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Boris Johnson rejeita pedido de ministros e diz que não vai renunciar

Boris Johnson  - Getty Images
Boris Johnson Imagem: Getty Images

Do UOL*, em São Paulo

06/07/2022 17h15

Cercado de escândalos que levaram pelo menos 50 membros do governo a renunciarem, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, se recusou a deixar o cargo. Em uma reunião com autoridades do Executivo, o conservador se disse determinado a seguir o trabalho e se concentrar "nos assuntos de grande importância que o país enfrenta". A informação foi noticiada pela imprensa britânica com base em fontes do governo.

A debandada do governo se deu após uma postura considerada insatisfatória em relação a denúncias de assédio envolvendo um parlamentar de grande importância para os Conservadores. A saída de ministros começou ontem, quando os titulares da Saúde e Finanças britânicos entregaram os cargos quase simultaneamente, alegando perda de confiança em Johnson.

O procurador Alex Chalk, o segundo consultor jurídico mais importante do governo, disse que o efeito cumulativo de uma série de escândalos fez com que a população não acreditasse mais que o governo poderia manter os padrões esperados de franqueza. "Lamento que eu compartilhe esse julgamento", afirmou.

Mais cedo, no Parlamento, o primeiro-ministro já havia adiantado sua posição. Segundo Johnson, ao contrário do que dizem, esse é "exatamente o momento em que se espera que um governo continue com seu trabalho, não que renuncie". Ele citou desafios na economia e a guerra na Ucrânia.

Em tese, o Partido Conservador não poderia mover outro voto de desconfiança em Johnson - uma medida prevista no parlamentarismo britânico para avaliar se o primeiro-ministro deve continuar no cargo após algum fato relevante que ponha em xeque a integridade do governo. O conservador estaria imune a um novo processo por ter passado por outro desse no mês passado, em decorrência do processo do "partygate", que avaliou festas em Downing Street, sede do poder britânico, durante o lockdown nacional pela covid-19.

Parlamentar conservador foi acusado de apalpar homens

Ontem, horas antes de começarem as renúncias, o primeiro-ministro pediu desculpas por ter nomeado para um cargo importante o líder conservador Chris Pincher, sobre o qual surgiram seis novas denúncias de comportamento inadequado. As histórias vieram à tona dias após ele ter sido suspenso do Partido Conservador em meio a acusações de que ele apalpou dois homens.

Inicialmente, Pincher negou as acusações à imprensa britânica. Mas, na semana passada, renunciou depois de admitir ter apalpado dois homens enquanto estava embriagado, sendo um deles um deputado.

O governo chegou a afirmar que Boris Johnson não estava ciente de comportamentos semelhantes de Pincher em ocasiões anteriores. Nesta terça-feira (5), porém, um ex-colaborador do primeiro-ministro revelou que ele foi informado em 2019, quando era ministro das Relações Exteriores, de que o líder em questão já havia se envolvido em incidente do tipo.

*Com informações da AFP e BBC