Polícia da moralidade: quem são os acusados de espancar iraniana sem véu
Segundo um grupo de direitos humanos iraniano, uma adolescente de 16 anos foi espancada no último domingo (1º) em uma estação do metrô de Teerã, a capital do Irã, e entrou em coma.
Armita Geravand teria sido agredida pela chamada polícia da moralidade, que fiscaliza o código de vestimenta islâmico - ela estaria sem o véu hijab A mãe da jovem também teria sido presa.
Autoridades locais negam que tenha ocorrido a agressão, mas esse não seria um caso isolado: no ano passado, Mahsa Amini, uma mulher de 22 anos, morreu sob custódia dessa mesma polícia.
O que é a polícia da moralidade?
As Gasht-e Ershad (patrulhas de orientação, outra denominação da polícia da moralidade) foram criadas sob o regime do presidente ultraconservador Mahmoud Ahmadinejad (2005-2013) para "espalhar a cultura da decência e do hijab", o véu muçulmano feminino
Essa polícia começou a atuar em 2006 no Irã. Suas unidades são formadas por homens com uniforme verde e mulheres com xador preto, uma vestimenta que cobre todo o corpo, exceto o rosto
O uso do véu se tornou obrigatório no Irã em 1983, quatro anos depois da Revolução Islâmica de 1979. A lei local estabelece que tanto as mulheres iranianas quanto as estrangeiras, independentemente de sua religião, devem usar véu cobrindo o cabelo e usar roupas largas em público
Ao longo dos anos, o papel da polícia da moralidade tem sido criticado e gerado protestos dentro e fora do Irã. Durante o mandato do presidente moderado Hassan Rohani, no poder de 2013 a 2021, era comum ver mulheres de jeans justos e véus coloridos. Mas Raisi, seu sucessor, pediu a "todas as instituições estatais" que fortalecessem a aplicação da lei do véu
Protestos em 2022
Morte de Mahsa Amini. A morte da jovem curda de 22 anos deu início a uma onde de protestos no ano passado. Mahsa Amini foi detida em 16 de setembro pela polícia da moralidade. Acusada de vestir roupas "inapropriadas", ela foi levada ao departamento de polícia encarregado de fiscalizar o rígido código de vestimenta para mulheres na República Islâmica e não teve a oportunidade de sair viva da detenção
Versões contraditórias. As autoridades afirmam que a morte de Amini se deveu a problemas de saúde, mas segundo a família, ela morreu após ser espancada
Onda de protestos. Então, as mulheres lideraram protestos, nos quais gritavam palavras de ordem contra o governo, tiravam e queimavam seus véus. Devido ao movimento, milhares de pessoas foram presas e indiciadas por participação nas manifestações - com algumas até condenadas à morte pelo governo iraniano
Suspensão durou pouco
Suspensão do controle. Em dezembro de 2022, após a forte onda de protestos, as autoridades locais anunciaram a suspensão da atuação da polícia da moralidade e um processo de revisão da lei que obriga as mulheres a usarem véus
No entanto, em julho deste ano, o Irã retomou as atividades da polícia da moralidade. Na ocasião, o porta-voz da polícia local, Saeed Montazermahdi, declarou que "quem não respeitar as regras vai ser abordado e processado na Justiça"
Mais restrições. Desde a morte de Mahsa Amini, mulheres têm se rebelado contra a restrição, circulando em locais públicos com os cabelos descobertos - especialmente na capital Teerã e em outras grandes cidades do país. Em resposta, as autoridades instalaram câmeras nas ruas para monitorar e rastrear mulheres que desafiam a proibição
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