Troca de notas oficiais não ajuda a 'encher barriga', diz Arthur Lira
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse hoje que as "cordas foram esticadas" no mundo virtual, classificado por ele como uma "realidade paralela", mas que os trabalhos na "vida real" seguem diferentes, com articulação e discussão.
"O embate das redes e das trocas de notas oficiais com afirmações e desmentidos não ajuda a encher barriga", afirmou o deputado federal alagoano em artigo publicado hoje no site do jornal carioca O Globo.
Para Lira, o embate nas trocas de acusações no mundo virtual "não apoia ou acolhe quem precisa, não gera postos de trabalho, não baixa o preço do gás de cozinha ou gasolina, muito menos acelera os números de brasileiros vacinados".
"Esses problemas legítimos só são enfrentados com diálogo e articulação. E, movido pela vontade de resolvê-los ou mitigá-los, refuto qualquer possibilidade de aventura contra a democracia", prosseguiu o parlamentar.
O artigo de Lira vem um contexto de crise entre o Executivo — representado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) — e o Judiciário — representado pelo STF (Supremo Tribunal Federal), especialmente pelos ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso.
Na última sexta-feira (20), cumprindo o que já havia prometido, Bolsonaro apresentou ao Senado um pedido de impeachment contra Moraes, se tornando o primeiro presidente da República a pedir formalmente a destituição de um ministro do STF.
No documento encaminhado ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que já indicou que não deve levar o pedido adiante, Bolsonaro disse que o Judiciário tem atuado como um "ator político" e questionou a condução de Moraes em um inquérito sobre fake news.
Em 13 de junho, o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, foi preso preventivamente após determinação de Moraes. O ex-deputado federal é suspeito de integrar uma milícia digital que atua contra a democracia e o STF.
Já na última sexta-feira, o cantor sertanejo Sérgio Reis, o deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ) — ambos bolsonaristas —, entre outros, foram alvos de uma operação da PF (Polícia Federal). Os mandados também foram expedidos por Moraes.
Contra Reis, a operação foi motivada após, em vídeo que viralizou nas redes sociais, o cantor sertanejo convocar, para 7 de setembro, uma greve nacional de caminhoneiros para protestar contra todos os ministros do STF.
"Se em 30 dias eles (Senado) não tirarem aqueles caras [do STF], nós vamos invadir [o prédio do Supremo], quebrar tudo e tirar os caras na marra", exclamou o cantor na gravação.
Bolsonaro planeja estar presente em manifestações agendadas para 7 de setembro, vistas com preocupação entre militares, pela OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil em São Paulo) e por governadores, que temem uma politização bolsonarista nas polícias militares.
Ontem, governadores de 24 estados e do Distrito Federal enviaram um convite ao presidente Bolsonaro e aos demais chefes dos Poderes — incluindo Lira — para um encontro de pacificação de relações.
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