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Europa acelera medidas para o fim do confinamento

Três das potenciais vacinas estão sendo desenvolvidas na China, duas nos Estados Unidos e uma no Reino Unido - Getty Images
Três das potenciais vacinas estão sendo desenvolvidas na China, duas nos Estados Unidos e uma no Reino Unido Imagem: Getty Images

04/05/2020 07h50

A Europa, com a Itália à frente, iniciou hoje a flexibilização das restrições impostas a milhões de habitantes para frear a propagação do coronavírus, mas outras regiões, como a América Latina, sofrem os efeitos do combate à doença.

As autoridades italianas suavizaram o confinamento com a esperança de reativar uma economia devastada pela covid-19.

Mas o país adota uma abertura muito prudente: sem comércio varejista, sem bares ou restaurantes - autorização apenas para vendas de refeições com retirada dos clientes -, com estímulo ao teletrabalho, a proibição de festas de família - mas com possibilidade de encontrar os parentes que vivem na mesma região -, a manutenção do distanciamento físico e social, inclusive nos transportes público, entre uma série de medidas.

O governo continua preocupado com o risco de uma segunda onda de infecções, assim como vários italianos. "As novas regras são bem mais vagas. Temo que para muitos será uma desculpa para fazer o que desejam e encontrar todo mundo, primos, namoradas...", comenta Alessandra Coletti, uma professora de 39 anos.

Em busca de uma vacina

O cenário deve permanecer assim, exceto em caso de confirmação das previsões do presidente dos Estados Unidos. "Acreditamos que teremos uma vacina até o fim do ano", declarou Donald Trump em um programa especial do canal Fox News no Lincoln Memorial, em Washington. "Os médicos dirão 'você não deveria dizer isso', mas vou dizer o que penso", completou.

Atualmente estão em desenvolvimento mais de 100 projetos de vacinas contra a COVID-19 ao redor do mundo, 10 deles já na fase de testes clínicos, de acordo com os dados da 'London School of Hygiene & Tropical Medicine'.

Os principais líderes europeus devem participar em um evento de arrecadação de fundos para ajudar o desenvolvimento de uma vacina e de tratamentos contra o novo coronavírus.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que organiza a grande conferência on-line, espera arrecadar 7,5 bilhões de euros.

À espera da vacina, muitos governantes se preparam para o grande desconfinamento da população. Na Espanha (mais de 25.200 mortos), os cidadãos começaram a voltar às ruas no sábado.

Em Portugal, o governo autorizou nesta segunda-feira a reabertura de pequenos estabelecimentos comerciais, salões de beleza e concessionárias de automóveis, mas as pessoas precisam usar máscaras nas ruas e nos transportes públicos.

Na França, que se aproxima de 25.000 mortes, a flexibilização do confinamento começará em 11 de maio e acontecerá por regiões. O governo anunciou que não vai impor uma quarentena aos passageiros procedentes de países da UE, do espaço Schengen ou do Reino Unido.

O fim das restrições também começou na Alemanha, com a reabertura progressiva das escolas em algumas regiões a partir desta segunda-feira. Na Áustria, as lojas das ruas comerciais de Viena retomaram as atividades no sábado, algo que também aconteceu nos países escandinavos.

Em outro sinal de normalização, o ministro alemão do Interior e dos Esportes se mostrou favorável à retomada da liga de futebol, a Bundesliga. Seria o primeiro grande campeonato europeu a dar o passo.

No leste da Europa, cafeterias e restaurantes reabrem a partir desta segunda-feira na Eslovênia e Hungria, exceto na capital Budapeste. Na Polônia, hotéis, centros comerciais, bibliotecas e alguns museus retomam as atividades.

Mais de 246.000 mortos

No Reino Unido, o primeiro-ministro Boris Jonhson prometeu um plano de desconfinamento. Desde que a pandemia surgiu em dezembro na China, mais de 3,5 milhões de casos do novo coronavírus (com 246.893 mortes) foram declarados oficialmente em todo o mundo, mais de 75% deles na Europa e Estados Unidos, de acordo com um balanço da AFP estabelecido com base em fontes oficiais até 3H00 GMT (0H00 de Brasília).

O número de casos diagnosticados reflete apenas uma parte da quantidade real de infecções, porque muitos países contabilizam apenas pessoas em estado grave.

Enquanto na Europa o número de casos registra uma desaceleração, em outros países e regiões, como Rússia (1.280 falecidos) ou América Latina, não param de aumentar.

A América Latina já supera 250.000 casos e se aproxima de 15.000 mortes, em particular no Brasil, Peru e Equador, que concentram 86% das mortes na região e 77% dos casos diagnosticados.

O presidente Jair Bolsonaro reiterou diante de seguidores em Brasília o discurso contra o confinamento, no momento em que o país supera 100.000 casos e mais de 7.000 mortes. O Brasil ocupa o nono lugar na lista mundial de pessoas infectadas.

No Equador, mais de 100 municípios decidiram ampliar o confinamento ordenado pelo governo há sete semanas.

Nos Estados Unidos (mais de 67.600 mortos), apesar dos balanços diários trágicos (+1.450 vítimas fatais nas últimas 24 horas), mais de 35 dos 50 estados flexibilizaram as medidas de restrição para estimular a economia.

No programa de TV de domingo, Trump afirmou que "vamos perder "70.000, 80.00 ou 100.000 pessoas". "É horrível, não deveríamos perder nenhuma pessoa por isto".

Coronavírus liga alerta pelo mundo

Washington contra Pequim

Washington voltou a elevar o tom contra a China. "Há uma enorme quantidade de provas de que foi ali que começou", insistiu o secretário de Estado, Mike Pompeo, em referência ao laboratório de virologia de Wuhan, cidade onde foram detectados os primeiros casos.

Em Israel, alunos do ensino básico voltaram às aulas, exceto nas denominadas zonas "de risco".

Mas o desconfinamento também pode registrar recuos em caso indisciplina, como aconteceu na Argélia, onde muitas lojas que reabriram as portas há vários dias foram obrigadas a fechar no fim de semana em várias regiões devido ao descumprimento das normas de higiene e de distanciamento social.