Impasse sobre local trava negociações entre Rússia e Ucrânia
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, disse hoje que está disposto a negociar um cessar-fogo com representantes da Rússia, mas rejeitou encontrá-los em Minsk, capital de Belarus, país vizinho que foi peça-chave para o início da invasão.
Zelensky também critica o fato de Belarus ter sido escolhida pelos russos, não pelos ucranianos e nem pelos bielerrussos, segundo divulgado pela emissora norte-americana CNN.
A Rússia, por sua vez, deu prazo para que as autoridades ucranianas decidam até as 9h (de Brasília) se querem negociar em Gomel, rambém em Belarus. A guerra entre Rússia e Ucrânia chegou hoje ao quarto dia, com russos avançando sobre Kharkiv, a segunda maior cidade ucraniana.
"Ouvimos muitas conversas sobre um possível encontro entre Ucrânia e Rússia que pode acabar com esta guerra e trazer a paz de volta a nós. Minsk tem sido frequentemente citada como o lugar para essas negociações. Mas o local não foi escolhido nem pela Ucrânia, nem por Belarus. Foi escolhido pela liderança russa", disse Zelensky em pronunciamento publicado no site da Presidência.
"Se não tivéssemos sido alvo de ações agressivas do território [bielorrusso], poderíamos conversar em Minsk. Quando vocês [Belarus] eram neutros, conversamos em Minsk. É por isso que não vamos conversar em Minsk agora", completou.
É claro que queremos a paz e queremos nos encontrar. Nós queremos acabar com a guerra. Varsóvia [Polônia], Bratislava [Eslováquia], Istambul [Turquia] e Baku [Azerbaijão] foram oferecidas à Rússia. Qualquer outra cidade seria boa para nós, contato que não estejam sendo lançados mísseis deste país.
Volodimir Zelensky, em pronunciamento
Belarus teve um papel importante no início da guerra entre Rússia e Ucrânia. Foi pela fronteira com Belarus que soldados russos iniciaram a invasão da Ucrânia, apoiada pelo governo bielorrusso.
Por volta das 9h20 (horário local, 4h20 em Brasília), a Ucrânia anunciou ter interceptado um míssil lançado de Belarus em direção Kiev, capital ucraniana.
"Há alguns minutos, a Força Aérea da Ucrânia derrubou um míssil lançado por um TU-22 [modelo de avião bombardeiro] contra Kiev, vindo do território de Belarus. É mais um crime de guerra cometido contra a Ucrânia e seu povo", publicou Oleg Nikolenko, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores ucraniano, em uma rede social.
Rússia dá prazo
Enquanto a Ucrânia rejeita Belarus, Vladimir Medinsky, chefe da delegação russa e assessor do presidente russo Vladimir Putin, disse à agência de notícias estatal RIA Novosti que eles vão espera o prazo dado aguardando uma resposta.
"Assim que recebermos essa confirmação, partiremos imediatamente para encontrar nossos colegas nas negociações", disse Medinsky. "Nós defendemos a paz".
Desconfiança britânica
A Secretária de Estado do Reino Unido, Liz Truss, disse hoje (27) que não confia nos "esforços" da Rússia pela negociação com a Ucrânia.
Pela manhã (horário local), o porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, anunciou que uma delegação do país havia chegado a Belarus para conversar com a Ucrânia, de acordo com informações da agência estatal de notícias RIA. Integram a comitiva representantes dos ministérios das Relações Exteriores, da Defesa e de outras pastas, incluindo a Presidência da Rússia.
"Se os russos estão realmente comprometidos com as negociações, eles precisam retirar seus soldados da Ucrânia", declarou Truss à Sky News. "Eles não podem negociar com uma arma na cabeça dos ucranianos. Então, francamente, eu não confio nesses supostos esforços pela negociação."
Rússia atacou casas, jardins de infância e ambulâncias, diz Zelensky
O presidente ucraniano fez hoje um novo pronunciamento e voltou a acusar a Rússia de bombardear áreas residenciais em meio às tentativas de tomar o controle de novas cidades.
"Hoje, não há uma única coisa no país que os ocupantes não considerem um alvo aceitável. Eles lutam contra todos. Eles lutam contra todos os seres vivos", completou. A Rússia nega os ataques a casas e diz que mira apenas em estruturas militares.
Segundo Zelensky, a forças russas estão "disparando foguetes e mísseis em distritos inteiros da cidade nos quais não há e nunca houve nenhuma infraestrutura militar".
Putin reaparece e volta a chamar guerra com Ucrânia de 'operação especial'
Putin també voltou a aparecer em público e fez um breve pronunciamento em rede nacional de televisão na manhã de hoje. Ele voltou a chamar a guerra contra a Ucrânia de "operação especial".
Essa foi a primeira vez que o líder russo aparecer publicamente desde a última sexta-feira (25), quando fez outro discurso na TV incentivando o exército ucraniano a assumir o poder na capital Kiev e derrubar o governo de Zelensky.
"Presto homenagem especial àqueles que cumprem heroicamente seu dever militar durante a operação especial para prestar assistência à república popular de Donbass [na Ucrânia] nestes dias", disse Putin no pronunciamento de hoje, conforme noticiou a agência de notícias Interfax.
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