EUA dizem que Rússia pode usar armas químicas para atacar a Ucrânia
Ao rebater acusações feitas pela Rússia, e ecoadas pela China, a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, alertou hoje para a possibilidade do governo de Vladimir Putin usar armas químicas ou biológicas para atacar a Ucrânia ou, até mesmo, fabricar uma operação de "bandeira falsa".
Agora que a Rússia fez essas falsas alegações, e a China aparentemente endossou essa propaganda, todos nós devemos estar atentos para que a Rússia possivelmente use armas químicas ou biológicas na Ucrânia, ou crie uma operação de bandeira falsa usando-as. É um padrão claro. Psaki, em seu perfil no Twitter
Psaki referia-se às alegações feitas ontem pela porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, que exigiu que os EUA deem explicações ao Mundo sobre os laboratórios biológicos do país, incluindo pesquisas avançadas para a produção de armas químicas com doenças fatais.
Zakharova garantiu que evidências do suposto programa foram descobertas pela Rússia durante o que chama de "operação militar especial" na Ucrânia, invadida pelas forças russas no dia 24 de fevereiro. Segundo ela, a Rússia tem documentos mostrando que o Ministério da Saúde ucraniano ordenou "a destruição de amostras de peste, cólera, antraz e outros patógenos após a invasão". Não foi possível confirmar de forma independente a autenticidade de tais documentos.
Após a declaração dos russos, o Ministério das Relações Exteriores da China pediu que os Estados Unidos divulguem detalhes gerais de seus laboratórios biológicos na Ucrânia.
Em seu perfil, nas redes sociais, Psaki classificou como "absurdas" as declarações e disse se tratar de uma "operação de desinformação" já feita por russos, repetidamente, ao longo dos anos.
É a Rússia que tem um histórico longo e bem documentado de uso de armas químicas, inclusive em tentativas de assassinato e envenenamento de inimigos políticos de Putin, como Alexey Navalny. É a Rússia que continua a apoiar o regime de Assad [Bashar Al-Assad, atual presidente da Síria], que tem usado repetidamente armas químicas. É a Rússia que há muito mantém um programa de armas biológicas em violação ao direito internacional. Secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki
"Além disso, a Rússia tem um histórico de acusar o Ocidente das mesmas violações que a própria Rússia está cometendo. Em dezembro, a Rússia acusou falsamente os EUA de implantar empreiteiros com armas químicas na Ucrânia", concluiu.
Ataque a maternidade
Em seu 14º dia de invasão da Rússia ao território da Ucrânia, militares russos lançaram hoje bombas em um hospital infantil e maternidade na cidade ucraniana de Mariupol, no sul do país —crucial para a estratégia russa na Ucrânia—, informaram o governo e o porta-voz da polícia local. O ataque teria deixado pelo menos 17 feridos, segundo funcionários do centro de saúde.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, classificou a ação como uma "atrocidade" e voltou a pedir que a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) proteja seu espaço aéreo contra a Rússia.
"O ataque direto de tropas russas na maternidade. Pessoas sob os escombros. Crianças sob os escombros. Isso é uma atrocidade! Por quanto tempo mais o mundo será cúmplice em ignorar o terror? Feche o céu imediatamente! Pare os assassinatos imediatamente! Você tem poder. Mas você parece estar perdendo a humanidade", escreveu em suas redes sociais o mandatário.
Covas coletivas
Moradores têm enterrado, inclusive, parentes e amigos em valas comuns porque os constantes bombardeios na cidade impedem que enterros adequados sejam feitos. O fotógrafo Mstislav Chernov capturou um desses momentos na região.
"Covas coletivas em Mariupol, pois as pessoas não podem enterrar seus mortos sob pesados bombardeios", escreveu em uma publicação no Instagram.
Sul da Ucrânia
O sul da Ucrânia é crucial para a estratégia da Rússia na guerra. Nos dias que antecederam a invasão, a Rússia posicionou ao longo da costa ucraniana navios carregados com tanques de guerra, veículos blindados e soldados, prontos para desembarcar no mar Negro e no mar de Azov.
A meta era cercar as cidades da região para impedir o acesso da Ucrânia ao mar e criar uma conexão direta com a península da Crimeia —dominada pelos russos desde 2014— e a região de Donbass, à leste, aliada da Rússia e com duas regiões que já declararam independência: Lugansk e Donetsk.
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