Fugitivos de Mossoró (RN) não conseguiram escapar de prisão comum no Acre
"Dessa vez, não deu certo, mas nós vamos continuar tentando até conseguir". A frase proferida por Rogério Mendonça da Silva, em 24 de julho de 2013, durante tentativa de fuga em presídio comum em Rio Branco, no Acre, foi o prenúncio do que aconteceria 11 anos depois, em Mossoró (RN).
Eram 11h30. Rogério, o fiel comparsa, Deibson Cabral Nascimento, e outros quatro presos tentaram fugir da Unidade de Regime Fechado 02, em Rio Branco. Os prisioneiros já tinham serrado as grades das celas 2, 10, e 11 do pavilhão 6.
O presídio estadual —bem diferente das modernas unidades federais— não era de segurança máxima e não tinha câmeras de vigilância nem alarmes, muito menos detectores de metal e scanners corporais. Mas os agentes penitenciários estavam atentos e frustraram a ação dos prisioneiros.
Um funcionário ouviu barulho no solário de uma das celas e imediatamente acionou os colegas. A grade da cela 2 já estava arrancada. O pavilhão 6 foi interditado e os presos, alojados no pavilhão 1. Por medida de segurança, todas as celas dos demais pavilhões foram minuciosamente inspecionadas.
Os agentes encontraram dois pedaços de serra na cela 602 e outro na cela 610. Os presos envolvidos na tentativa de fuga foram algemados, acorrentados e conduzidos à Delegacia de Policia Civil da 1ª Região, em Rio Branco.
O então coordenador de segurança do presídio, Francisco das Chagas de Oliveira Souza, prestou depoimento e contou ter ouvido Rogério dizer ao preso Arthur Ramoile Alves da Silva que a fuga não tinha dado certo, mas que eles não desistiriam e continuariam tentando.
Tentaram fugir várias vezes
Rogério e Deibson tentaram fugir outras vezes da Unidade de Regime Fechado 02 de Rio Branco e de outros presídios do Acre. Não conseguiram. Participaram de rebeliões com mortes e acabaram transferidos para penitenciárias federais. A última foi para Mossoró, em setembro do 2023.
A frase de Rogério foi um prenúncio. Ele e Deibson fugiram da Penitenciária Federal de Mossoró, na madrugada do dia 12. A unidade, considerada de segurança máxima, foi construída com equipamentos modernos justamente para evitar fugas.
Diferentemente da Unidade de Regime Fechado 02 de Rio Branco, o presídio de Mossoró tem mais de cem câmeras de vigilância, detectores de metal, alarmes, cerca elétrica, parlatórios com vidros blindados, e o número de funcionários é bem maior do que o de presos.
Mesmo com todo esse aparato sofisticado de segurança, Rogério e Deibson escaparam de Mossoró. A fuga foi mais vexatória ainda porque ambos estavam isolados em RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) e sem sair das celas individuais havia cinco meses.
Ao menos 500 agentes das forças de segurança com o uso de 11 helicópteros, cães farejadores e drones continuavam à caça dos foragidos. As buscas aos dois fugitivos, integrantes do CV (Comando Vermelho), entraram no sexto dia. Até a conclusão deste texto, a dupla permanecia driblando a polícia.
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