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Após internação, filhos e aliados de Bolsonaro citam facada e pedem orações

Luciana Amaral e Lucas Valença

Do UOL, em Brasília

03/01/2022 11h58Atualizada em 03/01/2022 13h15

Após o presidente Jair Bolsonaro (PL) ser internado em um hospital particular de São Paulo com quadro de obstrução intestinal, familiares e aliados citaram a facada sofrida por ele durante a campanha eleitoral de 2018 e pediram orações.

Bolsonaro relatou que chegou ao hospital Vila Nova Star por volta das 3h de hoje. Ele passou mal após o almoço de ontem (2). "É a segunda internação com os mesmos sintomas, como consequência da facada e 4 grandes cirurgias", escreveu o presidente, nas redes sociais.

Bolsonaro estava antes com a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e a filha Laura de folga em São Francisco do Sul, em Santa Catarina, desde 27 de dezembro. Ontem, ele publicou, em seu perfil no Facebook, mais um vídeo em que passeia na praia com apoiadores. Pelo sétimo dia seguido, o presidente fez uma aparição pública e, cercado de apoiadores, causou aglomerações.

Familiares e aliados ressaltam facada

Nos trending topics do Twitter, um dos filhos do presidente, o vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos), voltou a tentar associar a facada recebida pelo então candidato à Presidência da República durante a campanha eleitoral de 2018 ao PSOL, partido de oposição ao governo.

"Crer que a facada de antigo filiado do PSOL foi um ato isolado, não é inocência", escreveu o político.

A Polícia Federal concluiu que o autor da facada, Adélio Bispo, agiu sozinho, sem cúmplices ou mandantes. Ele foi considerado inimputável por transtorno mental e, atualmente, está numa penitenciária federal em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.

Em novembro do ano passado, a Polícia Federal reabriu a investigação sobre o atentado a faca contra Bolsonaro. A corporação agora deverá conseguir analisar mais materiais obtidos a partir da quebra de sigilo bancário do advogado Zanone Manuel de Oliveira Júnior, que defendeu Adélio na época do crime.

O presidente da República sempre se queixou das investigações do caso e costuma dizer que outras pessoas tiveram envolvimento no atentado.

Junto a uma foto sorridente de Jair Bolsonaro, o filho mais velho do presidente, senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), afirmou que, "graças a Deus, meu pai passa bem". Em seguida, usou a situação hospitalar do pai para tentar atacar os críticos do governo e dizer que o presidente não promove "discursos de ódio".

"Cada vez que ele passa por isso é impossível não se indignar com a mentira de que Bolsonaro tem discurso de ódio, quando, na verdade, ele é a vítima do ódio de um ex-militante do PSOL e de mal amados hipócritas desejando sua morte."

A primeira-dama Michelle Bolsonaro agradeceu as orações e as mensagens de apoio recebidas, por meio de manifestação no Instagram. Ela disse que a internação é "decorrente do atentado que [Bolsonaro] sofreu em 2018" e uma "sequela que levaremos para o resto de nossas vidas". "Mas Deus é bom e tem o controle de todas as coisas", completou.

O ex-senador Magno Malta, que voltou a se aproximar da família Bolsonaro nos últimos meses, pediu orações e disse que "vai dar tudo certo em nome de Jesus".

Pelas redes sociais, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, repostou a foto de Jair Bolsonaro no hospital e afirmou estar em "oração" por sua recuperação. A manifestação foi seguida pela titular da pasta dos Direitos Humanos, Damares Alves.

"Estamos em oração, presidente. Onde tem oração tem vitória", afirmou Damares.

A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) também afirmou, no Twitter, que a internação é "mais uma consequência da tentativa de assassinato que o presidente sofreu em 2018", desejou melhoras e disse estar em oração.

O senador Roberto Rocha (PSDB-MA) afirmou desejar pronta recuperação a Bolsonaro e ter "fé de que logo estará com a saúde plenamente restabelecida". "Conte com meu apoio e orações", acrescentou.

O perfil oficial do Ministério do Trabalho e Previdência no Twitter escreveu: "Força, PR [presidente]", em resposta à postagem de Bolsonaro na rede social.

Alguns da oposição minimizam; outros desejam melhoras

Por outro lado, políticos de oposição a Bolsonaro buscaram minimizar ou ironizar a internação do presidente da República.

A deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL-RS) escreveu: "Nem voltou a trabalhar e já tá aplicando um atestado?".

O deputado estadual de São Paulo Arthur do Val (Patriota) também agulhou: "Bolsonaro está internado. E daí?".

Por outro lado, os senadores Jorge Kajuru (Podemos-GO) e Alvaro Dias (Podemos-PR) afirmaram que diferenças políticas não podem "endurecer o coração" ou deixar as pessoas rancorosas, e desejaram melhoras ao presidente.

"Desejo força e saúde ao presidente Bolsonaro, assim como ele fez comigo quando tive duas convulsões na UTI em 2019", escreveu Kajuru.

"Desejo ao presidente pronto e eficaz restabelecimento", se manifestou Dias.

Quadro estável; cirurgia não está descartada

Com uma "suboclusão intestinal", o quadro do presidente é estável. Segundo boletim médico do hospital, ele segue em tratamento e será reavaliado nesta manhã, mas não há previsão de alta.

De acordo com Bolsonaro, é possível que ele seja submetido a uma "cirurgia de obstrução interna na região abdominal". Ele acrescentou que seu principal médico, Antônio Luiz Macedo, deve chegar de viagem por volta das 15h.

Em julho de 2021, Bolsonaro ficou quatro dias internado no hospital Vila Nova Star para tratamento do mesmo problema. À época, os médicos cogitaram uma intervenção cirúrgica, que foi descartada depois que o intestino do presidente voltou a funcionar normalmente.