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Cães farejadores e câmera térmica: quais as táticas usadas pelos bombeiros após prédio desabar

Câmera térmica usada para identificar áreas que podem conter focos de incêndio - Jardiel Carvalho/Folhapress
Câmera térmica usada para identificar áreas que podem conter focos de incêndio Imagem: Jardiel Carvalho/Folhapress

Gabriela Fujita

Do UOL, em São Paulo

02/05/2018 04h00Atualizada em 02/05/2018 12h52

Nas primeiras 48 horas após o desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida, no centro de São Paulo, nesta terça-feira (1º), a estratégia do Corpo de Bombeiros tem um único objetivo: tentar encontrar sobreviventes ou corpos de vítimas sob os escombros.

“É como se a gente estivesse comendo pelas beiradas, me desculpe por usar uma expressão tão informal”, explica o primeiro-tenente Guilherme Derrite, porta-voz do Corpo de Bombeiros. “Como se fosse um prato de sopa quente em que a gente vai das bordas para o centro.”

1ŗ.mai.2018 - Bombeiros atuam em meio aos escombros de edifķcio em SP - Ricardo Bastos/Fotoarena/Estadćo Conteśdo - Ricardo Bastos/Fotoarena/Estadćo Conteśdo
Bombeiros usam jato de água para esfriar área após incêndio e desabamento em SP
Imagem: Ricardo Bastos/Fotoarena/Estadćo Conteśdo

O prédio de 24 pavimentos pegou fogo e veio abaixo por volta das 2h20 da madrugada. Ao menos 118 famílias moravam no local, ocupado por pessoas que não têm casa, e foram cadastradas pela Prefeitura de São Paulo para receberem 12 meses de auxílio-aluguel.

Na manhã desta quarta-feira (2), os bombeiros informaram que buscavam por 44 desaparecidos. O número corresponde ao total de pessoas que não foram localizadas após a tragédia, mas não significa que todos estavam no prédio quando ele desabou. Até o momento, é certo que apenas uma pessoa, que estava sendo resgatada no momento em que o prédio veio abaixo, está nos escombros.

Entre as táticas usadas pelas equipes de salvamento nesses dois primeiros dias, o uso de uma câmera térmica pode ter duas funções: identificar silhuetas de pessoas e animais, pela irradiação de calor de seus corpos, quando há muita fumaça no local; ou verificar a temperatura nos lugares onde ainda podem existir focos de incêndio.

1º.mai.2018 - Bombeiros utilizam uma escada especial para fazer o rescaldo de incêndio em SP - Alan Morici/Framephoto/Estadão Conteúdo - Alan Morici/Framephoto/Estadão Conteúdo
Bombeiros usam escada especial em meio a colunas de fumaça após incêndio em SP
Imagem: Alan Morici/Framephoto/Estadão Conteúdo

Derrite afirma que esta segunda situação é a que ocorre em São Paulo. “Nos locais onde a temperatura é mais alta, a gente recebe essa informação pela câmera, em graus centígrados, e centraliza os esforços de resfriamento nessas zonas quentes. Depois disso, os cães farejadores podem entrar sem problema.”

A participação de cães farejadores é outra etapa do trabalho nos escombros. Em São Paulo, o Corpo de Bombeiros tem sete animais, sendo que três ainda são filhotes e estão em treinamento. Os quatro adultos foram usados nesta terça-feira, dois durante o dia e dois durante a noite.

A primeira ação do Corpo de Bombeiros é estabelecer um posto de comando, que fica encarregado de definir as frentes de combate. Por exemplo, onde serão instalados os pontos de resfriamento, com o uso de canhões que jorram 3.700 litros de água por minuto, sem interrupção. Quatro chegaram a ser utilizados.

1º.mai.2018 - Bombeiros trabalham durante a noite na retirada de entulhos - Marcelo Justo/UOL - Marcelo Justo/UOL
Trabalho noturno do Corpo de Bombeiros no local onde um prédio desabou em SP
Imagem: Marcelo Justo/UOL

A ação de rescaldo em São Paulo teve até 130 bombeiros em ação simultaneamente, com 53 veículos da corporação, a maioria caminhões. Além de remover escombros com as próprias mãos, os bombeiros usam ainda um equipamento de eletrocorte portátil, que permite cortar placas e pilastras de metal e de concreto.

“Não é possível estimar quanto pesa o material que restou do prédio, mas são toneladas e toneladas de concreto. Vamos levar uma semana pelo menos para retirar tudo”, afirma o porta-voz dos bombeiros.

A retroescavadeira, que já está no local, só será usada numa próxima fase, quando não restarem dúvidas de que haja vítimas sob os escombros. Por enquanto, o equipamento só está sendo usado no entorno do desabamento.

Entenda como bombeiros trabalham nos escombros

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