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Padilha diz que nunca desconfiou de Vargas e cobra explicações de deputado

Do UOL, em São Paulo

28/04/2014 23h37Atualizada em 29/04/2014 09h16

Em entrevista na noite desta segunda-feira (28) no programa “Roda Viva” da TV Cultura, Alexandre Padilha, ex-ministro da Saúde e pré-candidato do PT ao governo de São Paulo, afirmou que não desconfiava do deputado federal André Vargas (sem partido-PR), investigado pela Polícia Federal pelas ligações com o doleiro Alberto Yousseff.

Após as relações de Vargas com o doleiro virem à tona, Padilha disse em entrevistas que, quando ministro, foi procurado algumas pelo deputado --que recém se desfiliou do PT-- para tratar da parceria com o Labogen, laboratório pertencente a Yousseff.

Questionado pelo jornalista Fernando Rodrigues sobre, nestas ocasiões, se nunca desconfiou do suposto lobby do deputado, Padilha disse que cumpriu seu papel ao orientá-lo a encaminhar a proposta ao Ministério da Saúde.

“Nunca desconfiei [de Vargas]. Ele era vice-presidente da Câmara. Se alguém tinha que desconfiar eram deputados de vários partidos que o elegeram, inclusive os da oposição. Cumpri meu papel de ministro. Se eu recebo o vice-presidente da câmara não posso fazer desconfiança a priori”, afirmou.

Padilha disse que seu advogado irá interpelar Vargas para que o deputado explique à Justiça as afirmações que fez em diálogo por SMS com Yousseff. Na conversa, o deptuado afirma que o ex-ministro indicou o nome de um ex-servidor do ministério para comandar o Labogen. A Polícia Federal suspeita que Yousseff procurava um nome que não gerasse suspeitas para comandar o laboratório.

“Meu advogado foi ao Paraná hoje e amanhã chega a Brasília para fazer uma interpelação direta ao deputado André Vargas porque naqueles trechos divulgados pela imprensa ele faz uma citação a mim que não é verdadeira”, declarou Padilha.

Quando perguntado sobre se Vargas faz algo de errado, Padilha afirmou não caber a ele se explicar. “Ele (Vargas) que se explique. Ele vai poder se explicar, tem o foro para isso”.

O ex-ministro afirmou não temer que seus adversários utilizem contra ele o episódio envolvendo Vargas. “Se o PSDB quiser continuar a apostar nessa tecla, como sempre apostou, vai perder aqui em São Paulo, como já perdeu nas eleições para o governo federal.”

Segurança e fechamento de hospitais

Ao longo do programa, Padilha procurou criticar a política de segurança pública do governo de Geraldo Alckmin (PSDB) e a exaltar o trabalho da Polícia Federal. Questionado sobre as falhas no monitoramento das fronteiras pela PF que permitem a entrada de drogas e armas no país, Padilha evitou responder e responsabilizou o governo Alckmin por não controlar as divisas do Estado.

Sobre o alto índice de violência em Estados governados pelo PT, o pré-candidato petistas disse que a realidade destas unidades é diferente da de São Paulo.

O ex-ministro também foi confrontado sobre o fechamento de quase 300 unidades hospitalares do SUS (Sistema Único de Saúde) nos últimos cinco anos e respondeu que “muitos desses hospitais eram manicômios”, sem, contudo, precisar a quantidade.

Mais Médicos, mensalão e Cuba

Padilha também evitou respostas diretas ao ser indagado sobre o salário pago aos profissionais do Mais Médicos e sobre as afirmações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que o julgamento do mensalão foi “80% político”. “A minha postura como gestor é nunca comentar a decisão de outro poder.”

Sobre o regime cubano, o ex-ministro afirmou: “não cabe a mim comentar o regime de outro país. Cabe a mim o meu compromisso com a democracia.”

Na entrevista, Padilha disse ainda que não tem plano de saúde. “Sempre optei por não ter.”