'Bolsonaro estava um pó': as frases de Valdemar em entrevista a jornal
Valdemar Costa Neto, presidente do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, deu uma entrevista ao jornal O Globo falando sobre a situação do ex-mandatário depois da derrota nas eleições para Lula.
"Ele estava um pó. Achei que ia morrer."
Após ter sido derrotado, Bolsonaro se isolou e manteve-se em silêncio por quase dois dias antes de vir a público para defender o direito de manifestações promovidas por seus apoiadores contestando o resultado eleitoral.
Questionado por que o então presidente se mantinha em silêncio diante dos pedidos de intervenção feitos por seus apoiadores, Valdemar respondeu:
"Baque. Isso pode ter sido um erro meu, dos políticos, que não o preparamos para uma possível derrota. Nunca tocamos nesse assunto, não passou isso pela cabeça dele. Quando fui lá na segunda-feira (após a eleição), ele estava um pó."
Quando eu o vi após uma semana, eu achei que ele ia morrer. O cara estava desintegrando. Passaram três ou quatro semanas, e vi que ele melhorou. Perguntei o que era, e ele disse que estava comendo, porque ele ficava quatro ou cinco dias sem comer nada. O mundo dele virou de ponta-cabeça.
"Vão prendê-lo por causa de minuta golpista?"
A PF (Polícia Federal) apreendeu uma minuta golpista na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, preso após os atos terroristas de 8 de janeiro. O documento previa — de forma inconstitucional — instaurar estado de defesa na sede do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), com objetivo de reverter o resultado das eleições.
"Nunca comentei, mas recebi várias propostas, que vinham pelos Correios, que recebi em evento político. Tinha gente que colocava (o papel) no meu bolso, dizendo que era como tirar o Lula do governo. Advogados me mandavam como fazer utilizando o artigo 142, mas tudo fora da lei. Tive o cuidado de triturar."
O Bolsonaro não quis fazer nada fora da lei. A pressão em cima dele foi uma barbaridade. Como o pessoal acha que ele é muito valente, meio alterado, meio louco, achava que ele podia dar o golpe. Ele não fez isso porque não viu maneira de fazer. Agora, vão prendê-lo por causa disso? Aquela proposta que tinha na casa do ministro da Justiça, isso tinha na casa de todo mundo.
"Eles ouvem Bolsonaro. Não vão ouvir a mim"
Bolsonaro está nos Estados Unidos desde o dia 30 de dezembro, pouco antes de deixar a Presidência. Segundo Valdemar, o ex-presidente deve retornar em breve para ajudá-lo nas funções partidárias.
Quero que ele volte, porque ele é muito importante para nós. Por exemplo, para conduzir essa bancada de direita que nós temos aqui. O pessoal é muito extrema direita. Com Bolsonaro aqui, eu estou no céu. Eles ouvem Bolsonaro. Não vão ouvir a mim.
Michelle candidata e inelegibilidade de Bolsonaro
O presidente do PL diz que a ex-primeira-dama poderá cuidar da parte de mulheres no partido e não descartou uma possível candidatura dela.
Ela pode ser candidata até a presidente da República. Ninguém sabe o dia de amanhã.
Valdemar diz não acreditar que Bolsonaro possa ficar inelegível. Juristas, no entanto, afirmam que essa possibilidade existe, em razão das fake news sobre eleições e pelos atos em Brasília. Michelle retornou ontem dos EUA, sozinha.
"Se disputar com Lira, vamos expulsar do PL"
Valdemar falou sobre o apoio do PL à reeleição de Arthur Lira (PP-AL) para a presidência da Câmara.
Nós vamos fechar questão. Se alguém sair para disputar com o Lira, nós vamos ser obrigados a expulsar do partido.
No entanto, conforme mostrou a colunista do UOL Thaís Oyama, o deputado federal Luiz Philippe de Orléans e Bragança (PL-SP) já avisou que pretende concorrer ao cargo, contrariando o presidente da legenda.
"Não queremos impeachment no STF"
Sobre Rogério Marinho (PL-RN) disputar a presidência do Senado, Valdemar disse que o partido tem "muita chance" contra a reeleição de Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Uma vitória de Marinho é vista como uma maneira de aumentar a pressão sobre o STF.
É lógico que o STF deve preferir o Rodrigo (Pacheco). Adoro o Rodrigo, acho elegante, distinto, mas ele não defende o parlamentar. Nós queremos estabilidade, não queremos brigar com ninguém, não queremos impeachment (de ministro do STF). Temos que ter equilíbrio, mas não tem revanche.
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