"Caso PC não está encerrado", diz legista que defendeu tese de duplo homicídio
Responsável pela reviravolta nas investigações das mortes de Paulo César Farias, o PC Farias, e sua namorada, Suzana Marcolino, em junho de 1996, o médico-legista George Sanguinetti disse que o resultado do júri popular, encerrado na noite dessa sexta-feira (10), mostra que o caso “não está encerrado.”
Na sexta-feira (10), o júri popular decidiu absolver os réus por clemência, mas admitiu a tese que PC e Suzana foram assassinados, refutando a ideia inicial de crime passional seguido de suicídio. Os jurados absolveram os réus por clemência.
Apesar de terem se passado 17 anos, o legista disse acreditar na possibilidade de novas investigações. “Esse resultado confirma nossa tese e mostra que o caso não está encerrado.
A decisão fortalece a necessidade de mais esclarecimentos. Suzana foi usada para a farsa do passional. Isso deve servir de um estímulo para se procurar autoria material e intelectual”, afirmou.
Coronel da PM (Polícia Militar) aposentado, Sanguinetti afirma que lei prevê --surgindo fatos novos-- a possibilidade de retomar as investigações, mesmo após julgamentos. "Isso depende de vontade das autoridades, somente", disse.
Dia a dia do julgamento
Sanguinetti ainda se diz feliz pelo reconhecimento da sua tese como legítima, e diz que precisou ser "teimoso" para refutar a alegação de crime passional, defendida pelos peritos oficiais e Polícia Civil alagoana.
“Como a minha tese é a que foi aceita, me sinto feliz. Quanto à condenação ou não, é irrelevante, pois o importante é que o Badan Palhares tentou emplacar como crime passional, e não conseguiu. Sabia desde o início que foi duplo homicídio, e isso agora está caracterizado. A decisão de absolver foge da minha alçada”, disse, afirmando ainda que espera que o promotor recorra da decisão dos jurados e aconteça um novo júri.
Novas investigações possíveis
Segundo o professor de direito criminal da Universidade Federal de Alagoas Welton Roberto, é possível, sim, haver novas investigações de um caso. “Se acharem que é necessário, podem investigar. Só tem que ver o prazo, pois são 20 anos para prescrever', disse.
Para Roberto, com a aceitação pelos jurados da tese de duplo homicídio, aumenta significativamente a possibilidade de o júri popular ser anulado na segunda instância.
“Se o MPE [Ministério Público Estadual] recorrer, pode anular o júri. Isso ocorre quando se entende que a decisão foi manifestamente contrária às provas dos autos. Em casos de clemência, o TJ [Tribunal de Justiça de Alagoas] geralmente tem anulado os júris. Mas esse caso houve uma denúncia por omissão, é diferente de outros casos”, disse.
Promotor não vê fatos novos
Segundo o promotor Marcos Mousinho, responsável pela acusação, não houve novos produção de fatos novos durante o julgamento, o que --pelo menos a princípio-- não justificaria uma nova investigação.
Durante sua fala aos jurados, Mousinho disse que os mandantes do crime nunca serão conhecidos. "Só quem sabe [quem matou PC Farias e Suzana] são os ex-seguranças. Não vamos ter ilusões: nós nunca mais saberemos", afirmou.
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