Indígenas ocupavam área no entorno do Maracanã desde 2006
A polêmica disputa pelo terreno no qual está situado o antigo Museu do Índio, no entorno do Maracanã --que será o principal estádio da Copa do Mundo no Brasil, em 2014--, no Rio de Janeiro, começou em outubro de 2012. Os indígenas, que foram despejados nesta sexta-feira (22) em cumprimento a uma decisão da Justiça federal, ocupavam o local desde 2006. Os ocupantes queriam que o local se transformasse em um centro cultural.
O processo de reintegração de posse teve cenas de violência nesta sexta-feira (22). O BPChoque (Batalhão de Choque da Polícia Militar) invadiu o local para retirar os índios e manifestantes que se recusaram a sair. A polícia utilizou spray de pimenta e bombas de efeito moral para dispersar a mobilização. Manifestantes chegaram a jogar pedras nos policiais.
No ano passado, o governador Sérgio Cabral anunciou que a área da Aldeia Maracanã seria integrada ao complexo esportivo que está sendo construído em face do Mundial e dos Jogos Olímpicos de 2016. O imóvel, que estava abandonado e pertencia à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), foi comprado pelo Executivo fluminense por R$ 60 milhões, em julho de 2012.
Desde então, com o apoio de defensores públicos, representantes de partidos políticos e membros da sociedade civil, os índios deram início a uma mobilização para evitar que o prédio fosse demolido.
Na visão deles, os valores culturais e patrimoniais do imóvel --onde funcionou o Museu do Índio, hoje em Botafogo, na zona sul, de 1910 a 1978-- não foram respeitados. Após batalha judicial, a DPU (Defensoria Pública da União) conseguiu uma liminar, em janeiro deste ano, impedindo a demolição. Com isso, o governo do Rio desistiu do projeto original e anunciou que o imóvel será revitalizado para receber um museu do COB (Comitê Olímpico Brasileiro).
De acordo com o primeiro projeto, o Maracanã seria privatizado e a empresa que ganhasse a concessão deveria modernizar as áreas no entorno do estádio. Seriam construídos um estacionamento com 2.500 vagas, uma área de mobilidade (para facilitar chegada e saída de torcedores) e um grande centro comercial.
Em janeiro, Cabral afirmou que "chamar aquilo de aldeia indígena é um deboche". Na visão do governador, a ocupação do antigo prédio do Museu do Índio era, na verdade, uma "ação política".
"As pessoas que estão ali ocupam aquilo ali não é desde 1506, ou de 1406, ou de 1606, ou de 1706, ou de 1806, ou de 1906. Elas ocupam aquilo ali desde 2006, portanto é uma invasão recente. Chamar aquilo de aldeia indígena é um deboche. Aquele prédio nunca foi tombado, nem pelo Patrimônio Histórico Federal, nem pelo Patrimônio Histórico Estadual, nem pelo Patrimônio Histórico Municipal. Aquilo é uma ação política, que se tenta impedir algo que vai servir a milhões de brasileiros, que é ter um novo Maracanã, uma nova área de mobilidade", disse.
Novo centro cultural
Em contrapartida ao despejo dos moradores da Aldeia Maracanã, que não reconhecem o atual Museu do Índio como um centro de referência legítimo, o governo estadual já havia sugerido a construção de um espaço de preservação cultural indígena no terreno onde atualmente está a estrutura desativada do presídio Evaristo de Moraes, conhecido como Galpão da Quinta, no parque da Quinta da Boa Vista, na zona norte. Outra alternativa seria construir o centro em Jacarepaguá, na zona oeste.
Na quinta-feira (21), o secretário de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos, Zaqueu Teixeira, afirmou que as obras de demolição do Galpão da Quinta vão começar dentro de um ano e que a construção do centro de referência indígena levará cerca de seis meses. Segundo ele, isso faz parte da decisão judicial que obrigava a saída dos índios do prédio ao lado do Maracanã.
“O documento foi assinado por mim e pelo governador [Sérgio Cabral]. Ele foi entregue à Justiça Federal e, a qualquer momento, caso não haja cumprimento, pode se ter uma ação obrigando [a execução de] aquilo que foi apresentado à Justiça. Então, eu não tenho dúvidas do cumprimento disso. Nossa expectativa é que, até o final deste governo, entregaremos o centro de referência indígena. Demolido o presídio, é uma garantia [que a obra estará pronta em 2014]”, disse Zaqueu. (Com Agência Brasil)
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