Lula critica invasão do Equador a embaixada: 'Nem no tempo das ditaduras'

O presidente Lula (PT) condenou duramente o ataque do Equador à embaixada mexicana em Quito durante reunião de emergência entre presidentes da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos).

O que Lula disse

Lula afirmou que a invasão da embaixada por policiais equatorianos foi "simplesmente inaceitável". "Não afeta só o México, diz respeitos a todos nós", afirmou o presidente, que já havia prestado solidariedade ao presidente mexicano, Andrés López Obrador.

A polícia equatoriana invadiu a embaixada no início do mês para prender o ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas, que estava no local desde dezembro. O Equador classificou de "ilegal" o asilo concedido a Glas, que foi condenado a seis anos de prisão por suspeita de corrupção.

Medida dessa natureza nunca havia ocorrido, nem nos piores momentos de desunião e desentendimento registrados na América Latina e no Caribe. Nem mesmo nos sombrios tempos das ditaduras militares em nosso continente.
Lula, em reunião da Celac

Lula pediu ainda um pedido formal de desculpas por parte do Equador. "A gravidade da situação nos impõe o dever de expressar claramente o inequívoco repúdio da região ao ocorrido", declarou Lula.

O presidente brasileiro disse ainda apoiar a proposta da Bolívia de formar uma comissão para acompanhar a situação de Glas. "Isso nos daria tempo para avançar nas discussões sobre um necessário salvo-conduto para sua saída do país", sugeriu.

Lula também chamou de "positivo" o recurso do México à Corte Internacional de Justiça. "Também é fundamental que a Celac siga trabalhando para o restabelecimento do diálogo e da normalização das relações entre o Equador e o México", completou.

O Itamaraty já havia condenado o ato "nos mais firmes termos". "A ação constitui clara violação à Convenção Americana sobre Asilo Diplomático e à Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas", afirmou o órgão, por meio de nota. A Convenção de Viena estabelece que as embaixadas são territórios invioláveis.

Absolutamente nada justifica a cena a que assistimos em Quito. Nosso desafio agora é o de encontrar caminhos para a reconstrução da confiança e do diálogo. Precisamos olhar para frente e buscar formas para superar esta crise.
Lula, em reunião da Celac

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Em telefonema a Obrador após o ocorrido, Lula afirmou que o episódio representou uma grave ruptura do direito internacional. O presidente mexicano agradeceu a solidariedade do Brasil e ressaltou que o México levará o tema da invasão da embaixada à Corte Internacional de Justiça.

"Nossa região já foi vítima do colonialismo e da ação unilateral de grandes potências. Não queremos isso para nossos povos", completou Lula. "Somos uma região plural. Continuaremos a ter diferenças de visões e opiniões, mas temos, sobretudo, o compromisso de resolvê-las com base no diálogo e na diplomacia."

Entenda o caso

A polícia do Equador prendeu o ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas na invasão à embaixada do México. O político havia recebido asilo político do México horas antes da ação.

Glas, que atuou no governo de Rafael Correa (2007-2017), cumpriu pena pelo escândalo de propinas da Odebrecht, mas enfrenta outro mandado de prisão por supostamente desviar fundos destinados a trabalhos de reconstrução após um terremoto em 2016.

O Equador classificou o asilo concedido a Glas como "ilegal". O anúncio da concessão a Glas aconteceu um dia depois que o governo do Equador declarou "persona non grata" a embaixadora mexicana Raquel Serur e ordenou sua saída do país.

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Após o ocorrido, o México rompeu relações diplomáticas com o Equador. Além disso, diversos países da América Latina condenaram a ação.

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