Topo

Esse conteúdo é antigo

Após Twitter banir Trump, Ernesto Araújo fala em "liberdade de expressão"

Ernesto Araújo discursa em evento em Washington, em 2019: chanceler reproduziu trechos da Declaração Universal dos Direitos Humanos - Eric Baradt - 11.set.2019/AFP
Ernesto Araújo discursa em evento em Washington, em 2019: chanceler reproduziu trechos da Declaração Universal dos Direitos Humanos Imagem: Eric Baradt - 11.set.2019/AFP

Do UOL, em São Paulo

09/01/2021 09h08

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, reproduziu em seu perfil de Twitter três trechos da Declaração Universal dos Direitos Humanos que tratam de assuntos como liberdade de expressão e eleições.

A postagem ocorreu poucas horas depois de o Twitter anunciar o banimento do perfil do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por causa de mensagens relacionadas à invasão de seus apoiadores ao Congresso americano na quarta-feira (6). No dia seguinte, o chanceler, que é alinhado com a política de Trump, já havia se manifestado sobre o episódio em uma mensagem contestada por diplomatas brasileiros.

Ernesto Araújo republicou o preâmbulo, o artigo 19 e uma parte do artigo 21 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotado pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 1948 como um delineador dos direitos humanos básicos.

Vale lembrar, porém, que o banimento de Trump das redes sociais está relacionado à propagação de informações falsas relativas ao processo eleitoral americano, inclusive no dia marcado pela invasão do Congresso por seus apoiadores. Cinco pessoas morreram na ocasião, sendo que o discurso do presidente americano em manifestações em Washington e nas redes sociais insuflou a multidão.

Da mesma forma, apesar de Ernesto reproduzir o trecho da declaração que fala em "eleições honestas", o pleito nos Estados Unidos que teve a vitória de Joe Biden sobre Donald Trump não teve nenhuma fraude provada, sendo que todas as alegações feitas pelo republicano foram rejeitadas na justiça americana.

"Infiltrados"

Ernesto Araújo já havia causado polêmica ao se manifestar na tarde de quinta-feira (07) sobre a invasão ao Congresso, em mensagem bastante criticada por opositores. Ele lamentou e condenou o ocorrido, mas também defendeu o direito do povo americano de se manifestar sobre o assunto, fez afirmações sem provas e até cogitou a existência de infiltrados no protesto.

Apesar de dizer que era preciso "lamentar e condenar a invasão da sede do Congresso ocorrida nos EUA ontem", Ernesto Araújo levantou teorias não comprovadas e sem nenhum indício sobre "infiltrados" e pediu investigações sobre as mortes ocorridas na invasão.

Apesar da maioria dos líderes mundiais condenarem os protestos, Ernesto defendeu os direitos dos americanos de se manifestarem contra o resultado das eleições americanas e alegou que "grande parte do povo americano se sente agredida e traída por sua classe política e desconfia do processo eleitoral". Porém, não especificou pesquisas que respaldam sua argumentação.

O chanceler brasileiro reclamou do uso do termo "fascistas" e gerou muitas críticas ao se referir aos manifestantes como cidadãos de bem. "Há que parar de chamar "fascistas" a cidadãos de bem quando se manifestam contra elementos do sistema político ou integrantes das instituições", disse.

Manifestantes pró-Trump invadem Congresso nos EUA

Trump é acusado de incitar invasão ao Congresso

Na quarta-feira, Trump tentava convencer a maioria do Congresso a se recusar a certificar parte dos votos conquistados pelo democrata Joe Biden nas eleições de 2020 por meio de postagens no Twitter. O presidente pressionou seu vice, Mike Pence, que presidiu a sessão, a não certificar a vitória rival. Em resposta, Pence declarou não ter poder para invalidar os resultados da urna.

Após Trump discursar a apoiadores afirmando, sem provas, que as eleições foram fraudadas, o Capitólio — prédio onde fica o Congresso americano — foi invadido por um grupo que interrompeu a sessão de certificação de Biden. O vice-presidente e parlamentares que estavam no edifício foram retirados às pressas por seguranças e muitos tiveram de se esconder atrás de móveis. Cinco pessoas morreram.

A plataforma também foi usada pelo presidente para se dirigir a seus apoiadores e divulgar imagens das manifestações. Durante os atos, Trump pediu, no Twitter, que os manifestantes não atacassem a polícia e que retornassem às suas casas. No entanto, em vez de criticá-los, ele disse "entender a dor" dos apoiadores, chamando-os de "especiais".

Trump, seu filho Donald Trump Jr, e seu advogado Rudy Giuliani — ex-prefeito de Nova York — podem ser investigados por incitarem a invasão ao Capitólio. Em entrevista à emissora ABC, na manhã de hoje, o procurador-geral de Washington DC, Karl Racine, afirmou que o trio ajudou a disseminar a ideia de "justiça combativa" nos manifestantes.