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Coronavírus: Últimas notícias e o que sabemos até esta quarta-feira (10)

10.jun.2020 - Movimentação intensa em lojas da Rua 25 de Março, no primeiro dia da reabertura do comércio de rua em São Paulo - Werther Santana/Estadão Conteúdo
10.jun.2020 - Movimentação intensa em lojas da Rua 25 de Março, no primeiro dia da reabertura do comércio de rua em São Paulo Imagem: Werther Santana/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

10/06/2020 14h35Atualizada em 10/06/2020 20h34

Pelo segundo dia consecutivo, o Brasil registrou oficialmente mais de 32 mil novos casos de coronavírus em apenas um dia. O balanço de hoje (10) do Ministério da Saúde apontou 32.913 novos pacientes com a covid-19. Com isso, o total de infecções em todo o país já chega a 772.416 pessoas.

O número oficial de mortes divulgado pelo governo federal foi de 1.274 novos óbitos nas últimas 24 horas, e 39.680 no total acumulado desde o início da pandemia. O Ministério da Saúde também divulgou que o país tem 325 mil pacientes recuperados, enquanto outros 407,3 mil estão em acompanhamento.

Já o levantamento feito por um consórcio de veículos de imprensa do qual o UOL faz parte apontou números maiores. De acordo com os dados coletados com os estados, foram 1.300 novos óbitos, chegando ao total de 39.797 desde o início da pandemia.

Os números também revelaram mais 33.100 casos de infecção pelo novo coronavírus. O total de diagnosticados com a covid-19 chegou a 775.184.

Em resposta à decisão do governo Jair Bolsonaro (sem partido) de restringir o acesso a dados sobre a pandemia de covid-19, os veículos de comunicação UOL, O Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo, O Globo, G1 e Extra formaram um consórcio para trabalhar de forma colaborativa para buscar as informações necessárias diretamente nas secretarias estaduais de Saúde das 27 unidades da Federação.

O governo federal, por meio do Ministério da Saúde, deveria ser a fonte natural desses números, mas atitudes recentes de autoridades e do próprio presidente colocam em dúvida a disponibilidade dos dados e sua precisão.

Pandemia pode gerar mais instabilidade no Brasil

Além das mortes, sobrecarga no sistema de saúde e impacto na economia, a pandemia do novo coronavírus ainda deve trazer instabilidade política, protestos e violência ao Brasil nos próximos meses. Essa é a avaliação do Instituto para Economia e Paz, que aponta o país entre os mais vulneráveis do mundo para lidar com os impactos da crise sanitária.

A entidade publicou hoje o seu ranking anual que mede o Índice Global da Paz e constatou que, no primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro, o país caiu na classificação. De 163 países avaliados, o Brasil ocupa agora a 126ª colocação, sua posição mais baixa desde que o levantamento começou a ser publicado em 2008.

Especialistas ouvidos pela RFI, apontam que a reabertura precoce da economia, antes mesmo de o Brasil atingir o pico de ocorrências de coronavírus, vai resultar no prolongamento da epidemia no país e, consequentemente, o impacto econômico gerado pela covid-19. Para eles, a omissão de dados sobre as mortes abalam a confiança do mercado externo sobre o que acontece no Brasil.

SP prolonga quarentena até 28 de junho

O governador João Dória (PSDB) anunciou o prolongamento da quarentena no estado de São Paulo até o dia 28 de junho. De acordo com o político tucano, será uma quarentena "heterogênea", onde será aplicado o Plano São Paulo.
De acordo com dados divulgados hoje, o estado de São Paulo teve 340 mortes confirmadas por covid-19 nas últimas 24 horas. O número supera o de ontem e agora é o mais alto desde o início da pandemia. O total de mortos no estado chegou a 9.862. Já total de casos confirmados passou de 150.138 para 156.316 nas últimas 24 horas.

3 estados têm operação contra fraude na saúde

O dia foi marcado também por mais três operações que investigam irregularidades na compra de respiradores durante a pandemia. No Pará, o alvo da Polícia Federal foi o governado Helder Barbalho (MDB). Foram cumpridos 23 mandados de busca e apreensão. Barbalho disse que está "tranquilo" quanto à investigação sobre a compra de respiradores e alegou que não sabia que os equipamentos não funcionariam no combate ao coronavírus.

Helder Barbalho - Mateus Bonomi/AGIF - Mateus Bonomi/AGIF
Governador do Pará, Helder Barbalho
Imagem: Mateus Bonomi/AGIF

Em Rondônia, a PF realizou outra operação contra fraudes na área da saúde para "desarticular esquemas de fraudes na aquisição emergencial de materiais e insumos médico-hospitalares para atendimento das demandas das unidades de saúde estaduais".

No Amazonas, o MP deflagrou uma operação que investiga suposta fraude na compra de ventiladores pulmonares. Conforme o UOL revelou com exclusividade em abril, o governo do Amazonas comprou respiradores "inadequados" em uma loia de vinhos e pagou valor 300% maior do que o preço médio de mercado.

Bolsonaro critica OMS, que faz alerta para as Américas

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a criticar a OMS (Organização Mundial da Saúde) por ter "voltado atrás" na declaração de que a disseminação do coronavírus por pessoas assintomáticas é "muito rara". Ele insinuou que a organização tem a intenção de "quebrar os países".

"A quantidade de problemas econômicos é enorme, vai chegar a um ponto que vai quebrar o Brasil. Quem decidiu que ia fechar comércio, lockdown, tudo competia aos governadores, foi o STF (Supremo Tribunal Federal)", declarou o presidente na portaria do Palácio da Alvorada.

Na reunião diária, a organização voltou a alertar para a disseminação da covid-19 na região das Américas. "Temos visto um aumento consistente e progressivo dos casos na nas Américas Central e do Sul", afirmou o diretor executivo da entidade, Michael Ryan, durante entrevista coletiva da entidade.

Ele comentou ainda que não se sabe como o novo coronavírus pode se comportar no inverno do Hemisfério Sul. "Neste momento, não temos dados para demonstrar que o vírus agirá de modo mais agressivo ou transmitir de modo mais eficiente no inverno do Hemisfério Sul", disse. De qualquer modo, ele voltou a insistir que é preciso se concentrar nas medidas já bem-sucedidas de estratégia abrangente no combate à doença.

MP deve investigar razões de governo que ignora ciência, afirma Dodge

A ex-procuradora-geral da República Raquel Dodge afirmou que o MP (Ministério Público) deve abrir investigação quando um governante ignora dados da ciência e atua de maneira contrária às orientações técnicas. A afirmação feita ao UOL Entrevista.

"Eu acho que é obrigação de todo governante público adotar a ciência para fundamentar a sua atuação. Esse é um dado que não pode ser nunca desprezado", declarou ela em conversa com Leonardo Sakamoto, colunista do UOL, ao ser questionada sobre a atuação do presidente Bolsonaro na pandemia.

São Paulo reabre comércio; Rio libera shoppings

As lojas de rua e as imobiliárias da cidade de São Paulo receberam autorização da prefeitura para reabrir a partir de hoje. Esses setores precisam respeitar regras de segurança e um novo horário de funcionamento. Só a partir de amanhã, véspera do dia dos namorados, os shoppings centers poderão abrir. Outros setores econômicos permanecerão de portas fechadas até que a cidade entre em uma nova fase de flexibilização da quarentena.

No Rio de Janeiro, o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos-RJ) afirmou que os shoppings centers da cidade poderão reabrir amanhã, com restrições. A decisão foi tomada após uma reunião com o comitê científico e representantes da atividade econômica.

No entanto, os decretos divergentes do governo do Rio de Janeiro e da prefeitura da capital fluminense causaram certa confusão nos moradores. Este impacto foi sentido no transporte público, que apesar da flexibilização do isolamento social na pandemia do coronavírus, segue com fluxo inconstante de pessoas nesta semana.

Brasil registra menor taxa de isolamento social na quarentena

Um estudo apontou que a reabertura de serviços e a flexibilização das medidas de isolamento social levou o país a registrar o índice mais baixo de isolamento social desde o início da quarentena. Segundo levantamento da consultoria In Loco, que usa dados de celulares para monitorar a movimentação de pessoas, na última segunda-feira o Brasil registrou o índice de 38,2% de isolamento social.

OCDE: piora na América Latina e 2ª onda de coronavírus

A OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) fez previsões pouco animadoras a respeito da pandemia do novo coronavírus. Segundo a entidade, uma segunda onda da covid-19 aumentaria em mais de um ponto percentual a queda do PIB que já aflige as três maiores economias da América Latina. Além disso, os impactos da crise de saúde devem levar à contração de 6% da economia global em 2020.

Setor aéreo ensaia retorno

Muita gente está contando os dias para poder viajar, ainda que em situação em observação da pandemia. O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, anunciou hoje que a Comissão Europeia deve propor esta semana aos países do bloco a reabertura "gradual e parcial" das fronteiras externas da União Europeia (UE) a partir de 1 de julho.

A medida para conter a pandemia entrou em vigor em 17 de março e, desde então, foi prorrogada nos 27 países do bloco, exceto a Irlanda, assim como em outros quatro países europeus: Suíça, Liechtenstein, Islândia e Noruega.

No Brasil, a Azul anunciou hoje que vai reabrir seis bases de operação em todo o país a partir de julho. A empresa destacou que adotará protocolos de higiene durante a pandemia de covid-19 e vai oferecer alternativas para os passageiros que precisarem se locomover entre cidades. Ao todo, 242 voos devem ser operados.