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Ativistas enviam a chefes de Estado carta de repúdio à declaração da Rio+20

A ativista canadense Severn Suzuki, que aos 12 anos fez um discurso contundente a chefes de Estado na Rio92, desta vez assina a carta "A Rio+20 que não queremos", com críticas ao rascunho do documento final da conferência - Júlio César Guimarães/UOL
A ativista canadense Severn Suzuki, que aos 12 anos fez um discurso contundente a chefes de Estado na Rio92, desta vez assina a carta "A Rio+20 que não queremos", com críticas ao rascunho do documento final da conferência Imagem: Júlio César Guimarães/UOL

Maria Denise Galvani

Do UOL, no Rio

21/06/2012 17h16

Nos pavilhões vizinhos à sala onde discursam os chefes de Estado, representantes da sociedade civil preparam uma carta com críticas duras ao documento que está prestes a ser adotado como declaração final da Rio+20. Assinaturas emblemáticas, como a da “menina que calou o mundo” em 92 Severn Suzuki e do neto de Fabien Cousteau, já constam na carta.

Segundo um dos coordenadores do movimento, Rubens Harry Born, da ONG Vitae Civilis, a carta será encaminhanda ainda nesta quinta (21) à cúpula da conferência. O texto “A Rio+20 que não queremos” está sendo traduzido para outros idiomas e foi encaminhado à Cúpula dos Povos, fórum alternativo que acontece no Aterro do Flamengo, para que se consigam mais assinaturas.

“O recado político está dado. Vamos esperar que os chefes de Estado tenham a ousadia de fazer algo”, disse Born. Ele é um dos representantes da sociedade civil autorizados pela ONU a acompanhar as negociações oficiais, que começaram em maio de 2010. “Desde o começo , os diplomatas ficaram enrolando, discutindo vírgulas, com a desculpa da crise. Agora não há mais tempo”, afirmou ele.

A Rio+20 é a conferência da ONU sob Desenvolvimento Sustentável, que vai até sexta (21) na ONU. As negociações para o rascunho da declaração final foram dadas como encerradas na terça-feira (19), um dia antes da chegada dos chefes de Estado para a reunião de cúpula da Conferência.

O libanês Wael Hmaidan, diretor da Climate Action Network International, também fez parte do grupo que redigiu a carta. “Minha esperança é que os chefes de Estado aprovem um documento adicional, preenchendo ao menos algumas lacunas. Eles podem fazer isso, ainda há tempo de redigir duas ou três páginas”, afirmou ele.

O ponto mais decepcionante da declaração, para Hmaidan, foi a falta de compromisso dos Estados em financiar a transição da economia para energias renováveis e iniciativas para a redução da pobreza. “Se apenas eles cortassem parte dos subsídios aos combustíveis fósseis, já seria suficiente para resolver muita coisa”, diz.

Assinaturas ilustres

Participaram do lançamento da carta a canadense Severn Suzuki, que aos 12 anos fez um discurso comovente durante a Rio92, e o francês Fabien Cousteau, neto do navegador francês Jacques Cousteau – que também falou na primeira conferência do Rio em defesa do meio ambiente, em 1992.

“Hoje eu não sou mais jovem, mas sou mãe, e vou lutar por toda a minha vida para dar a meus filhos os futuros que eles querem”, discursou Suzuki.
Ela disse que os últimos dias têm sido uma “montanha-russa emocional” em relação às expectativas quanto à Rio+20. “Agora todos sabem que nós falhamos em nosso esforço. O que fazer quando os representantes de Estado não conseguem se entender para o bem da humanidade?”, perguntou.

Fabien Cousteau também falou em defesa da carta. “Se nossos representantes não nos representam como queremos, a culpa também é nossa. Nós sabemos onde estão os problemas. Precisamos fazer nossa própria revolução, precisamos de uma revolução dos pensamentos”, disse ele.