Com alagamento, Câmara de Porto Alegre fica sem sistema até para votações

A Câmara Municipal de Porto Alegre registrou alagamentos de até 1,5 metro em algumas de suas instalações após as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul. A Casa está sem acesso a sua base de dados, o que impede que sejam realizadas nomeações, demissões e até votações.

O que aconteceu

A Câmara promoveu nesta quarta (15) a primeira sessão após as chuvas — que aconteceu na sede da Associação Médica do Rio Grande do Sul (Amrigs). De acordo com um relatório produzido pela diretoria-geral da Casa, o piso térreo da Câmara registrou alagamento de 50 centímetros, enquanto a inundação no Galpão Crioulo (espaço para atividades culturais) atingiu 1,5 metro — e destruiu móveis e equipamentos.

Com alagamentos, sede da Câmara está sem energia e internet no primeiro piso. A água começou a baixar no prédio que, em breve, deve passar por uma limpeza geral. O restaurante e a sub-estação de energia também foram atingidos. A Câmara perdeu uma van e parte do arquivo histórico com inundações, entre outros itens.

Aluguel de gerador e bomba para tirar água do prédio estão entre providências prioritárias. Além disso, a Câmara planeja fazer uma revisão geral das áreas impactadas pelos alagamentos. Desde domingo (12), está em curso uma transferência de arquivos da base de dados da Casa para um novo banco, que permitirá que as informações sejam acessadas via internet.

A retomada dos trabalhos estava prevista para o dia 17, mas foi adiantada. A Casa havia interrompido as atividades oficiais em 6 de maio devido à "necessidade do racionamento de água e energia". A Câmara tem 36 vereadores.

Guaíba segue acima do nível normal

Sede da Câmara fica perto da orla do Guaíba. A cota atual do Guaíba é de 5,17 metros e diversos trechos da capital gaúcha permanecem debaixo d'água — agora, a temperatura caiu, o que preocupa moradores. Porto Alegre tem mais de 10 mil desabrigados.

A Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul retomou votação na terça (14). Realizada via internet, a primeira sessão após o início dos alagamentos resultou na aprovação do projeto que decretou calamidade pública no estado e liberou o governo de cumprir metas fiscais e outras limitações orçamentárias nos próximos dois anos — entre outras medidas.

Governo do Estado inaugurou Centro Administrativo de Contingência. Com a sede administrativa do Poder Executivo indisponível por conta das enchentes, o novo espaço recebeu os gabinetes de governador, vice e secretários.

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O que dizem os envolvidos

É necessária a união de esforços para que essa situação seja normalizada o mais breve possível.
Relatório de danos preliminares na Câmara da diretoria-geral da Câmara Municipal de Porto Alegre

Precisamos reorganizar e reconstruir a cidade.
Tanise Sabino (MDB), vereadora em Porto Alegre

Isso não foi simplesmente uma obra da natureza e tem explicações em erros humanos, de política pública.
Roberto Robaina (Psol), vereador em Porto Alegre

Foram praticamente cinco tragédias em sequência. Nós tivemos a pandemia. Depois, uma grande seca. As chuvas em setembro do ano passado, um vendaval em Porto Alegre em janeiro e, agora, a enchente. Nós temos que pensar não só em reconstrução, mas em proteção de algumas áreas.
Hamilton Sossmeier (Podemos), vereador em Porto Alegre

Já conversei com pessoas que estavam com a mesma roupa há três dias, que perderam tudo. Sei de uma pessoa que não pôde fazer hemodiálise e faleceu.
Márcio Bins Ely (PDT), vereador em Porto Alegre

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