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Mulher é morta em casa na frente do filho em favela com UPP no Rio

Do UOL, no Rio

27/10/2013 11h15Atualizada em 27/10/2013 13h04

Uma mulher foi morta na madrugada deste domingo (27) na porta de casa, na avenida Miguel Salazar Mendes de Moraes, que fica na Cidade de Deus, zona oeste do Rio de Janeiro. Lúcia Araújo Moraes Peixoto, 32, foi assassinada com três tiros na frente do filho.

A Cidade de Deus é ocupada por uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) desde fevereiro de 2009. Há dez dias, um policial da UPP foi morto durante uma abordagem a suspeitos na comunidade.

Segundo informações da Polícia Civil, a família de Lúcia já foi ouvida por policiais da DH (Divisão de Homicídios), e vizinhos da vítima devem depor ainda hoje. O local foi periciado ainda durante a madrugada, e o corpo foi levado para o IML (Instituto Médico Legal).

Lúcia teria se desentendido com a mulher de um traficante dias antes do crime. Até o momento, ninguém foi preso e a polícia busca por testemunhas que ajudem nas investigações.

Casos de violência em UPPs

Cena comum em favelas dominadas pelo tráfico no Rio de Janeiro, o comércio fechado após confronto entre homens armados e a Polícia Militar, na UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) do Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, zona sul da cidade, na manhã de quinta-feira (24), após a morte de um homem no conflito, foi apenas um de uma série de episódios relacionados à violência em UPPs da capital fluminense.

Para a professora Sonia Fleury, coordenadora do Programa de Estudos sobre a Esfera Pública da Ebape/FGV (Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getúlio Vargas), o que aconteceu no morro Pavão-Pavãozinho, assim como casos similares na Rocinha ou no Complexo do Alemão, por exemplo, demonstra que o medo ainda faz parte da vida de moradores de comunidades com UPPs do Rio, que, segundo ela, sentem-se inseguros por saberem que traficantes de drogas continuam a atuar nessas localidades.

Na UPP da Rocinha, em São Conrado, zona sul da cidade, inaugurada em setembro do ano passado, a investigação sobre o desaparecimento do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, 43, em julho, revelou que ele foi vítima de tortura praticada por policiais da própria unidade. O MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) denunciou 25 PMs pelo crime, que provocou protestos em toda a cidade. Por conta da repercussão do caso, vieram à tona outras denúncias feitas por moradores da favela ao MP envolvendo mais de 20 vítimas de tortura praticados pelos PMs da UPP.

Na última quinta-feira (17), moradores da UPP de Manguinhos, na zona norte do Rio, protestavam contra a morte de um rapaz de 18 anos na comunidade, e policiais da unidade utilizaram armas de fogo durante a manifestação. Uma jovem levou um tiro na perna durante o ato. A família de Paulo Roberto Pinho de Menezes, 18, aponta os PMs da UPP como responsáveis pelo óbito do rapaz.

Um dia depois, dois PMs da UPP instalada no Complexo do Alemão foram baleados durante troca de tiros com homens suspeitos de envolvimento com o tráfico de drogas. Uma UPP foi instalada no local em maio de 2012, mas casos de violência ainda são frequentes na comunidade.

Em maio, o tráfico de drogas impôs toque de recolher obrigando comerciantes do Alemão e da Penha e escolas da região a fecharem suas portas. Segundo especialistas ouvidos pelo UOL, a ocorrência sinaliza que o processo de pacificação em curso no conjunto de favelas ainda não está completo e que a política de enfrentamento adotada pelo Estado está prestes a atingir o seu limite. (Com BandNews)