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Após carta de Bolsonaro, Kerry espera 'ações imediatas' contra desmatamento

"Compromisso de Bolsonaro com a eliminação do desmatamento ilegal é importante", disse Kerry após carta do presidente brasileiro - Susana Vera/Reuters
'Compromisso de Bolsonaro com a eliminação do desmatamento ilegal é importante', disse Kerry após carta do presidente brasileiro Imagem: Susana Vera/Reuters

Do UOL, em São Paulo

16/04/2021 16h09Atualizada em 16/04/2021 17h01

Após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) enviar uma carta ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se comprometendo a acabar com o desmatamento ilegal no Brasil até 2030, o enviado especial dos EUA para o clima, John Kerry, cobrou "resultados tangíveis".

"O compromisso de Bolsonaro com a eliminação do desmatamento ilegal é importante. Esperamos ações imediatas e compromisso com as populações indígenas e a sociedade civil para que este anúncio possa gerar resultados tangíveis", disse Kerry no Twitter.

Na carta, enviada na última quarta-feira (14), Bolsonaro disse que o governo federal quer "ouvir as entidades do terceiro setor, indígenas, comunidades tradicionais" e todos que queiram contribuir contra o desmatamento ilegal e cobrou apoio financeiro dos EUA.

No início do mês, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, em entrevista para o jornal O Estado de S. Paulo, disse que o Brasil poderia reduzir o desmatamento na Amazônia entre 30% e 40% em até um ano se recebesse US$ 1 bilhão da comunidade internacional.

Hoje, Sveinung Rotevatn, ministro do Meio Ambiente da Noruega, país citado por Salles na entrevista, disse à BBC News Brasil que a questão do combate ao desmatamento ilegal é "uma questão de vontade política, não de falta de financiamento adiantado".

O Brasil, porém, tem ido na contramão dos pedidos da comunidade internacional. Ao lado da bancada ruralista, o governo federal tem pressionado pela aprovação de um Projeto de Lei que beneficia desmatadores.

Também hoje, com base na suspeita de que Salles interferiu no Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) para ajudar investigados por desmatamento, o Ministério Público de Contas pediu o afastamento cautelar do ministro.

Alexandre Saraiva, autor de uma notícia-crime ao STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a suspeita de interferência de Salles no Ibama, foi tirado da chefia da Polícia Federal no Amazonas na tarde de ontem, provocando repúdio entre os delegados do órgão.

Ainda no tocante ao Ibama, o ministro do Meio Ambiente determinou mudanças no processo de apuração de autuações por crimes ambientais, reduzindo o poder de multa dos fiscais do instituto.