Afastado pela Justiça, governador do TO já foi preso por pensão em 2015
O governador do Tocantins, Mauro Carlesse (PSL-TO), é natural do Paraná, fez fortuna como empresário, já foi preso por não pagamento de pensão alimentícia e, antes de ser eleito para comandar o estado do Norte, já o havia governado de forma interina.
Hoje, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) ordenou o afastamento de Carlesse por um período de seis meses em razão de uma suposta obstrução de investigações sobre um suposto caso de corrupção no Plansaúde (Plano de Saúde dos Servidores do Estado do Tocantins).
O governador afastado também foi alvo de cumprimentos de mandados de busca e apreensão de duas operações deflagradas hoje pela PF (Polícia Federal). De acordo com o STJ e a PF, as ações visam desarticular o grupo suspeito de obstruir as investigações.
Mais cedo, o UOL entrou em contato com a assessoria do governo do Tocantins para obter um posicionamento sobre o afastamento de Carlesse. O espaço segue aberto.
Leia mais sobre Carlesse, o governador afastado pelo STJ:
De Terra Boa a Gurupi
Carlesse nasceu em Terra Boa, município a cerca de 75 km de Maringá (PR) e a 465 km de Curitiba, mas se firmou como empresário e político em Gurupi, no interior do Tocantins e a cerca de 210 km de Palmas.
No início da década, o hoje governador do TO assumiu o comando da presidência do Sindicato Rural de Gurupi, posto que o impulsionou a, um ano depois, buscar a eleição como prefeito do município.
Filiado ao PV, Carlesse foi derrotado no pleito municipal de 2012 para o adversário Laurez Moreira, integrante, na época, do PSB, por 57% votos válidos a 43%.
Prisão na Assembleia
Em 2014, já no PTB, Carlesse alcançou o posto de deputado estadual, primeiro cargo político do hoje governador, que o ajudou a se projetar pelos quatro anos seguintes.
Em julho de 2015, no primeiro ano como deputado estadual, Carlesse, que estava separado de Rosângela Catarina Kiriliuk, ex-esposa dele, ficou detido em uma sala da própria Assembleia Legislativa por não pagar pensão alimentícia.
O então deputado estadual só foi solto quase um mês depois. Posteriormente, as defesas de Carlesse e Rosângela chegaram a um acordo — o então deputado pagaria R$ 400 mil a ex-mulher, além de transferir algumas propriedades a ex-esposa.
Após o episódio, Carlesse seguiu o mandato na Assembleia Legislativa até que, em 2017, já integrando o quadro de filiados do PHS, ele se tornou presidente da Casa, posto que o colocaria, um ano depois, no comando interino do estado do Tocantins.
Governo interino
Em março de 2018, enquanto presidente da Assembleia Legislativa, o empresário viu o TSE cassar o mandato do então governador e da então vice-governadora do TO, respectivamente Marcelo Miranda e Cláudia Lélis.
No entendimento do TSE, a chapa encabeçada por Miranda praticou arrecadação ilegal de recursos — leia-se: caixa 2 —, inclusive com uso de contas laranjas, uma delas de um estagiário do governo estadual.
Seguindo a linha de sucessão, Carlesse assumiu interinamente o Executivo do Tocantins em 27 de março, mas deixou o posto pouco tempo depois, em 6 de abril, após uma decisão provisória da Justiça reconduzir Miranda e Lélis ao governo estadual.
Posteriormente, porém, o TSE negou o recurso, e a Miranda e Lélis foram, novamente, cassados. Carlesse, então, voltou ao cargo de governador interino do TO, que ele ocuparia até a eleição convocada fora do tradicional período eleitoral e agendada para junho daquele ano.
Duas eleições em um só ano
Carlesse se candidatou a governador no pleito fora de época e venceu, em segundo turno, o candidato Vicentinho Alves, por 75% votos válidos a 25%, para um mandato de menos de um ano, até o fim de 2018.
Antes do segundo turno, porém, Carlesse chegou a ser alvo de uma operação da PF (Polícia Federal). Investigações do órgão apontavam suspeitas de que o hoje governador teria liberado verbas a parlamentares com o intuito de angariar apoio político no primeiro turno.
Em outubro de 2018, Carlesse buscou a reeleição nas eleições gerais e venceu o pleito ainda em primeiro turno, ao alcançar 58% dos votos válidos e deixar para trás o adversário Carlos Amastha (PSB), com 31%.
Nas eleições de outubro, Mauro Carlesse se manteve neutro e não declarou apoio a nenhum candidato na eleição presidencial, seja no primeiro ou no segundo turno.
Político de milhões
Nas eleições de 2018, Carlesse declarou R$ 1,8 milhão em bens ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), valor consideravelmente menor do que o que havia sido declarado em 2012 (R$ 32,3 milhões) e em 2014 (R$ 35,3 milhões).
Em 2018, o UOL revelou que Carlesse havia entregado à ex-esposa propriedades que não constavam na declaração de bens que ele havia dado à Justiça Eleitoral para concorrer na eleição suplementar de junho daquele ano.
No processo de divórcio, Rosângela Catarina Kiriliuk disse que o hoje governador afastado usava laranjas para esconder o próprio patrimônio, que, na verdade, teria um valor de aproximadamente R$ 100 milhões.
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