Josmar Jozino

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Reportagem

Governo federal faz rodízio de presos do PCC e remove dois para Brasília

A Senappen (Secretaria Nacional de Políticas Penais) transferiu os presos Cláudio Barbará da Silva, 62, e Reginaldo do Nascimento, 52, o Jatobá, para a Penitenciária Federal de Brasília. Ambos são apontados como da cúpula do PCC (Primeiro Comando da Capital).

As remoções fazem parte de um rodízio estratégico de presos integrantes da facção criminosa, para evitar que eles se articulem com outros detentos na unidade prisional e venham a planejar ações de assassinatos de agentes, atentados a prédios públicos e fugas.

Barbará e Jatobá estavam na Penitenciária Federal de Mossoró (RN) e foram removidos sob forte escolta policial e em esquema sigiloso, já que são considerados pelas autoridades como prisioneiros de altíssima periculosidade e alvos de possível resgate.

Os dois agora voltam a se juntar novamente à liderança da facção recolhida em Brasília. A unidade abriga, entre outros, Marco Willians Herbas Camacho, 55, o Marcola, tido pelo MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) como o chefe máximo da organização.

O mesmo presídio abriga também Roberto Soriano, o Tiriça, e Abel Pacheco de Andrade, o Vida Loka. No organograma do PCC elaborado pela Polícia Civil de São Paulo, eles aparecem como número 2 na hierarquia da maior facção criminosa do Brasil.

Remoção de Marcola

No último dia 3, a Sennapen assinou portaria definindo alterações na remoção de presos de altíssima periculosidade nas unidades subordinadas ao SPF (Sistema Penitenciário Federal). A notícia foi divulgada com exclusividade pela coluna Na Mira, do portal Metrópoles.

Segundo a reportagem, as transferências passam a ser feitas baseadas em relatório de análise de risco elaborado pelo SPF e assinado por um colegiado de três autoridades da Sennapen, de forma sigilosa, para que os mesmos não venham a ser identificados.

Há rumores de que Marcola pode ser removido para outra unidade federal por causa de um suposto plano de resgate em andamento. Porém, a transferência ainda não está confirmada e as autoridades entendem que o lugar mais seguro para mantê-lo é a Penitenciária Federal de Brasília.

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No mês passado, a Justiça de São Paulo havia condenado Barbará, Jatobá e outros cinco integrantes da cúpula do PCC por associação à organização criminosa. Os réus cumpriam pena na Penitenciária 2 de presidente Venceslau (SP) e foram transferidos em 2019 para presídios federais.

Líderes condenados

Além de Barbará e Jatobá foram condenados Almir Rodrigues Ferreira, o Nenê do Simeone; Rogério Araújo Taschini, o Taschini; Célio Marcelo da Silva, o Bin Laden; Cristiano Dias Gangi, o Cris; e José de Arimatéia Pereira Faria de Carvalho, o Pequeno. Cada um pegou uma pena de 12 anos de prisão.

A sentença é do juiz Deyvison Herberth dos Reis, da 3ª Vara Criminal de Presidente Venceslau. A reportagem não conseguiu contato com os advogados dos réus, mas publicará na íntegra a versão dos defensores de todos eles assim que houver manifestação.

Segundo investigações da Polícia Civil e MP-SP, os réus integravam a "sintonia final" do PCC e, de dentro da P-2 de Venceslau, ordenaram uma série de crimes e atentados aos comparsas em liberdade em São Paulo e em outros estados.

Ataques e rebeliões

Os agentes apuraram que os acusados escreveram bilhetes orientando os parceiros nas ruas a praticar homicídios, organizar rebeliões e ataques a fóruns, distribuir armas e drogas, cometer atentados contra agentes públicos e órgãos do estado e fomentar guerra entre facções em vários estados.

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Os presos começaram a ser investigados em 8 de março de 2017, quando agentes penitenciários apreenderam vários manuscritos na galeria de esgoto da P-2 de Venceslau. De acordo com o MP-SP, os bilhetes foram dispensados pelos detentos, mas encontrados em fiscalização de rotina.

O MP-SP diz ainda que os agentes fizeram a secagem e desinfecção dos bilhetes e que peritos do IC (Instituto de Criminalística) realizaram exames grafotécnicos e constataram que as mensagens foram escritas pelos sete acusados.

Réus alegam inocência

Ouvidos em juízo, os réus foram unânimes em afirmar que não escreveram os bilhetes, não pertencem a facção criminosa e, portanto, jamais integraram a sintonia final do PCC ou qualquer outra célula da organização. Todos acrescentaram ser inocentes.

Os sete presos foram denunciados na Operação Echelon, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado), subordinado ao MP-SP, que desmantelou a célula do PCC chamada de "sintonia dos estados e países".

Na ocasião foram cumpridos 75 mandados de busca e apreensão e presas 51 pessoas. A célula tinha atuação em 14 estados e países vizinhos, como Paraguai e Bolívia. As ordens para a prática dos crimes, diz o MP, partia dos sete integrantes da "sintonia final".

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Na sentença, o juiz Deyvison Herberth dos Reis observou que "ficou demonstrado o envolvimento dos réus com a organização criminosa PCC, que possui em sua estrutura o "Tribunal do Crime", que julga e executa os indivíduos considerados traidores da facção".

Na avaliação do magistrado, os réus têm péssimos antecedentes e "integram organização que configura verdadeiro estado paralelo, atuando severamente na prática de diversos crimes graves, como roubos, tráfico de drogas, homicídios, latrocínios (roubos seguidos de morte) e sequestros".

Reportagem

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