Filho de Sérgio Cabral será transferido para o mesmo presídio do pai
O empresário José Eduardo Neves Cabral, filho do ex-governador Sérgio Cabral, será transferido hoje para o BEP (Batalhão Especial Prisional da PM), onde o pai está preso. A unidade de Niterói recebe policiais militares e detentos com direito à prisão especial.
A transferência será realizada pela Polícia Federal, informou ao UOL a Polícia Militar do Rio. José Eduardo foi preso na quinta-feira (24) no Rio de Janeiro após ser alvo de mandado de prisão da Operação Smoke Free, que mira a venda ilegal de cigarros. Ele é dono da produtora ZC Entretenimento, de eventos, feiras e shows.
José Eduardo passou sua primeira noite detido no presídio Frederico Marques, em Benfica, informou a Seap (Secretaria de Administração Penitenciária).
Ainda não se sabe se ele ficará na mesma cela de Sérgio Cabral. De acordo com o ex-deputado federal Marco Antônio Cabral —irmão de José Eduardo —o ex-governador passou mal e desmaiou na prisão ao saber da operação policial contra o filho.
Cabral foi flagrado com regalias no Batalhão Prisional da PM. Em maio deste ano, Sérgio Cabral foi transferido do BEP após uma vistoria identificar indícios de que ele tinha regalias na cadeia. Um caderno atribuído a Cabral foi encontrado com a anotação de uma compra de R$ 1.508 em um restaurante de comida árabe. Foram encomendadas esfihas, kafta, lentilha, coalhada, falafel e outros itens.
A mesma vistoria encontrou dois celulares, R$ 4.000 em dinheiro e cigarros de maconha com Cabral e outro detento. O ex-governador foi transferido de volta ao BEP menos de um mês depois.
Em ao menos quatro outras ocasiões foram constatadas regalias na cela ou unidade prisional onde estava Sérgio Cabral. Em 2019, ele foi punido por ter acesso a um "cinema" montado na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica. No mesmo presídio, Cabral foi flagrado com queijos finos, castanhas, presunto cru e iogurtes em baldes de gelo.
Sérgio Cabral responde a 33 processos e foi condenado em 22 deles, somando penas de 407 anos de prisão no âmbito da Operação Lava Jato. Ele está preso desde novembro de 2016.
Relembre a investigação que prendeu José Eduardo Cabral
Segundo a PF, a investigação começou em 2020 e identificou um grupo criminoso que falsificava a emissão de notas fiscais, além de transportar e vender cigarros oriundos de facções e milícias.
A quadrilha é responsável por um prejuízo à União estimado em cerca de R$ 2 bilhões.
Entre 2019 e 2022, o grupo fazia lavagem do dinheiro obtido ilicitamente e remetia altas cifras ao exterior de forma irregular. A PF diz que a quadrilha ainda tinha uma célula paralela de segurança, coordenada por policial federal, policias militares e bombeiros.
Outro alvo da operação seria Adilson Coutinho de Oliveira Filho, o Adilsinho, que em meio à pandemia de coronavírus, fez uma festa de luxo no Copacabana Palace para 500 pessoas e shows com cantores famosos.
Os investigados podem responder pela prática de crimes de sonegação fiscal, duplicata simulada, receptação qualificada, corrupção ativa e passiva, lavagem de capital e evasão de divisas. Somadas, as penas chegam a 66 anos de prisão.
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