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Randolfe consegue assinaturas para pedir CPI da Amazônia no Senado

30.ago.2016 - O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disse em discurso no plenário que os erros cometidos pelo PT não podem levar à condenação de uma pessoa inocente -- no caso, a presidente afastada, Dilma Rousseff, acusada de crime de responsabilidade - Jonas Pereira/Agência Senado
30.ago.2016 - O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disse em discurso no plenário que os erros cometidos pelo PT não podem levar à condenação de uma pessoa inocente -- no caso, a presidente afastada, Dilma Rousseff, acusada de crime de responsabilidade Imagem: Jonas Pereira/Agência Senado

Alex Tajra

Do UOL, em São Paulo

27/08/2019 20h12

O senador Randolfe Rodrigues (Rede) afirmou hoje que conseguiu 29 assinaturas (até o fechamento desta reportagem) para abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre as queimadas e incêndios criminosos na Amazônia Legal. O requerimento foi protocolado ontem, e a comissão, quando instaurada, vai investigar o aumento dos índices de desmatamento na região e o porquê do governo federal ter perdido aportes milionários da Alemanha e da Noruega no Fundo Amazônia.

O presidente da Casa, senador David Alcolumbre (DEM), deve fazer a leitura do requerimento no plenário depois do texto ser enviado à Secretaria-Geral da Mesa. A CPI é criada, de fato, após a leitura, mas os líderes partidários têm de indicar parlamentares para compor a comissão, além da realização de uma eleição para designar presidente e vice-presidente.

A instalação da comissão vem em meio a uma crise ambiental que submergiu o país nos últimos dias. Neste mês, até o último dia 24, foram registrados 78.383 mil focos de incêndio no país, 84% a mais que no mesmo período de 2018 (42.546). Somente na Amazônia, foram 41.332 focos. Esse número representa 52% dos focos totais, o maior percentual já registrado para o bioma desde o início das medições do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), em 2003.

Os problemas ambientais refletiram em um embate diplomático entre o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e o líder francês Emmanuel Macron. Este chegou a questionar se Bolsonaro estaria à altura do cargo de presidente do Brasil, após o pesselista ofender sua esposa, Brigitte Macron, em seu perfil nas redes sociais. Bolsonaro reagiu a um comentário sexista que "criticava" Brigitte por sua forma física e sua idade.

"Entende agora por que Macron persegue Bolsonaro?", encampava a mensagem, logo respondida por Bolsonaro: "não humilha cara. kkkkkkk".

Eduardo Bolsonaro (PSL), filho mais novo do presidente e cotado para assumir a embaixada do país nos Estados Unidos, além dos ministros Abraham Weintraub (Educação) e Ernesto Araújo (Itamaraty) também atacaram Macron. Paradoxalmente, o comentário de Weintraub foi tido como um dos mais desrespeitosos: "O Macron não está a altura deste embate. É apenas um calhorda oportunista buscando apoio do lobby agrícola francês."

A disputa entre Brasil e França pode respingar ainda no acordo de livre-comércio entre o Mercosul e a União Europeia, firmado informalmente durante a cúpula do G20 em Osaka, no Japão. O trato deve ser aprovado nos parlamentos dos países envolvidos, incluindo o francês.

Alemanha e Noruega

Outra peça chave no acordo entre UE e Mercosul é a chanceler alemã, Angela Merkel. Nas últimas semanas, após a Alemanha anunciar que cortaria doações que poderiam chegar a R$ 150 milhões para o Fundo Amazônia, Bolsonaro disse à chanceler para usar esse dinheiro para "reflorestar a Alemanha."

A Noruega, principal doadora do fundo (o país já realizou aportes que somam mais de R$ 3 bilhões para a preservação da Amazônia) também anunciou, uma semana depois, paralisação do envio de recursos.

Além da preocupação com a política ambiental de Bolsonaro -- o presidente mantém laços estreitos com o agronegócio e já demonstrou interesse em legalizar o garimpo na Amazônia -- Alemanha e Noruega se queixam de duas manobras anunciadas pelo governo Bolsonaro: a diminuição de assentos no Comitê Orientador do Fundo, aumentando o peso do governo federal na gestão, e a ideia de usar dinheiro do fundo para indenizar fazendeiros que possuem imóveis em áreas de proteção ambiental.