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Queda de popularidade faz 'centrinho' querer se descolar de Bolsonaro

Sessão da Câmara, em maio - Ag. Câmara
Sessão da Câmara, em maio Imagem: Ag. Câmara

Guilherme Mazieiro

Do UOL, em Brasília

10/09/2019 04h01Atualizada em 10/09/2019 13h34

A queda de popularidade de Jair Bolsonaro (PSL) levou à mudança na estratégia de quatro siglas que ensaiavam aproximação com o governo, mas agora querem demonstrar autonomia e definir limites do apoio a Bolsonaro.

Com 31 dos 513 parlamentares da Câmara, o bloco informal composto por Podemos, Cidadania, Novo e PV é apelidado de "centrinho" no Congresso, em alusão ao chamado "centrão" - grupo que reúne DEM, PP, PL, PSD, PRB e Solidariedade.

Apesar de refutarem o apelido e a existência formal do bloco, integrantes das quatro siglas coincidem na movimentação: assumiram com discurso de independência ao governo, chegaram a atuar juntos em defesa de pautas de interesse do governo e agora adotam postura crítica em relação aos últimos episódios.

"Vamos contribuir com o Brasil. O governo Bolsonaro cria crise todos os dias e não acumula mais capital interno e externo. Como já disseram, é uma fábrica de crises", disse o líder do Podemos, José Nelto (GO).

Em meio à escalada de polêmicas, o Diretório Nacional do Partido Novo lançou nota nas redes sociais para dizer que o ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente), filiado à sigla, não está no governo por indicação partidária. Salles enfrenta crise por conta de incêndios na Amazônia e da repercussão internacional sobre o Brasil.

"O que importa é o que tem convergência, e temos votado em conjunto com o governo. Não temos esse problema, desde o primeiro dia sempre dissemos ser independentes. Não tem afastamento, nem aproximação com o governo", disse o líder do Novo, Marcel Van Hattem (RS).

O parlamentar evitou comentar declarações polêmicas de Bolsonaro que repercutiram internacionalmente. E afirmou que a intenção do grupo não é formalizar um bloco, mas tentar viabilizar condições de partidos menores terem expressão.

"O que talvez esteja acontecendo é postura dentro do partido do presidente de ataques aos que podem ser parceiros. A gente está pedindo para que isso não aconteça. Há muitos deputados do PSL atacando deputados do Novo", considerou Van Hattem (RS).

Transformação

A líder do PV, Leandre Dal Ponte (PR), disse que o governo, na prática, é diferente das propostas iniciais.

"Hoje, há um governo que é totalmente oposto àquilo que se tinha. E ele tem mexido em coisas que eu, particularmente, acho um absurdo. A gente vinha de um momento que se falava muito de participação social dentro das decisões e políticas públicas. E bem ou mal, muitas pessoas participavam. E teve o decreto que acabou com muitos conselhos de participação da sociedade. Isso vai trazendo desgaste, revolta das pessoas", considerou Leandre.

Ela questionava as mudanças feitas por Bolsonaro que diminuíram o número de assentos em diversos conselhos e murcharam a participação social nesses grupos.