Rússia x Ucrânia: qual a diferença entre Otan e OSCE e quem 'apita' mais?
Desde o início da guerra na Ucrânia em fevereiro, duas alianças internacionais ganharam parte dos holofotes: a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e a OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação da Europa). Cada uma, contudo, possui uma relação diferente com o conflito iniciado pelo presidente russo Vladimir Putin no leste europeu.
A Otan é vista como pivô da crise em razão da tentativa de a Ucrânia querer participar da aliança.
Já a OSCE vem sofrendo com perdas materiais, devido ao bombardeio de seu escritório em Mariupol, e de vidas, já que uma das suas observadoras da missão da organização no país morreu no conflito.
Apesar de ambas estarem envolvidas no conflito entre Ucrânia e Rússia, cada uma tem um papel distinto no cenário global.
Qual a diferença entre Otan e OSCE
Criada em 1949, em um cenário pós-Segunda Guerra Mundial, a Otan é liderada pelos Estados Unidos, sendo composta inicialmente por 12 países. A sua sede, no entanto, fica em Bruxelas, na Bélgica.
A sua principal missão é proteger as nações aliadas em caso de ataque armado contra qualquer país membro.
A aliança se expandiu ao longo dos anos e permitiu a entrada de mais países, sobretudo, do leste europeu e da região nórdica. Não há nações da América do Sul, da Ásia ou da África entre os membros. A Rússia também está fora.
Hoje, a Otan conta com 30 países: Albânia, Alemanha, Bélgica, Bulgária, Canadá, Croácia, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, EUA, Estônia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Islândia, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Macedônia do Norte, Montenegro, Noruega, Polônia, Portugal, Reino Unido, República Tcheca, Romênia e Turquia.
Já a OSCE nasceu em 1975, inicialmente chamada de CSCE (Conferência Sobre a Segurança e a Cooperação da Europa), no contexto da Guerra Fria, para fortalecer o diálogo entre países do Ocidente e do Oriente.
Diferentemente da Otan, o seu principal papel é político, e não militar.
Desde 1990 com o fim da União Soviética, por exemplo, a OSCE possui um departamento dedicado a "apoiar as transições para a democracia e conter a reemergência de conflitos étnicos nos antigos países socialistas da Europa", que é o caso da Ucrânia, diz um estudo da Universidade de Lisboa.
Além disso, a OSCE conduz práticas de "caráter político, como a diplomacia preventiva ou o aconselhamento a instituições políticas de democracias recentes".
Ao todo, 57 países participam do grupo, composto por nações da Europa, Ásia Central e América do Norte. Não há membros da África nem América Central.
Dos países que compõem a Otan, apenas a Turquia não faz parte da OSCE. O restante tem: Andorra, Armênia, Áustria, Azerbaijão, Bielorrússia, Bósnia e Herzegovina, Chipre, Finlândia, Geórgia, Vaticano, Irlanda, Cazaquistão, Quirguistão, Listenstaine, Malta, Moldávia, Mônaco, Mongólia, Rússia, San Marino, Sérvia, Suécia, Suíça, Tajiquistão, Peru, Turcomenistão, Ucrânia e Uzbequistão.
Entre Otan e OSCE, alguma prevalece?
Como cada uma tem uma função diferente, não é possível hierarquizar a Otan e OSCE, segundo Leonardo Paz, analista de Inteligência Internacional da FGV (Fundação Getúlio Vargas).
"Não dá para comparar organizações distintas. A Otan é de caráter militar. A OSCE tem caráter político, com debates entre eles sobre diversos temas", ratifica ao UOL.
O especialista em relações internacionais afirma que no contexto da guerra entre Ucrânia e Rússia, essa divisão se mostra ainda mais clara.
"Não tem como uma se sobrepor a outra [no contexto global]. Enquanto [na guerra] a Otan está preocupada se a Rússia é uma ameaça em relação aos seus membros, a OSCE discute políticas públicas para implementar sobre determinadas questões", explicou.
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