22h23 (17h23 pelo horário de Brasília) um trem em direção ao oeste, para fora da Ucrânia. Não foi definido ainda o destino exato. Interessados devem dirigir-se à estação tão logo seja possível, antes que comece o toque de recolher.
• Lviv - Recomenda-se em particular os trens diretos para Varsóvia ou Chelm (já dentro do território polonês), a Chernivtsi (possibilidade de entrada na Moldova), ou a Chop (onde há possibilidade de troca de trem com destino final na Hungria.
• Outras regiões - Recomendamos a todos que tenham condições de segurança que procurem deixar a Ucrânia por meio de trens, em direção oeste. Ainda que com alguns atrasos, os trens têm funcionado de forma bastante frequente e segura na maior parte do país. Os horários muitas vezes só são confirmados de última hora, assim aconselhamos que se dirijam às estações centrais de trem quando não houver toque de recolher e esperam os anúncios lá.

A embaixada divulgou ainda uma lista com os horários de toque de recolher em 20 regiões. E também solicitou aos brasileiros que deixaram o território ucraniano que preencham um formulário.

O órgão consular recomendou aos brasileiros que evitassem tentar cruzar os postos de fronteira com a Romênia e Polônia a pé ou de carro devido às "interrupções no trânsito". E voltou a reforçar que todas as passagens de trens são gratuitas para quem tenta deixar o país.

Socorro a brasileiros

O Itamaraty avalia enviar dois aviões da FAB para resgate de brasileiros. Ainda não há datas ou orientações a respeito da operação.

O órgão reitera a importância do registro junto à embaixada por meio do link: https://forms.gle/GjfKD3Mrbs1y9rAG7.

Brasileiros na Ucrânia ou familiares, seja no Brasil ou em outros países, podem obter orientações por diversos meios. Nas redes sociais, as atualizações são disponibilizadas pelo Twitter (twitter.com/brasilukraine), Telegram (t.me/s/embaixadabrasilkiev) e Facebook (facebook.com/Brasil.Ukraine) da Embaixada em Kiev.

O plantão consular internacional está sendo realizado pelo número +380 50 384 5484. Também há plantão realizado no Brasil, que pode ser contatado no número +55 61 98260-0610.

Bombardeios em áreas residenciais

Em pronunciamento hoje, o presidente ucraniano Volodimir Zelensky informou bombardeios em áreas residenciais, atingindo jardins de infância e ambulância. Um menino de 6 anos morreu após um ataque em Kiev na noite de sábado (26). O governo informou ainda ter concordado em negociar um possível cessar-fogo.

A Rússia nega ataques a casas e diz que mira estruturas militares. Contudo, o governo ucraniano informou hoje que ao menos 352 civis morreram desde o início da guerra.

Desde a última quinta-feira, ao menos 368 mil refugiados deixaram a Ucrânia, de acordo com o Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados). Deste total, 156 mil cruzaram a fronteira com a Polônia.