Tebet acusa Lula de machista por comentário sobre assédios na Caixa
A senadora e presidenciável do MDB, Simone Tebet, criticou a reação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre as denúncias de funcionárias da Caixa Econômica contra o então presidente do banco, Pedro Guimarães, de assédio sexual —ele deixou o cargo hoje após as acusações se tornarem públicas ontem. A saída já foi publicada no DOU (Diário Oficial da União).
"A reação do Lula ao assédio contra as trabalhadoras da Caixa é lamentável e reveladora do seu machismo", falou Tebet pelo Twitter ao publicar uma reportagem da Folha de S. Paulo em que Lula diz não ser "procurador nem policial para comentar assédio na Caixa".
Em discurso hoje, a parlamentar voltou a repudiar as atitudes de Guimarães e afirmou que o assédio abala as mulheres psicológica e moralmente.
"Lamentavelmente nós temos casos e não são poucos. 15%, apenas, das mulheres pedem demissão, quando quem deveria ser demitido é o agressor", ressaltou.
Lula, que também é pré-candidato à Presidência, ainda não se manifestou publicamente sobre o pedido de demissão feito por Guimarães.
Guimarães deixa Caixa
Para anunciar a saída, o ex-presidente do banco publicou uma carta aberta e, nela, negou as acusações, que vieram à tona ontem com uma reportagem do site Metrópoles. O caso é investigado sob sigilo no MPF (Ministério Público Federal).
Para o lugar de Guimarães, o governo anuncia Daniella Marques Consentino, considerada uma das protagonistas da gestão de Paulo Guedes no Ministério da Economia. A nomeação foi antecipada pela colunista Carla Araújo, do UOL.
Auxiliares do presidente, que classificaram a situação de Pedro como insustentável, afirmaram que a oficialização da demissão demorou por questões burocráticas. O anúncio poucas horas depois de um evento no Palácio do Planalto sobre o Plano Safra.
Interlocutores do chefe do Executivo afirmaram que o presidente Jair Bolsonaro (PL) teve conversa rápida com Pedro Guimarães ontem à noite, no Palácio da Alvorada, e já havia decidido que o tiraria do governo.
Na manhã de hoje, após reunião com ministros e auxiliares, Bolsonaro bateu o martelo sobre o nome de Daniella, que além de vista como "técnica e competente", ajudaria no discurso da campanha de que Bolsonaro, que busca o voto de mulheres.
A queda de Pedro Guimarães
Os casos relatados por funcionárias da Caixa contra Pedro Guimarães incluem toques íntimos não autorizados, abordagens inadequadas e convites incompatíveis à relação de trabalho. As denúncias estão sendo investigadas pelo Ministério Público Federal. O TCU (Tribunal de Contas da União) também pediu a órgãos de controle a abertura de investigação.
Após as denúncias, Guimarães afirmou durante um evento da Caixa que tem "uma vida inteira pautada pela ética" e orgulho de como se portou ao longo da vida. O ex-presidente da Caixa é casado com Manuella Guimarães, filha do delator da Lava Jato Léo Pinheiro. Ele tem 57 anos e tem dois filhos. É formado em Economia pela PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro) e possui três cursos em nível de mestrado, sendo um na Universidade de Rochester, nos Estados Unidos. Antes de assumir a Caixa, passou pelos bancos BTG Pactual e Plural.
Especialista em privatizações, Guimarães assumiu o comando da Caixa em janeiro de 2019 após ser indicado ao cargo pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, ainda no início da gestão Bolsonaro. Desde então, Guimarães se afastou do chefe da pasta e virou um dos nomes mais próximos de Jair Bolsonaro (PL), participando várias vezes da live semanal do presidente.
Em abril, Guimarães disse que se mudaria para a África caso Bolsonaro não seja reeleito este ano, mostrou a coluna de Bela Megale, do jornal O Globo. De acordo com a colunista, a fala teria ocorrido durante um jantar promovido pelo grupo Esfera Brasil.
Polêmicas
O colunista do UOL Ricardo Kotscho afirma que Guimarães já havia sido investigado em processo administrativo interno da Caixa em 2019 por suspeita de envolvimento com uma funcionária. No fim do ano passado, Guimarães foi alvo de polêmicas por ter colocado funcionários para fazer flexões durante um evento de fim de ano para gestores da instituição. Na ocasião, no palco e na plateia, diretores e vice-presidentes da Caixa fizeram os movimentos em dois momentos, sob contagem do chefe.
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