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Rússia: maternidade atacada servia de base para nacionalistas ucranianos

Do UOL, em São Paulo

10/03/2022 07h22Atualizada em 10/03/2022 12h04

O ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, justificou hoje o bombardeio de uma maternidade e hospital pediátrico em Mariupol, cidade portuária do leste da Ucrânia, alegando que estava sendo usado como base por um batalhão nacionalista e que não havia pacientes no local. A Ucrânia diz que três pessoas, incluindo uma menina, morreram. O balanço anterior citava 17 pessoas feridas.

"Este hospital pediátrico foi retomado há tempos pelo batalhão de Azov e por outros radicais, e todas as mulheres que iam dar à luz, todas as enfermeiras e todo pessoal de apoio haviam sido expulsos", declarou Lavrov, após conversas com seu homólogo ucraniano, Dmytro Kuleba, na Turquia. A reunião terminou sem acordo.

O bombardeio ocorreu enquanto as mulheres davam à luz no hospital, que acabava de ser reequipado, informou um membro da administração militar da região de Donetsk. O ataque foi condenado pela comunidade internacional.

Na mesma linha de Lavrov, Dmitry Polyanskiy, primeiro vice-representante permanente da Rússia nas Nações Unidas, disse que o hospital foi transformado em "objeto militar por radicais".

"É assim que nascem as notícias falsas", escreveu Polyanskiy, no Twitter, ao comentar uma postagem do secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, condenando o ataque.

"Alertamos em nossa declaração em 7 de março que este hospital foi transformado em um objeto militar por radicais. Muito preocupante que a ONU divulgue essa informação sem verificação", continuou ele.

'Crime de guerra', diz Zelensky

O prédio que abrigava o hospital ficou completamente destruído, segundo imagens publicadas pela Câmara Municipal de Mariupol em redes sociais.

"Os nazistas [russos] bombardearam deliberadamente um hospital infantil em Mariupol de aviões. Até agora, as forças de ocupação russas lançaram várias bombas em um hospital infantil. A destruição é enorme. O prédio da instituição médica onde as crianças foram atendidas recentemente foi completamente destruído", disse o órgão.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que condenou um "crime de guerra", compartilhou vídeos mostrando a destruição do prédio. Nas imagens podem ser vistos destroços, folhas de papel e cacos de vidro espalhados pelo chão do edifício.

Ele também negou que não houvesse pacientes no local, como disseram os russos. "Eles estão mentindo confiantemente, como sempre", disse. "Crimes de guerra são impossíveis sem a propaganda para acobertá-los".

Ele voltou a pedir que a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) proteja seu espaço aéreo contra a Rússia.

"O ataque direto de tropas russas na maternidade. Pessoas sob os escombros. Crianças sob os escombros. Isso é uma atrocidade! Por quanto tempo mais o mundo será cúmplice em ignorar o terror? Feche o céu imediatamente! Pare os assassinatos imediatamente! Você tem poder. Mas você parece estar perdendo a humanidade", escreveu em suas redes sociais o mandatário.

A Casa Branca, por sua vez, denunciou o uso "bárbaro" da força contra civis, e o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, chamou o ataque de "imoral".

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, disse na segunda-feira (7), que os Estados Unidos não têm intenção neste momento de, junto a aliados da Otan, decretar o bloqueio do espaço aéreo da Ucrânia para Rússia.

O secretário de Estado do Vaticano, o cardeal Pietro Parolin, chamou o atentado de "inaceitável".

Os nove dias de cerco de Mariupol já mataram 1.207 pessoas, disse a prefeitura na noite de quarta-feira.

Em seu último relatório, divulgado ontem, a ONU estimou que 516 civis foram mortos na Ucrânia e mais de 800 ficaram feridos desde o início da invasão, que já deixou mais de dois milhões de refugiados.

* Com informações da AFP, Reuters e RFI