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Empreiteiras da Lava Jato têm R$ 6,2 bi em contratos com elétricas

Usina nuclear Angra 3, da Eletronuclear, empresa que tem contratos com empreiteiras do caso Lava Jato - Reprodução/AFP
Usina nuclear Angra 3, da Eletronuclear, empresa que tem contratos com empreiteiras do caso Lava Jato Imagem: Reprodução/AFP

Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasília

22/12/2014 06h00Atualizada em 29/12/2014 14h42

Empresas investigadas pela operação Lava Jato têm contratos no valor de R$ 6,2 bilhões com estatais do setor elétrico. Segundo levantamento feito pelo UOL, seis empreiteiras investigadas mantêm contratos com subsidiárias do sistema Eletrobras. Procuradores do caso Lava Jato investigam a atuação dessas empreiteiras em obras do setor de infraestrutura e o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) apura a existência de um esquema semelhante ao que foi apontado na Petrobras atuando no setor elétrico. Eletrobras e as empreiteiras negam irregularidades em seus contratos

O sistema Eletrobras é formado por 12 subsidiárias espalhadas por todo o país e atua no ramo de geração e distribuição de energia. Em 2013, a estatal teve um prejuízo de R$ 4 bilhões.

De acordo com levantamento feito pelo UOL, quatro subsidiárias da Eletrobras mantêm contratos com empreiteiras do caso Lava Jato: Furnas, Eletronuclear (responsável pelas usinas de Angra 1, Angra 2 e Angra 3), Amazonas Energia e Eletronorte.

As empreiteiras que mantêm contratos com as estatais são: Camargo Corrêa, Odebrecht, UTC, Andrade Gutierrez, Engevix e Queiroz Galvão. Executivos de todas as empresas exceto, exceto da Odebrecht e da Andrade Gutierrez, foram presos durante a sétima fase da operação Lava Jato, em novembro.A estatal com os maiores contratos com empresas da Lava Jato é a Eletronuclear. Somados, os nove contratos que a empresa firmou com as empreiteiras chegam a R$ 4,6 bilhões.

A Andrade Gutierrez, sozinha, é dona de um contrato no valor de R$ 1,4 bilhão referente às obras civis da usina de Angra 3, que deveria ter estar pronta em 2016, mas cujo início de funcionamento está previsto para 2018.

Investigação

A tese de que o esquema de cartel que, segundo o MPF (Ministério Público Federal), atuou em licitações da Petrobras também operava junto a outros órgãos públicos ganhou força após declarações dadas pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Costa é um dos principais delatores do esquema.

Em depoimento prestado à Justiça Federal do Paraná, o ex-diretor disse acreditar que o mesmo esquema de formação de cartel de empreiteiras que teria atuado junto à Petrobras também atuava em obras no setor energético. Costa citou Angra 3 como uma das obras nas quais ele disse acreditar que o sistema de cartelização ocorreu.

No início de dezembro, o presidente do Cade, Vinícius Marques de Carvalho, disse que o órgão analisa informações repassadas pela investigação da Lava Jato e investiga se as mesmas empresas acusadas de formação de cartel junto à Petrobras atuariam no setor de energia. 

“Existem algumas investigações sobre o setor elétrico aqui no Cade envolvendo supostos cartéis em licitações. De posse do material que foi compartilhado da operação, vamos analisar se há uma coincidência com as investigações que já estávamos fazendo", afirmou. 

O procurador federal Deltan Dallagnol, que investiga o esquema da Lava Jato, também disse, em entrevista coletiva há duas semanas, que havia  "indicativos de que essas empresas não só corromperam Petrobras, mas estão envolvidas em corrupção com outros órgãos públicos".