De Sara Winter a Braga Netto: relembre a investigação sobre plano do golpe
A Polícia Federal prendeu na manhã deste sábado (14) o general da reserva Walter Souza Braga Netto, ex-ministro e ex-candidato a vice de Jair Bolsonaro na chapa de 2022. Ele é alvo do inquérito que investiga o plano de golpe de Estado contra o presidente Lula. Relembre alguns dos principais pontos das investigações sobre o plano de golpe até agora.
O que aconteceu
STF abre inquérito para investigar manifestações antidemocráticas em 2020. A investigação foi iniciada a pedido do PGR Augusto Aras, a fim de apurar a organização de manifestações contra a democracia no país. Em abril daquele ano, manifestantes se concentraram em frente ao Quartel General do Exército com faixas pedindo o fechamento do Congresso e intervenção militar.
Sara Winter é presa. A ativista de extrema direita Sara Winter foi presa em junho de 2020, no âmbito do inquérito das manifestações de rua antidemocráticas. Na época, ela era líder do movimento "300 do Brasil", que promovia protestos contra a democracia. Em um dos atos, os manifestantes usavam tochas e máscaras em frente ao prédio do STF. Sara também foi alvo do inquérito das Fake News e atacou o ministro Alexandre de Moraes nas redes sociais.
Bolsonaro ataca sistema eleitoral. Durante as comemorações do 7 de setembro de 2021, o ex-presidente Jair Bolsonaro fez ameaças ao STF, incentivou a desobediência a decisões da Justiça e disse que só sairia morto da Presidência da República. Bolsonaro também atacou as urnas eletrônicas.
Em reunião com embaixadores, Bolsonaro questiona urnas eletrônicas. Em julho de 2022, ano eleitoral, o ex-presidente voltou a atacar as urnas eletrônicas durante reunião com embaixadores em Brasília. "Estou questionando antes, porque temos tempo ainda de resolver esse problema, com a própria participação das Forças Armadas", disse. Alguns dias antes, em reunião ministerial, Bolsonaro atacou novamente as urnas e o STF. Na ocasião, o general Augusto Heleno sugeriu infiltrar agentes da Abin nas campanhas adversárias.
Manifestantes se instalam em frente ao Quartel General do Exército. Após o resultado das eleições, manifestantes se instalam em frente ao QG do Exército e pedem intervenção federal e penalização a ministros do STF.
General Mario Fernandes imprime plano para matar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes. Segundo a PF, Fernandes imprimiu o plano no dia 9 de novembro de 2022 no Palácio do Planalto, e levou o material até o Palácio da Alvorada, onde Bolsonaro morava.
Reunião na casa de Braga Netto trata de plano golpista. A Policia Federal apurou que uma das reuniões realizadas para tratar do plano golpista para impedir a posse e matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice, Geraldo Alckmin, e o ministro Alexandre de Moraes foi realizada na casa do general Braga Netto, no dia 12 de novembro de 2022.
Militares chegaram a colocar em prática o plano para matar Moraes. Segundo as investigações da PF, os militares chegaram a colocar em prática um dos planos para executar Moraes, no dia 15 de dezembro de 2022, mas o cancelaram de última hora. Eles usaram técnicas avançadas do treinamento militar, posicionando agentes perto do STF e da casa do ministro, mas cancelaram a ação porque o julgamento da Corte terminou mais cedo que o previsto.
"Não percam a fé", diz Braga Netto a apoiadores. No dia 18 de novembro de 2022, Walter Braga Netto cumprimenta apoiadores que esperavam o então presidente no cercadinho do Palácio da Alvorada e diz: "Vocês não percam a fé, tá bom? É só o que eu posso falar para vocês agora".
Bolsonaro deixa o país. No dia 30 de dezembro de 2022, às vésperas da posse de Lula, Bolsonaro deixa o país e viaja para os Estados Unidos. Segundo a PF, o objetivo era aguardar o desfecho dos atos de 8 de janeiro de 2023 fora do país e, segundo conclusão dos investigadores, evitar uma eventual prisão.
Bolsonaristas invadem e depredam os prédios dos Três Poderes em Brasília no dia 8 de janeiro de 2023. Os atos ocorreram após apoiadores do ex-presidente ficarem em frente a quarteis do Exército por meses pedindo intervenção militar. O STF abre investigações sobre os atos, que levam à prisão de apoiadores e à operação que levou à prisão de Braga Netto neste sábado (14).
Braga Netto é citado 98 vezes em relatório da PF sobre plano de golpe. Em novembro de 2024, a PF concluiu a investigação sobre o plano de golpe de Estado para evitar a posse de Lula. A PF indiciou 37 pessoas no inquérito, dentre elas Jair Bolsonaro e Walter Braga Netto. Braga Netto é citado 98 vezes no relatório final da investigação e apontado como figura central no plano.
Mauro Cid disse que Braga Netto tentou obter informações sobre sua delação premiada. A prisão de Braga Netto foi fundamentada no último depoimento prestado pelo tenente-coronel Mauro Cid em sua delação premiada e em provas colhidas pela PF na sala de um assessor de Braga Netto. Cid disse aos investigados que Braga Netto tentou descobrir detalhes de sua delação premiada. Para os investigadores, isso poderia se configurar como crime de obstrução de Justiça.
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