Conteúdo publicado há 2 meses

Socialistas admitem derrota em Portugal; ultradireita quadruplica bancada

Com 99% das urnas apuradas nas eleições de Portugal, o PS (Partido Socialista) admitiu a derrota nas eleições parlamentares realizadas neste domingo (10), que foi marcada pelo aumento expressivo da bancada da extrema direita.

O que aconteceu

O líder da AD (Aliança Democrática), de centro-direita, Luís Montenegro, reivindicou a vitória — o país estava havia oito anos sob o governo socialista do primeiro-ministro António Costa. Com 99,01% dos votos apurados, a AD, coligação composta pelo PSD (Partido Social Democrata) e dois partidos conservadores menores, aparece com 29,49% dos votos, enquanto o PS (Partido Socialista) aparece está com 28,66%. A informação é da Comissão Nacional de Eleições.

Com o resultado, a AD passar a ter 79 cadeiras na Assembleia, enquanto o PS terá 77 cadeiras. A Aliança Democrática ganhou duas cadeiras em relação ao que tinha, enquanto o Partido Socialista perdeu 43 cadeiras. A Assembleia portuguesa é composta por 230 deputados.

"Parece incontornável que a AD ganhou e o PS perdeu", diz líder da centro-direita. Comemorando a vitória, Montenegro minimizou a pouca diferença para o Partido Socialista e declarou que o desafio para realizar um novo governo e novas políticas é grande, mas já prometeu um programa de saúde nos primeiros 60 dias de governo.

Já o Chega, de extrema direita, obteve o terceiro lugar com 18,06% (1.100.429 votos). O resultado mostra o crescimento da ultradireita em Portugal, quase quadruplicando a sua bancada. No pleito de 2022, o partido obteve 7,3% dos votos — 12 cadeiras, contra 48 cadeiras de agora. O Chega entrou no parlamento português há apenas quatro anos.

A sigla surgiu em 2012 e é comandada pelo deputado André Ventura e cresceu com uma pauta anti-imigração. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é um dos principais apoiadores do partido e chegou a gravar um vídeo convocando os brasileiros com dupla nacionalidade a votarem em Ventura.

Os portugueses elegem 230 deputados da Assembleia da República neste domingo (10). Diferentemente do que ocorre no sistema eleitoral do Brasil, em Portugal os eleitores votam nos partidos e não em um candidato. Estimativas apontavam que abstenção deveria ficar entre 32% e 46,5% dos 10,8 milhões de eleitores aptos a votar, segundo as projeções das redes de TV.

O Ministério da Administração Interna (MAI) informou que até as 16h (horário de Lisboa), 51,96% dos eleitores tinham votado. A taxa é superior à das últimas eleições legislativas, em janeiro de 2022, quando a estimativa de comparecimento médio às urnas na mesma hora foi de 45,66%.

Esta é a noite em que acabou o bipartidarismo em Portugal. Não sabemos quem será o próximo governo, mas o Chega fez história ao atingir mais de 1 milhão de votos. É uma vitória que tem de ser ouvida no Palácio de Belém, onde um Presidente da República procurou, à última hora, condicionar o voto dos portugueses. Mas este povo sabia o que queria e disse que é ele quem escolhe o governo.
André Ventura, deputado à frente do partido de extrema direita Chega

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Temos de ver o que desse voto [no Chega] é voto estrutural e o que é voto de protesto.
António Costa, primeiro-ministro socialista

Temos um partido forte e unido, pronto para os combates que temos pela frente. O PS será oposição. Como dizia o nosso militante número um, só é derrotado quem desiste de lutar. Voltaremos a construir uma maioria que permita governar Portugal.
Pedro Nuno Santos, líder do Partido Socialista

Eleição foi antecipada

Eleição, que acontece a cada dois anos, foi antecipada. O pleito de 2024 foi marcado após a renúncia do primeiro-ministro socialista António Costa em novembro do ano passado. Ele é investigado pela Procuradoria-Geral da República por interferências na concessão de projetos de lítio e hidrogênio verde.

Porém, logo depois de a apuração vir à tona, a imprensa local noticiou que a investigação pode confundido o premiê socialista com António Costa Silva, ministro da Economia e do Mar — o MP não se manifestou.

Após pedido de renúncia, Costa negou "a prática de qualquer ato ilícito ou censurável". Ele também agradeceu aos portugueses por terem "depositado a confiança" nele ao longo dos oito anos em que esteve no cargo. Ainda, afirmou que sai com a "cabeça erguida" e com "consciência tranquila".

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Costa estava no governo desde 2015. Ele foi reeleito em 2022 e permaneceria no cargo até 2026 caso não tivesse renunciado.

(Com informações da AFP, Ansa, Euronews, Publico e Reuters)

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