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"Se o povo decidir que é Lula, tá decidido e morreu o assunto", diz Temer

Michel Temer participa do programa Roda Viva - Reprodução/TV Cultura
Michel Temer participa do programa Roda Viva Imagem: Reprodução/TV Cultura

Do UOL, em São Paulo

28/09/2021 00h01

Questionado se compartilha da ideia de que é preciso evitar o retorno do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao poder, o ex-presidente Michel Temer (MDB) afirmou hoje que "não" e que essa seria "uma decisão do povo" e "morreu o assunto", durante entrevista concedida ao "Roda Viva", da TV Cultura.

"Não. Acho que essa é uma decisão do povo. É o povo quem tem que decidir. Por exemplo: se for se basear na pesquisa atual, tudo indica que boa parte dos votos irão para o Lula, não é? Eu não teria nenhuma objeção... Se o povo decidir que é o Lula, tá decidido e morreu o assunto", respondeu ele aos jornalistas.

Pesquisa Ipec divulgada na semana passada mostrou o ex-presidente Lula liderando o primeiro turno das eleições presidenciais de 2022 em dois cenários distintos, com mais de 20 pontos percentuais de vantagem para o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

De acordo com levantamento, no primeiro cenário, por exemplo, Lula aparece com 48% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro tem 23%. Considerando a margem de erro de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, o petista poderia chegar a 50%, no limite para ser eleito em primeiro turno. Já Bolsonaro ficaria com, no máximo, 25% pela margem de erro.

Temer foi vice na chapa da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), mas assumiu o Poder depois do processo de impeachment sofrido pela petista em 2016.

Temer desmente Bolsonaro

Durante o programa, Michel Temer também desmentiu fala do presidente Jair Bolsonaro feita durante entrevista à revista "Veja", sobre quem ligou para quem antes do encontro que resultou em carta aberta na qual o atual chefe do executivo declara o seu respeito às instituições brasileiras, dois dias após um discurso golpista no 7 de Setembro.

À publicação, Bolsonaro disse que a iniciativa do telefonema partiu "do Temer". Versão, esta, não confirmada pelo emedebista. "Eu li a entrevista [dada pelo presidente a] 'Veja' e, em dado momento, ele diz que 'e houve o telefonema do Temer' (...) Quando chegou na quarta-feira, dia 8, eu fixei bem o horário, o presidente me ligou. Eu não falava com ele há uns 8 ou 9 meses. E ele me disse: 'e aí presidente, o que achou do movimento de ontem [7 de setembro]?", relatou Temer, durante entrevista ao programa "Roda Viva", da TV Cultura.

"[Eu acho que o saldo do encontro] foi positivo, porque, nos dias seguintes, em uma reunião que ele fez, em uma solenidade, ele produziu uma frase muito significativa: 'legislativo, executivo e judiciário formam um corpo só, governam juntos'. Então foi um passo estupendo. Mesmo na entrevista à 'Veja', ele amenizou muito a situação", completou.

O passo atrás dado por Bolsonaro aconteceu após o envolvimento direto do ex-presidente Michel Temer, acionado pelo Planalto numa tentativa de debelar a crise institucional com o STF (Supremo Tribunal Federal) e o Congresso Nacional. Antes da divulgação de nota, Bolsonaro conversou por telefone com o ministro do Supremo Alexandre de Moraes — a ligação também foi mediada pelo ex-presidente.

Intitulada "Declaração à Nação", a nota oficial do governo Bolsonaro foi divulgada após o encontro de Bolsonaro com Temer em Brasília — segundo a assessoria do ex-presidente, ele ajudou a redigir o documento e foi para Brasília em um avião da FAB enviado a São Paulo para buscá-lo.

'Não pensei em salvar Bolsonaro de impeachment'

O emedebista disse ainda que sentiu um clima muito negativo na semana do 7 de Setembro, mas ressaltou que nem pensou na história do impeachment ao combinar encontro com presidente.

"Senti um clima muito negativo no país. Evidentemente, em face a provocação do presidente, eu não poderia me omitir. Vi, naquele momento, uma oportunidade de 'distensionar' as questões todas", disse Temer. "Eu não me arrependo minimamente do que fiz. Nem estava no meu projeto. Não pensei [em 'salvar' Bolsonaro de impeachment]. Eu pensei em distensionar o país".