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Lira rechaça risco de ruptura institucional: 'Não haverá nada no 7/9'

"Nós estamos sempre em busca de dar apoio à democracia", assegurou Lira - Gabriela Biló/Estadão Conteúdo
'Nós estamos sempre em busca de dar apoio à democracia', assegurou Lira Imagem: Gabriela Biló/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo *

27/08/2021 11h35Atualizada em 27/08/2021 13h22

Em fala para tranquilizar os ânimos do mercado, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse que não deve ocorrer nenhum gesto de golpe ou ruptura institucional em protestos bolsonaristas agendados para 7 de setembro.

"Só se fala em 7 de setembro. O humor das bolsas dos mercados está na hipótese do 7 de setembro. Pelo amor de Deus, não haverá nada no 7 de setembro", disse Lira em evento patrocinado pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos).

"A gente tem que se esforçar para que os movimentos de rua aconteçam e sejam pacíficos. Grandes ou pequenos, isso é irrelevante", defendeu o deputado alagoano. "Não haverá ruptura institucional", assegurou o presidente da Câmara em outro momento do evento.

Lira também disse que "a antecipação do processo eleitoral machuca o país", no sentido de que as disputas polarizadas no campo político estão comprometendo a retomada da economia brasileira.

"Temos uma polarização nociva ao Brasil. É uma briga de Justiça com Executivo, e temos que ter toda a paciência do mundo para que isso seja diluído, com muita conversa, para que o Brasil possa deslanchar", argumentou.

Bolsonaro planeja estar presente em manifestações agendadas para 7 de setembro, vistas com preocupação entre militares, pela OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil em São Paulo) e por governadores, que temem uma politização bolsonarista nas polícias militares.

Os atos bolsonaristas vêm um contexto de crise entre o Executivo — representado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) — e o Judiciário — representado pelo STF (Supremo Tribunal Federal), especialmente pelo ministro Alexandre de Moraes.

Na última sexta-feira (20), cumprindo o que já havia prometido, Bolsonaro apresentou ao Senado um pedido de impeachment contra Moraes, se tornando o primeiro presidente da República a pedir formalmente a destituição de um ministro do STF.

No documento encaminhado ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que já decidiu por rejeitar e arquivar o pedido, Bolsonaro disse que o Judiciário tem atuado como um "ator político" e questionou a condução de Moraes em um inquérito sobre fake news.

Em 13 de junho, o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, foi preso preventivamente após determinação de Moraes. O ex-deputado federal é suspeito de integrar uma milícia digital que atua contra a democracia e o STF.

Já na última sexta-feira, o cantor sertanejo Sérgio Reis, o deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ) — ambos bolsonaristas —, entre outros, foram alvos de uma operação da PF (Polícia Federal). Os mandados também foram expedidos por Moraes.

Contra Reis, a operação foi motivada após, em vídeo que viralizou nas redes sociais, o cantor sertanejo convocar, para 7 de setembro, uma greve nacional de caminhoneiros para protestar contra todos os ministros do STF.

"Se em 30 dias eles (Senado) não tirarem aqueles caras [do STF], nós vamos invadir [o prédio do Supremo], quebrar tudo e tirar os caras na marra", exclamou o cantor na gravação.

Na última segunda-feira (23), governadores de 24 estados e do Distrito Federal enviaram um convite ao presidente Bolsonaro e aos demais chefes dos Poderes — incluindo Lira — para um encontro de pacificação de relações.

* Com informações da Estadão Conteúdo, em Brasília, e da Reuters, em São Paulo