Cães farejadores e câmera térmica: quais as táticas usadas pelos bombeiros após prédio desabar
Nas primeiras 48 horas após o desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida, no centro de São Paulo, nesta terça-feira (1º), a estratégia do Corpo de Bombeiros tem um único objetivo: tentar encontrar sobreviventes ou corpos de vítimas sob os escombros.
“É como se a gente estivesse comendo pelas beiradas, me desculpe por usar uma expressão tão informal”, explica o primeiro-tenente Guilherme Derrite, porta-voz do Corpo de Bombeiros. “Como se fosse um prato de sopa quente em que a gente vai das bordas para o centro.”
O prédio de 24 pavimentos pegou fogo e veio abaixo por volta das 2h20 da madrugada. Ao menos 118 famílias moravam no local, ocupado por pessoas que não têm casa, e foram cadastradas pela Prefeitura de São Paulo para receberem 12 meses de auxílio-aluguel.
Na manhã desta quarta-feira (2), os bombeiros informaram que buscavam por 44 desaparecidos. O número corresponde ao total de pessoas que não foram localizadas após a tragédia, mas não significa que todos estavam no prédio quando ele desabou. Até o momento, é certo que apenas uma pessoa, que estava sendo resgatada no momento em que o prédio veio abaixo, está nos escombros.
Entre as táticas usadas pelas equipes de salvamento nesses dois primeiros dias, o uso de uma câmera térmica pode ter duas funções: identificar silhuetas de pessoas e animais, pela irradiação de calor de seus corpos, quando há muita fumaça no local; ou verificar a temperatura nos lugares onde ainda podem existir focos de incêndio.
Derrite afirma que esta segunda situação é a que ocorre em São Paulo. “Nos locais onde a temperatura é mais alta, a gente recebe essa informação pela câmera, em graus centígrados, e centraliza os esforços de resfriamento nessas zonas quentes. Depois disso, os cães farejadores podem entrar sem problema.”
A participação de cães farejadores é outra etapa do trabalho nos escombros. Em São Paulo, o Corpo de Bombeiros tem sete animais, sendo que três ainda são filhotes e estão em treinamento. Os quatro adultos foram usados nesta terça-feira, dois durante o dia e dois durante a noite.
A primeira ação do Corpo de Bombeiros é estabelecer um posto de comando, que fica encarregado de definir as frentes de combate. Por exemplo, onde serão instalados os pontos de resfriamento, com o uso de canhões que jorram 3.700 litros de água por minuto, sem interrupção. Quatro chegaram a ser utilizados.
A ação de rescaldo em São Paulo teve até 130 bombeiros em ação simultaneamente, com 53 veículos da corporação, a maioria caminhões. Além de remover escombros com as próprias mãos, os bombeiros usam ainda um equipamento de eletrocorte portátil, que permite cortar placas e pilastras de metal e de concreto.
“Não é possível estimar quanto pesa o material que restou do prédio, mas são toneladas e toneladas de concreto. Vamos levar uma semana pelo menos para retirar tudo”, afirma o porta-voz dos bombeiros.
A retroescavadeira, que já está no local, só será usada numa próxima fase, quando não restarem dúvidas de que haja vítimas sob os escombros. Por enquanto, o equipamento só está sendo usado no entorno do desabamento.
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