Desabrigados do RS podem ser considerados refugiados climáticos?
Mais de 232 mil estão desabrigados no Rio Grande do Sul, segundo a Defesa Civil. Essas pessoas podem ser consideradas refugiados climáticos, um termo criado para designar quem precisa sair de casa por eventos atribuídos às mudanças do clima.
Para entender o conceito, basta pensar que essas pessoas provavelmente não estariam desalojadas se não houvesse mudança climática. Alexandre Costa, cientista do clima e professor da UECE (Universidade Estadual do Ceará)
Segundo ele, a tendência é que cada vez mais pessoas integrem essa categoria, dado o avanço dos eventos extremos. "Conhecer o termo é fundamental, porque, infelizmente, essa realidade é uma tragédia anunciada. Eventos extremos acontecerão em intensidade e frequências maiores que hoje e precisamos de políticas públicas."
O professor explica ainda que alguns moradores são "migrantes climáticos", já que não poderão retornar às suas casas. "Em alguns casos, podemos falar até de migrantes climáticos, porque tem gente que vai precisar se estabelecer permanentemente em outros locais. No caso do Rio Grande do Sul, por exemplo, há cidades submersas."
Os principais eventos climáticos que forçam a população a deixar suas casas são:
- Ondas de calor;
- Passagem de ciclones e tufões;
- Secas;
- Enchentes e deslizamentos;
- Elevação do nível do mar.
Com exceção de uma minoria, é mais provável uma pessoa virar um refugiado climático do que se tornar rico. Com aquecimento global, períodos secos são mais prolongados e atingem regiões em que não eram tão frequentes. Alexandre Costa, cientista do clima
Situação em números
No Rio Grande do Sul: são 232.675 refugiados climáticos, segundo dados da Defesa Civil desta quinta-feira (9). Há 67.563 desabrigados em alojamentos do poder público, e 165.112 desalojados.
No mundo: 376 milhões de pessoas precisaram sair de suas casas à força por eventos ligados à emergência climática entre 2008 e 2022, de acordo com levantamento do Centro de Monitoramento de Deslocamentos Internos.
O mesmo estudo aponta alta desde 2020, com recorde de refugiados em 2022: 32,6 milhões de pessoas.
Outra pesquisa, realizada pelo IEP (Instituto de Economia e Paz), estima 1,2 bilhão de refugiados climáticos até 2050.
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