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Se Bolsonaro não fosse à Rússia, pareceria submisso aos EUA, diz diplomata

Do UOL, em São Paulo

15/02/2022 13h46Atualizada em 15/02/2022 13h49

Na visão do diplomata Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos, foi acertada a decisão de se manter a visita do presidente Jair Bolsonaro (PL) à Rússia, mesmo com o contexto de tensão envolvendo o país eurasiático.

"A viagem foi negociada entre outubro e novembro do ano passado, muito antes da crise", disse Barbosa ao UOL News - Tarde, programa do Canal UOL, acrescentando que as conversas Brasil-Rússia "vão se limitar" apenas a "questões bilaterais".

"As conversas vão ser de interesse da nossa área de agricultura, impedindo que a Rússia suspenda ou torne mais difícil a importação e fertilizantes pelo Brasil", completou.

Além do mais, lembrou o diplomata, os Estados Unidos pediram no início de fevereiro ao Brasil que a visita de Bolsonaro à Rússia fosse cancelada, em uma tentativa de isolar internacionalmente o país eurasiático.

Tendo isso em vista, "ficaria muito mal" para Bolsonaro se ele recuasse da visita a Moscou. "Seria uma demonstração de fraqueza e de submissão a demandas americanas", acrescentou.

Bolsonaro chegou hoje em Moscou, onde terá, entre outras agendas, um encontro com o presidente russo, Vladimir Putin. Os compromissos serão iniciados amanhã (16).

O Itamaraty orientou Bolsonaro a não comentar sobre a possibilidade de uma guerra entre a Rússia e a Ucrânia, exceto se o assunto for abordado por Putin durante o encontro.

Ontem, minimizando as tensões políticas e militares no Leste Europeu, Bolsonaro disse que "o mundo todo tem seus problemas", mas que torcerá "pela paz" e "que dê tudo certo".

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.