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Guerra da Rússia-Ucrânia

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Ucrânia diz que Rússia planeja explodir barragem, que pode inundar Kherson

Esta foto de arquivo tirada em 20 de maio de 2022 mostra uma ponte rodoviária na Usina Hidrelétrica de Kakhovka, Kherson Oblast, em meio à ação militar russa em andamento na Ucrânia - OLGA MALTSEVA/AFP
Esta foto de arquivo tirada em 20 de maio de 2022 mostra uma ponte rodoviária na Usina Hidrelétrica de Kakhovka, Kherson Oblast, em meio à ação militar russa em andamento na Ucrânia Imagem: OLGA MALTSEVA/AFP

Do UOL, em São Paulo*

21/10/2022 09h17Atualizada em 21/10/2022 12h33

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, acusou ontem a Rússia de planejar uma explosão contra uma grande barragem na usina hidrelétrica de Nova Kakhovka, no rio Dnipro, território ocupado de Kherson. Ele alertou que um ataque seria um "desastre histórico" capaz de inundar mais de 80 locais, incluindo a cidade de Kherson.

O suposto plano russo vem à tona no momento em que a Ucrânia avança para recuperar o controle da região e 14 dias depois da explosão de uma importante ponte que liga a Rússia à península da Crimeia. A Ucrânia não assumiu a autoria do ataque, mas autoridades ucranianas comemoraram a explosão nas redes sociais.

Se terroristas russos explodirem esta barragem, mais de 80 assentamentos, incluindo Kherson, estarão na zona de inundações rápidas. Centenas de milhares de pessoas podem ser vítimas disso.
Fala de Zelensky ao Conselho Europeu

O Instituto para o Estudo da Guerra, com sede nos Estados Unidos, já havia alertado que a Rússia pode estar planejando o chamado "ataque de bandeira falsa" contra a usina hidrelétrica de Kakhovka com o objetivo de incriminar a Ucrânia.

"Os militares russos podem acreditar que a ruptura da barragem poderia cobrir sua retirada da margem direita do rio Dnipro e impedir ou atrasar os avanços ucranianos através do rio", disse o instituto em documento divulgado no início de outubro, segundo o site Sky News.

Ajuda de países do Ocidente. Em discurso televisionado, o presidente ucraniano pediu ao Ocidente que alerte a Rússia para não explodir uma barragem na usina Nova Kakhovka, que retém um enorme reservatório que domina grande parte do sul da Ucrânia.

Ele diz que as forças russas já plantaram explosivos dentro da usina e planejam explodi-la para cobrir sua retirada (veja abaixo). "Agora todos no mundo precisam agir com força e rapidez para evitar um novo ataque terrorista russo. Destruir a barragem significaria um desastre em grande escala".

Zelenskiy pediu aos líderes mundiais que deixem claro que explodir a barragem seria tratado "exatamente da mesma forma que o uso de armas de destruição em massa", com consequências semelhantes às ameaçadas se a Rússia usar armas nucleares ou químicas.

18.out. 22 - Uma imagem de satélite mostra a localização da barragem de Kakhovka e a região circundante em Kherson Oblast, Ucrânia - EUROPEAN UNION/ COPERNICUS SENTI/via REUTERS - EUROPEAN UNION/ COPERNICUS SENTI/via REUTERS
18.out. 22 - Uma imagem de satélite mostra a localização da barragem de Kakhovka e a região circundante em Kherson Oblast, Ucrânia
Imagem: EUROPEAN UNION/ COPERNICUS SENTI/via REUTERS

O que aconteceria se a barragem fosse explodida? O vasto rio Dnipro corta a Ucrânia e tem vários quilômetros de largura em alguns lugares. O rompimento da barragem pode enviar água para inundar assentamentos abaixo dela, incluindo grande parte da cidade de Kherson, que as forças ucranianas esperam recapturar em um grande avanço.

Danos à barragem destruiriam o sistema de canais que irriga o sul da Ucrânia, incluindo a Crimeia, que Moscou apreendeu em 2014. Um ataque também aumentaria os problemas de fornecimento de energia na Ucrânia —em oito meses, a guerra danificou um terço da rede nacional de energia.

Guerra de versões. Do lado russo, a acusação é de que a Ucrânia é quem planeja uma explosão contra a barragem. No início da semana, o comandante das forças russas na Ucrânia, Sergei Surovikin, disse que se trata de um "ataque maciço". Ele citou que seriam usados mísseis Himars, fornecidos pelos Estados Unidos.

Nenhum dos lados apresentou provas para respaldar suas alegações.

Na quarta-feira (19), a administração russa em Kherson iniciou uma operação de retirada de moradores da cidade alegando o avanço das tropas ucranianas na região. De acordo com o Kyiv Independent, as forças russas também estão deixando Kherson, que fica na margem oeste do rio Dnipro, em direção à margem leste, onde não há movimentação ucraniana.

20.out.22 - Civis evacuados da região de Kherson, na Ucrânia, controlada pela Rússia, chegam a uma estação ferroviária na cidade de Dzhankoi, na Crimeia - ALEXEY PAVLISHAK/REUTERS - ALEXEY PAVLISHAK/REUTERS
20.out.22 - Civis evacuados da região de Kherson, na Ucrânia, controlada pela Rússia, chegam a uma estação ferroviária na cidade de Dzhankoi, na Crimeia
Imagem: ALEXEY PAVLISHAK/REUTERS

Em conversa com jornalistas hoje, o porta-voz do governo russo Dmitry Peskov não quis responder se o presidente Vladimir Putin ordenou a retirada de tropas de Kherson.

"Esta questão diz respeito à condução da operação militar especial. Recomendo que você a dirija ao Ministério da Defesa", afirmou.

Nesta sexta-feira (21), a Rússia diz que pelo menos quatro pessoas morreram, incluindo dois jornalistas, e 13 ficaram feridas em um ataque de mísseis ucranianos em Kherson. Em comunicado, o Comitê de Investigação da Rússia disse que um grupo de civis foi bombardeado quando tentava atravessar o rio.

A cidade de Kherson, no sul da Ucrânia, foi a primeira a cair no início da invasão russa. Agora, forças ucranianas tentam recuperar o controle.

*Com informações de Reuters