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Operação Lava Jato trouxe aprendizados à Petrobras, diz Graça Foster

Bruna Borges

Do UOL, em Brasília

26/03/2015 11h15

A ex-presidente da Petrobras Maria das Graças Foster afirmou nesta quinta-feira (26) que a estatal tomou ações preventivas para evitar a contratação de empresas suspeitas de formação de cartel após a deflagração da Operação Lava Jato.

“A operação Lava Jato levou a Petrobras a determinadas situações preventivas em relação à contratação de empresas que tivessem sido apontadas pelos órgãos de controle como parte de um cartel. Só isso já impede atualmente que a Petrobras possa continuar contratando-as, mas eu sei que o governo vem atuando fortemente para garantir esses 100 mil empregos da indústria naval offshore, que nos custou muito para chegar ao nível que nós chegamos", disse Graça em depoimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investiga a petrolífera.

Graça também disse que a operação Lava Jato "está trazendo muito aprendizados" para Petrobras.

"Se evidencia também para a vossa senhoria de que o esquema de corrupção se formou numa relação fora da empresa Petrobras?”, questionou o petista Luiz Sérgio, relator da CPI. "O esquema de corrupção se formou fora da Petrobras", respondeu Graça Foster. O ex-presidente da estatal Sérgio Gabrielli também defendeu essa tese em depoimento à CPI na semana passada.

Esta é a quinta vez que Graça é ouvida no Congresso Nacional para dar explicações sobre as suspeitas de irregularidades na Petrobras. Mas é o primeiro depoimento dela fora da presidência da estatal, pois Graça deixou o comando da empresa em fevereiro. Ela entrou na sala da CPI escoltada por parlamentares petistas e três advogados.

A ex-presidente comentou brevemente a declaração do ex-gerente Pedro Barusco que disse, em delação premiada, que começou a receber propina entre 1997 e 1998, época da gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) tenha ocorrido de maneira "isolada" sem participações de outras pessoas. "Eu não consigo imaginar como pode ser verdadeira a fala do Barusco de que ele sozinho recebia propina. Eu não consigo entender isso de forma alguma", afirmou.  

“Não foi a Petrobras que descobriu corrupção na Petrobras”, disse. “Entendo que o descobridor foi a Polícia Federal, foi o Ministério Público Federal, que descobriram [o esquema], a ser confirmado o cartel e tudo posto na mídia. O grande descobridor foi a Polícia Federal”, afirmou Graça. Em depoimentos anteriores, a executiva havia dito que não foram detectadas irregularidades em auditorias internas da petrolífera.

"A operação Lava Jato atrasa nosso balanço, isso dificulta o acesso ao mercado financeiro. Mas em 2014, a equipe Petrobras bateu recorde de produção de óleo, gás, refino, geração de energia elétrica. [..] Além das dificuldades que nós passamos e continuamos passando. O potencial é grande e vamos superar”, afirmou a executiva.

Inicialmente, o relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), fez perguntas sobre aspectos técnicos da Petrobras, o que gerou críticas dos deputados que querem questionamentos sobre as irregularidades.

Nas ocasiões anteriores, a executiva isentou a presidente Dilma Rousseff de responsabilidade nos desvios da empresa. A presidente comandou o Conselho de Administração da Petrobras entre 2003 e 2010.

Na época, Graça também criticou a compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, pois, segundo ela, o negócio seria apenas “potencialmente bom”. Ela disse ainda que podem ser recuperados total ou parcialmente os prejuízos causados pela compra. Para a oposição, seus depoimentos não trouxeram novidades para as investigações dos parlamentares.

"Eu entrei aqui nas outras CPIs, em audiências, com muito mais coragem do que entro hoje aqui. Poderiam ter toda as suspeitas mas não tinha os fatos que estão aí pra serem apurados, evidentemente. eu tenho realmente um constrangimento muito grande por tudo isso, de olhar pra vocês", declarou hoje.