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Sergio Moro e ministro André Mendonça trocam farpas por Bolsonaro

Presidente Jair Bolsonaro e ex-ministro da Justiça Sergio Moro - ADRIANO MACHADO
Presidente Jair Bolsonaro e ex-ministro da Justiça Sergio Moro Imagem: ADRIANO MACHADO

Do UOL, em São Paulo

28/12/2020 21h10Atualizada em 29/12/2020 11h04

O ex-ministro Sergio Moro e o atual ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, trocaram farpas por meio de mensagens publicadas na noite de hoje no Twitter.

A confusão começou depois que Moro criticou a atuação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no combate à pandemia da covid-19, além da demora para o início da vacinação. Mendonça tomou as dores do chefe do Executivo e decidiu defendê-lo publicamente.

"Vi que Moro perguntou se havia presidente em Brasília? Alguém que manchou sua biografia tem legitimidade para cobrar algo? Alguém de quem tanto se esperava e entregou tão pouco na área da Segurança? Quer cobrança? Por que em 06 meses apreendemos mais drogas e mais recursos desviados da corrupção que em 16 meses de sua gestão?", escreveu Mendonça. (Leia as mensagens abaixo)

Em seguida, Moro rebateu o seu sucessor na pasta dizendo que ele não teve autonomia nem de escolher o diretor da Polícia Federal.

"Ministro, o senhor nem teve autonomia de escolher o Diretor da PF ou de defender a execução da pena da condenação em segunda instância (mudou de ideia?), então me desculpe, menos. Faça isso e daí conversamos."

Não demorou muito para Mendonça responder o ex-juiz. Ele afirmou que defendeu "a execução da pena a partir da condenação em 2ª instância" e que apoia o atual diretor da PF, Rolando Alexandre, "até porque sua gestão tem resultados muito melhores que a anterior".

"Agora, se não por mim, mas por sua biografia e pelo povo brasileiro: por que sua gestão tem resultados bastante inferiores aos da minha gestão?", acrescentou.

Por fim, Mendonça ainda questionou Moro por escolher trabalhar como consultor para a Alvarez & Marsal, que já faturou R$ 17,6 milhões com o processo de recuperação judicial do grupo Odebrecht.

"Trabalho não para dar entrevistas, para dar mais resultados que opiniões, para tirar menos fotos, para tirarmais recursos do crime organizado. É salutar para o país comparar gestões. Vamos?."

Bolsonaro anunciou o então advogado André Luiz de Almeida Mendonça como novo ministro da Justiça e Segurança Pública, em substituição a Moro, ainda no mês de abril. Além de Mendonça, Bolsonaro também anunciou na época Alexandre Ramagem para o cargo de diretor-geral da Polícia Federal.

Mendonça comandava a AGU (Advocacia Geral da União) antes da nomeação para a Justiça e ganhou destaque no noticiário em meados do ano passado, depois que Bolsonaro cogitou a indicação de seu nome ao STF (Supremo Tribunal Federal). O presidente disse que ele se encaixava na definição "terrivelmente evangélico".

Mendonça substituiu Sergio Moro, que pediu demissão e declarou, na ocasião, que deixava o cargo após Bolsonaro ter exonerado o diretor-geral da PF Maurício Leite Valeixo. O ex-juiz federal acusou o presidente de interferir politicamente no órgão, o que gerou uma crise política no governo.