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PF investiga doações de tesoureiro do PT a pessoas ligadas à Petrobras

O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, chega à Superintendência Regional da Polícia Federal em SP - Felipe Rau/Estadão Conteúdo
O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, chega à Superintendência Regional da Polícia Federal em SP Imagem: Felipe Rau/Estadão Conteúdo

Bruna Borges

Do UOL, em Curitiba

05/02/2015 10h47Atualizada em 05/02/2015 16h34

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quinta-feira (5) mais uma etapa da operação Lava Jato para investigar doações solicitadas pelo tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, a suspeitos de operar remessas para pagamento de propina envolvendo a diretoria de Serviços da Petrobras.

“Nós queremos saber informações a respeito de doações que ele solicitou, legais ou ilegais, envolvendo pessoas que mantinham contratos com a Petrobras. Esse é o motivo pelo qual ele está sendo ouvido no momento”, disse Carlos Fernando dos Santos Lima, procurador-regional da República em São Paulo. Lira disse que a Polícia Federal tem "informações de doações legais e ilegais de pessoas que tinham contratos com a Petrobras. Os recursos nem sempre passam por destino legal."

O procurador-geral disse que ainda não pode afirmar sobre o destino das doações e ressaltou que, apesar das suspeitas, algumas delas podem ser legais. A operação de hoje pretende levantar provas para dar sustentação ao depoimento. 

Vacarri mora em São Paulo e foi levado para dar depoimento na Superintendência da PF na Lapa. Por volta das 12h30, ele deixou o local em um táxi sem falar com a imprensa. A nova ação está ocorrendo em São Paulo, no Rio, na Bahia e em Santa Catarina.

Os agentes da PF estão cumprindo um mandado de prisão preventiva, no Rio; três de temporária, em Santa Catarina; 18 conduções coercitivas (incluindo a de Vaccari) e 40 de busca e apreensão. São 62 mandados no total.

Os dois presos foram o sócio da Arxo, Gilson João Pereira, e o diretor financeiro da empresa, Sérgio Ambrósio Maçanerro. Os dois estavam em Itajaí (SC) e são acusados de envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras.

Os presos serão encaminhados para a Superintendência da PF em Curitiba até o final do dia de hoje. Um mandado de prisão temporária não foi cumprido porque a pessoa procurada está no exterior, mas sua passagem de volta está marcada para ocorrer nesta tarde. Segundo a PF, por este motivo a pessoa ainda não é considerada foragida. A prisão preventiva ainda não foi cumprida porque a pessoa ainda não foi localizada. Os nomes dos procurados nos mandados não foram revelados.

Em fases anteriores da Lava Jato foram presos os ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa, Renato Duque e Nestor Cerveró, e executivos de importantes empreiteiras do país. Dos ex-diretores, apenas Duque não permanece preso. Segundo o Ministério Públicos Federal, não há provas contra ele para que uma nova prisão seja decretada.

A nona fase da operação Lava Jato foi batizada de "My Way", apelido pelo qual era conhecido Renato Duque segundo o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco. Barusco relatou que ele e Duque receberam propina em mais de 60 contratos da estatal.

Em nota oficial, o PT negou receber doações ilegais. "As novas declarações de um ex-gerente da Petrobras, divulgadas hoje, seguem a mesma linha de outras feitas em processos de 'delação premiada' e que têm como principal característica a tentativa de envolver o partido em acusações, mas não apresentam provas ou sequer indícios de irregularidades e, portanto, não merecem crédito. Os acusadores serão obrigados a responder na Justiça pelas mentiras proferidas contra o PT."