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Flávio Bolsonaro chamou Queiroz de 'cara correto' em vídeo no mês passado

Do UOL, em São Paulo

18/06/2020 11h09

Em vídeo publicado em suas redes sociais no dia 26 de maio, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) defendeu o ex-assessor Fabrício Queiroz, preso hoje em Atibaia (SP), chamando-o de "cara correto e trabalhador".

A gravação foi uma resposta ao governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), que, após ser alvo de uma operação da Polícia Federal naquele dia, disse que Flávio deveria estar preso.

No vídeo, o parlamentar afirmou que se arrependia de ter apoiado Witzel na eleição de 2018 e disse que, durante a campanha, o hoje governador ligava para Queiroz para tentar localizá-lo. (A frase pode ser ouvida a partir de 7min31s).

"Você ficava ligando para o Queiroz, botava assessor para ligar para ele, para saber onde eu estava para ir atrás de mim na campanha. Porque sabia que o Queiroz estava do meu lado, trabalhando, um cara correto, trabalhador, dando o sangue por aquilo que ele acredita", disse.

Prisão de Queiroz

Queiroz, que atuou como assessor de Flávio quando ele era deputado estadual no Rio de Janeiro, foi preso nesta manhã em um imóvel que pertence a Frederick Wassef, advogado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e do agora senador.

A prisão é preventiva, ou seja, sem prazo. Policiais também realizaram busca e apreensão no local.

O delegado da Polícia Civil de São Paulo Osvaldo Nico Gonçalves, que participou da prisão, disse que o caseiro do local informou que Queiroz estava na casa do advogado há cerca de um ano.

A operação, batizada de Anjo, cumpriu ainda outras medidas autorizadas pela Justiça relacionadas ao inquérito que investiga suposto esquema de rachadinha.

No Twitter, Flávio disse que encara a prisão com "tranquilidade" e que "a verdade prevalecerá". Segundo ele, trata-se de "mais uma peça no tabuleiro" para atacar o presidente.

Quem é Fabrício Queiroz

O ex-assessor Fabrício Queiroz passou a ser investigado em 2018 depois que um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) indicou movimentação financeira atípica dele, que é amigo do presidente desde 1984.

Policial reformado ele, que havia atuado como motorista e assessor do então deputado estadual, movimentou R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. O último salário de Queiroz na Alerj fora de R$ 8.517. Ele também recebeu transferências em sua conta de sete servidores que passaram pelo gabinete de Flávio.

As movimentações atípicas, que vieram à tona num braço da Operação Lava Jato, levaram à abertura de uma investigação pelo MP do Rio.

Uma das transações envolve um cheque de R$ 24 mil depositado na conta da hoje primeira-dama Michelle Bolsonaro. O presidente se limitou a dizer que o dinheiro era para ele, e não para a primeira-dama, e que se tratava da devolução de um empréstimo de R$ 40 mil que fizera a Queiroz. Alegou não ter documentos para provar o suposto favor.

Em entrevista ao SBT em 2019, Queiroz negou ser um "laranja" de Flávio. Segundo ele, parte da movimentação atípica de dinheiro vinha de negócios como a compra e venda de automóveis. "Sou um cara de negócios, eu faço dinheiro... Compro, revendo, compro, revendo, compro carro, revendo carro. Sempre fui assim", afirmou na ocasião.